Lidar com restrição social, cuidados com a saúde mental, envelhecimento
planejado e controle das doenças inerentes à idade avançada são desafios para
enfrentar o período
A nova realidade enfrentada desde que a Organização Mundial da Saúde
(OMS) declarou a pandemia da COVID-19 tem acarretado uma série de
transformações que vieram para ficar no cotidiano de todas as pessoas,
especialmente as idosas, enquanto não é desenvolvida uma vacina contra a
doença.
Por isso é preciso começar a se preparar para essa nova realidade, cuja
principal mudança é a necessidade de se habituar ao distanciamento social
ampliado. Fundamental para controlar a propagação do coronavírus, o
distanciamento social pode ser a causa daquilo que tem sido chamado de quarta
onda, ou seja, uma leva de pacientes diagnosticados com doença mental em função
do isolamento prolongado.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) reitera que
adotar cuidados com a saúde mental está entre as principais medidas a serem
adotadas para o período pós-pandemia. Isso porque, além de ser a população mais
atingida por esse tipo de doença, os idosos também representam uma das faixas
etárias mais vulneráveis ao desenvolvimento de quadros graves de depressão,
especialmente neste momento, seja pela necessidade de distanciamento social,
seja pelo enfrentamento do luto que muitas famílias têm passado.
“O distanciamento social pode mascarar sintomas de depressão na medida
em que força as pessoas a se manterem isoladas dentro de casa e perderem
controle sobre sua rotina, tais como alimentação, sono, realizar menos
atividades físicas e de lazer e também terem menos contato com amigos e
familiares que poderiam lhes ajudar com as dificuldades”, afirma a psicóloga,
especialista em Gerontologia e membro da diretoria da SBGG, Valmari Aranha.
Outro ponto trazido à tona pela pandemia é a necessidade de se adotar
cuidados para um envelhecimento planejado que possibilite aumentar a
expectativa de uma vida saudável e com qualidade de vida. Nesse sentido é
importante que a população idosa esteja atenta a um envelhecimento ativo
conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mais do que envolver cuidados integrais multidisciplinares, uma
alimentação balanceada e prática de exercícios físicos, um envelhecimento ativo
precisa contemplar uma participação contínua nas questões sociais,
econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar
fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho.
“Medidas como essa ajudam a minimizar o impacto do processo natural do
envelhecimento, conhecido como imunossenescência, que diminui a capacidade do
sistema imunológico e, de modo geral, se reflete em um aumento da incidência de
doenças infectocontagiosas em idosos”, afirma a médica geriatra e Coordenadora
da Comissão Especial COVID 19 da SBGG Maisa Kairalla.
Além disso, é preciso que esta população esteja consciente da
necessidade de tomar cuidados redobrados com as doenças já existentes,
respeitando os tratamentos e consultando regularmente seu medico para ter mais
controle sobre essas doenças, pois os idosos com comorbidades são os que sofrem
mais, como por exemplo, diabéticos, doentes cardíacos e pulmonares. “Com o
coronavírus, é preciso uma atenção maior de pessoas cujo pulmão está mais debilitado,
por exemplo”, conclui a médica geriatra, referindo-se ao fato de que a
COVID-19 pode causar complicações pulmonares graves.
SBGG
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
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