Pesquisadores da
MAPA Avaliações explicam nova onda de doenças mentais causadas pelos efeitos do
novo coronavírus
Sem precedentes na história moderna, a crise
instaurada em decorrência do novo coronavírus não deverá se restringir aos
sintomas físicos. Apesar das milhares de vítimas fatais por todo o mundo, os
especialistas em saúde mental já sinalizam para uma nova onda: as doenças
psicológicas como ansiedade, depressão e síndrome de Burnout, que virão após a
pandemia.
Pesquisadores da MAPA Avaliações, empresa que se
dedica ao estudo e desenvolvimento de ferramentas e metodologias de avaliação
psicológica, alertam que mesmo antes da pandemia, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) já colocava o Brasil como o país com o maior número de pessoas
ansiosas do mundo, sendo 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da
população convivem com o transtorno.
“Infelizmente, o Brasil é o líder mundial na
patologia, apresentando números três vezes maiores que a média mundial. O
isolamento social, medo, incerteza com o futuro, mudança no ritmo das relações
sociais, familiares e de trabalho, são fatores que podem elevar os números”,
explica a psicóloga Nayara Teixeira, gerente técnica na MAPA Avaliações.
A especialista, que é pós-graduada em Psicologia do
Trabalho, adianta que o retorno à rotina de trabalho nas empresas, comércios e
indústrias poderá gerar um outro choque de realidade.
Com mais de 10 anos de experiência em Recursos
Humanos, dedicados à implantação e realização de programas de qualidade de vida
para colaboradores, recrutamento e seleção, Nayara revela que esse retorno ao
ambiente antigo pode disparar gatilhos para as doenças.
“Muitos sentem pânico relacionados à sensação de
confinamento, gerando fobias e gatilhos em pessoas diagnosticadas e que já
fazem tratamento para controle de patologias como a ansiedade. Ao retornar,
eles poderão sofrer recaídas”.
Um estudo da Sociedade Chinesa de Psicologia
descobriu, em fevereiro, que 42,6% dos 18.000 cidadãos chineses testados
apresentavam sintomas de ansiedade relacionada ao coronavírus. E 16,6% dos
14.000 examinados mostraram sinais de depressão em diferentes níveis de
gravidade.
Uma pesquisa de especialistas da Universidade de
Pequim, ainda não publicada, mas citada pela prestigiada revista Caixin e
revelada pelo jornal El País, constatou que de 311 profissionais de saúde que
trabalhavam na linha de frente da epidemia em Wuhan, um terço sofria de algum
tipo de problema psicológico.
Além de transtornos depressivos e de ansiedade, os
profissionais também podem desenvolver a síndrome de Burnout, muito comum
nesses casos. Causada pelo esgotamento físico e emocional, é um distúrbio
psíquico de caráter depressivo definido pelo psicólogo Herbert J. Freudenberger
como “um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente
ligada à vida profissional”.
O papel do RH após o
isolamento
Além do impacto na vida das pessoas, doenças
relacionadas à mente trazem preocupação e podem afetar o relacionamento com a
liderança e colegas de trabalho. Os números revelam que os transtornos mentais
ocasionados pela ansiedade já são a terceira razão de afastamentos do trabalho
no Brasil, sendo que os gastos giram em torno de R$ 200 milhões em pagamentos
de benefícios anuais, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Após a pandemia, os gestores e toda a equipe de
Recursos Humanos devem ficar atentos ao comportamento dos colabores, pois
colaboradores com ansiedade e depressão, podem ter sintomas ou crises
acentuadas. “Quando colaborador está com problemas relacionados à
saúde mental, a queda no ritmo de trabalho cai e, consequentemente, caem também
os resultados, impactando diretamente no crescimento da empresa e do
profissional. Isso, sem contar no quanto os relacionamentos no ambiente
corporativo podem ser prejudicados”, ressalta a gerente.
Ao retornar para as empresas com ambientes
fechados, como algumas indústrias e linhas de produção, alguns funcionários
poderão sentir um certo desconforto, pois ainda terão o receio de locais com
aglomeração devido a possibilidade de contágio do novo coronavírus.
“Os cuidados com a saúde e o bem-estar devem estar
em alta, sendo um tema abordado constantemente entre conversas e reuniões entre
a equipe, na comunicação institucional, nos grupos e até mesmo nas redes
sociais da empresa”, finaliza Nayara Teixeira.
Para o CEO da MAPA Avaliações, Luciano de Paula,
mais do que a ação emergencial na instalação do modelo home office, os recursos
humanos terão papel fundamental na jornada do trabalhador quando a pandemia
passar. “Muitos trabalhadores tiveram suas vidas profundamente afetadas, pois
tinham com o trabalho uma relação de razão de vida. Deles, foram tirados a
fonte da motivação, sustento, prazer e realização pessoal”, explica.
Segundo ele, para reduzir esses impactos, é
necessário que haja um trabalho em conjunto, para mitigação dos reflexos em
todos os aspectos. “Quem trabalha com saúde, trabalha feliz e,
consequentemente, trabalha melhor”, conclui.
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