Informalidade e desigualdade urbana sãos as
principais causas
Escuta-se
desde o início da pandemia no Brasil, quais são as medidas de prevenção
recomendadas para conter o novo coronavírus – usar máscara e álcool em gel,
lavar as mãos e o rosto com frequência e praticar o distanciamento social. Mas
nem todas essas práticas estão ao alcance de moradores de comunidades e
periferias das cidades.
Grande
parte desta população tem dificuldades de acesso aos produtos que garantem a
desinfecção. Ficar em casa muitas vezes não é uma opção, por trabalharem pelo
sustento diariamente, além disso, as moradias geralmente têm poucos cômodos e o
abastecimento de água é intermitente.
“Várias
são as dificuldades para a contenção, em síntese podemos dizer que a
impossibilidade de manter o distanciamento social, a falta de uma renda fixa ou
até mesmo dos benefícios para a sobrevivência, são as principais dificuldades
para controlar a doença na periferia”, explica Cristiano Caveião, doutor em
enfermagem e coordenador da área da saúde do Centro Universitário Internacional
Uninter.
O
professor reforça que mesmo com dificuldade é importante manter ações de prevenção.
“Manter hábitos de higienização frequente das mãos com água e sabão, evitar
aglomerações e saídas de suas residências, deixar os ambientes ventilados e
também intensificar a higiene da residência”, comenta.
Mulheres
são as mais vulneráveis
No
fim de abril, o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) recomendou,
em um relatório, que os governos adotem políticas de assistência específicas
para os segmentos mais vulneráveis socialmente, principalmente mulheres
residentes em periferias e favelas.
Segundo
o levantamento elas necessitam desta assistência uma vez que formam a linha de
frente do trabalho de cuidado não remunerado de familiares e amigos. Destacou
também que o grupo é predominante em atividades remuneradas com maiores riscos
de contágio — as mulheres correspondem a 80% e 90% das enfermeiras, técnicas de
enfermagem e cuidadoras, além de faxineiras e domésticas.
Evolução
da pandemia
Para
Caveião, a pandemia ainda não evoluiu em todo o país, muitas pessoas precisarão
dos serviços de saúde e não encontrarão recursos nestes locais para o
atendimento necessário. “Muitos não estão levando a sério o isolamento e
transitam sem nenhum cuidado, outros saem de suas residências porque são
obrigados, para conseguirem o seu sustento e de sua família. Viveremos em
períodos alternados de distanciamento social e retorno das atividades”, afirma.
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