Mães podem
amamentar? Obstetra atualiza informações sobre como fica a situação das
gestantes diante da Covid-19, quais são as orientações para a hora do parto e
outras medidas que podem ser tomadas na retomada de atividades
Dra. Mariana Rosário |
Dra. Mariana Rosario, ginecologista,
obstetra e mastologista, diz que a amamentação é uma escolha que deve ser bem
avaliada entre a mãe, o obstetra e o pediatra, com alternativas que não impedem
inclusive a mãe com a Covid-19 de amamentar. Em relação à retomada de
atividades, um alerta: gestantes que podem, devem continuar em casa
Gradualmente,
os municípios paulistas entrarão nas fases do Plano São Paulo, que determina a
retomada das atividades econômicas conforme a pandemia se dissipa ou se agrava.
Por enquanto, a capital paulista está classificada na Fase 2 – Laranja, que é
de alerta, tendo o comércio, incluindo os shoppings, com abertura com
restrições programada para iniciar-se na segunda-feira, dia 1º de junho.
Muitas
pessoas terão medo de se exporem a uma possível contaminação por coronavírus e
continuarão praticando o isolamento social. A Dra. Mariana Rosario,
ginecologista, obstetra e mastologista, tem um recado importante para as
gestantes, para quem acabou de dar à luz e, também, para quem pretende
engravidar: “É preciso continuar com o isolamento social, pelo maior tempo que
for possível”, diz ela.
A
médica explica que as grávidas são naturalmente imunodeprimidas, pela própria
condição da gravidez. “O corpo humano baixa a imunidade da mulher para que ela
não crie anticorpos que rejeitem o feto, um ‘corpo estranho’ que está em
desenvolvimento. Por isso, ela tem baixa imunidade. Trata-se de um período em
que o organismo fica propenso a adquirir doenças virais e bacteriológicas com
mais facilidade e também não consegue combatê-las adequadamente. Como as
gestantes não podem ser tratadas com medicamentos comuns, porque a maioria
deles não foi testada nesta população, é difícil tratar algumas doenças sem
causar mal ao bebê. Imagine num caso como o do coronavírus, que não tem nem
sequer medicamento próprio ainda! Então, o melhor conselho é evitar a
contaminação”, alerta a obstetra, que é membro do corpo clínico do hospital
Albert Einstein e pesquisadora da Faculdade de Medicina do ABC.
Como
algumas mulheres obrigatoriamente devem voltar ao trabalho, a médica aconselha
a adoção de medidas preventivas. “O uso de máscara é obrigatório. Deve-se
trocá-la a cada quatro horas, em ambiente fechado, e sempre que se sair à rua
ou usar transporte coletivo. Outros protocolos, como lavar as mãos
constantemente e fazer o uso do álcool em gel devem ser seguidos com rigor,
para que se evite a contaminação”, informa.
Para
ela, é arriscado ir a locais de grande circulação de pessoas, como aos
shoppings e comércio de rua. “O contato com outras pessoas pode oferecer
riscos. É preciso evitá-lo, ainda é cedo para se expor, se não houver extrema
necessidade”, aconselha.
Pré-natal,
parto e amamentação
Apesar
de o conselho ser o de ficar em casa, o pré-natal e os exames das gestantes não
podem ser interrompidos. Por isso, a Dra. Mariana segue um protocolo, em seu
consultório, que permite que elas sejam atendidas:
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As consultas são realizadas com intervalo de 1h00 a 1h30, o suficiente para que
haja toda a higienização do ambiente.
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Apenas a médica e uma assistente recebem a gestante, que é aconselhada a ir sem
acompanhantes – ou com apenas uma pessoa.
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A Dra. Mariana atende usando máscara, face shield e paramento médico (aventais
especiais), já que circula por hospital, na realização de partos, e essa medida
serve para evitar a contaminação das pacientes.
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No próprio consultório, a médica já realiza o ultrasson, de maneira a minimizar
a ida a laboratórios.
