Uma
coisa é fato: as estratégias das empresas estão sempre com foco no digital,
principalmente durante o momento em que estamos vivendo, em que os recursos
digitais estão verdadeiramente salvando a nossa pele. Falamos tanto na famosa
revolução digital, mas como ficam as pessoas idosas nesse momento?
Em
março, as buscas por “como fazer compras on-line” cresceram 198% no Brasil, de
acordo com dados internos do Google. Muitas vezes, deixamos de considerar os
hábitos dos mais analógicos, mas essa informação deixa claro que nem todo mundo
sabe fazer uma compra na internet. Com o objetivo de ajudar o público da
terceira idade, principalmente durante a pandemia, algumas marcas, como Itaú e
Banco do Brasil, fizeram alguns vídeos tutoriais de como instalar o aplicativo,
ensinando a este público a utilizar seus canais digitais.
Esses
imigrantes digitais não mudaram seus hábitos de uma hora para a outra, eles
conheceram tarde a tecnologia e ainda não são muito próximos dela, por isso são
mais acostumados com o analógico. Essas pessoas usam a tecnologia pois são
“obrigadas” e não a encaram com naturalidade, pois obviamente está fora do que
estão acostumados. Não é o seu habitat natural. É muito mais confortável ir
presencialmente a um banco resolver os problemas do que baixar um aplicativo e
conseguir navegar por ele, já que viveram a vida inteira sem internet. Como
assim agora, do nada, as empresas só funcionam com prioridade no digital, sem
sequer uma migração, uma transição?
Não
seria melhor falarmos em readequação e reeducação digital em vez de
transformação digital, pensando em inclusão? Afinal para essas pessoas, a
tecnologia representa até mesmo uma ameaça, já que as empresas que são nativas
digitais (compostas por um público que já nasceu em um ambiente digital) muitas
vezes não consideram os hábitos dos mais idosos. É o caso de empresas que do
nada passam a funcionar apenas por meio de aplicativos, com o uso de QR Codes
ou alguma outra tecnologia. Isso faz parte de uma transformação forçada, já que
muitas pessoas ainda não têm esses costumes e precisam de tempo para
conseguirem se readequar aos novos modelos de negócios.
Ao
terem uma experiência ruim com o digital, logo param de considerar seu uso e só
usam se forem obrigados, já que pensam que isso não é para eles. Essa é uma
tamanha responsabilidade para os profissionais estrategistas digitais: como
fornecer uma boa experiência a este público, desacostumado com o digital, mas
que ao mesmo tempo quer fazer compras on-line?
Pense
em ferramentas intuitivas. Se você gera conteúdo na internet, não desconsidere
este público que carece de informações mais claras e especificas. Cuidado
também com o excesso de informações e poluição visual, que pode confundir ainda
mais. Vale a regra da experiência do usuário: quanto menos cliques o usuário
precisar dar para cumprir com um objetivo, melhor. E se você tem idosos por
perto, tire um tempinho do seu dia para acompanhar a navegação deles na
internet e perceba como seu comportamento é diferente dos nativos digitais.
Pensando
em tendências para o futuro, os assistentes virtuais por voz podem ser úteis no
auxílio de pessoas com pouca intimidade com a web. Precisamos pensar mais na
inclusão.
Maria
Carolina Avis - professora do curso de Marketing Digital do Centro
Universitário Internacional Uninter
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