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Se for preciso colher exames laboratoriais, ela aconselha as gestantes a
marcarem horários em laboratórios que sejam mais vazios e informarem da
gestação.
“A
ideia é que as gestantes não precisem procurar hospitais. Por isso, meu
consultório e celular ficam à disposição, caso elas precisem de algum
atendimento emergencial”, diz a especialista.
Em
relação à hora do parto, Dra. Mariana Rosario diz que existem hospitais que são de atendimento exclusivo para
gestantes, ou seja, são 100% maternidades. Nesse caso, a possibilidade de haver
pacientes portadores de coronavírus sendo tratado ali é menor – mas, não é
inexistente, já que as próprias gestantes podem estar com a Covid-19 e passar
pelo trabalho de parto. Por isso, mesmo nesses estabelecimentos, é preciso ter
todo o cuidado e obedecer ao protocolos do Ministério da Saúde (MS) e do
próprio hospital. “O que tem sido feito, na maioria dos hospitais, é a
limitação de pessoas na sala de parto. No começo da pandemia, cheguei a
realizar partos com a sala vazia: éramos eu, a paciente e o (a) acompanhante
dela. Sem doula, sem enfermeira, sem ninguém. Agora, alguns hospitais começam a
permitir a entrada da doula e de enfermeira – varia conforme o protocolo do
hospital”.
Nos
hospitais que têm atendimento misto, com hospital geral e maternidade, as alas
costumam ser bastante separadas, então, o protocolo é o mesmo, porque muitas
mulheres têm o vírus e precisam dar à luz. Quando a mulher está com a Covid-19
e vai dar à luz, ela passa todo o parto de máscara – e todos os profissionais,
também. Quando ela não tem o vírus, todos os profissionais usam máscara, mas
ela não precisa.
Assim
que o bebê nasce, ele é colocado sobre a mãe, para que se reconheçam. E, então,
o bebê mama. Mas, como isso acontece, em plena pandemia?
A
boa notícia é que não foi encontrada a presença do coronavírus em amostras do
leite materno. E, como esse alimento é o mais completo do mundo, cheio de
anticorpos, é imprescindível que ele seja ofertado ao recém-nascido, como
exclusividade, até os seis meses de vida. A gestante pode optar em amamentar
seu bebê usando máscara e depois de toda a assepsia corporal ou, ainda, de
fazer a ordenha e pedir a alguém que amamente o bebê com uma mamadeira.
E,
voltando ao momento do parto, se a mãe não tiver o coronavírus, ela recebe seu
bebê normalmente, assim que ele nasce. E, se ela tiver a Covid-19, o médico
decidirá como agir. “No meu caso, se ela estiver de máscara, com segurança, eu
acredito que ela possa segurar seus filhos nos braços”, informa a médica.
Afinal,
a gestante passa o coronavírus para seu bebê?
Não
existe nenhum caso comprovado de transmissão vertical de coronavírus, ou seja,
de nenhuma gestante que tenha transmitido o vírus para o feto. Na cidade
chinesa de Wuhan, onde surgiram os primeiros casos de Covid-19, foram
detectados quatro casos de recém-nascidos com coronavírus. Todos os bebês
passaram por partos cesariana e a conclusão dos médicos é que foram infectados
no parto – e não durante a gestação. Deles, três foram separados das mães ao nascer
– apenas um ficou sob os cuidados da mãe.
Todos
os bebezinhos tiveram sintomas leves, nenhum precisou de internação ou
ventilador. Segundo os pesquisadores, a transmissão intrauterina ainda não pode
ser descartada, mas nenhum caso foi confirmado.
Dra. Mariana Rosario finaliza dizendo
que é importante alertar que a gestação pode se complicar na presença da
Covid-19. Existem relatos de casos em que foram necessários realizar partos
emergenciais, prematuros, para que as mães pudessem ser sedadas e entubadas.
Por isso, é necessário que as mães tenham todo o cuidado, ficando em casa o
máximo de tempo possível, ainda que haja flexibilização na quarentena.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista,
Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
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