Psicólogas do
Instituto Conecta oferecem recomendações de como as pessoas podem aproveitar
melhor a rotina da quarentena e evitar problemas psicológicos.
Apesar de todos saberem sobre a necessidade de
evitar qualquer aglomeração social para conter o novo coronavírus, controlar a
vontade de encontrar outras pessoas ou sair para eventos festivos ainda é uma
tarefa nova e difícil para muitas pessoas. No entanto, o isolamento faz parte
dessa cruzada contra o vírus e muitos países já tomaram medidas severas quanto
a isso. Paula Negrão e Fernanda Caielli, sócias-diretoras do Instituto Connecta,
avaliam que uma situação de quarentena afeta o ser humano pelo fato da redução
do contato interpessoal e pode trazer algumas causas emocionais.
“Pensei que as pessoas demorariam mais tempo para
sentirem-se isoladas. Mas, depois deste último final de semana, não sai do
whatsapp, hangout e Skype atendendo e orientando pessoas. Muita gente com
quadro de ansiedade, depressão e crises de pânico” cita
Fernanda.
No aspecto simbólico e emocional, o coronavírus
representa causas mais comuns. Primeiramente é a "perda de
controle", de sentirem que a situação fugiu do controle. “Quanto mais
a pessoa tende a ser controladora, mais forte esse sentimento de impotência. A
seguir aparece a solidão, pois, muitas vezes, não conseguirmos olhar para
dentro de nós mesmos. Simbolicamente, estar em casa é ter que arrumar a casa. É
preciso olhar para dentro, nem todos querem lidar com isso”,
complementa Paula. A especialista ainda enfatiza que é mais fácil para muitos
"não ter tempo e ficar sempre fora". Um sentimento que pode
intensificar a depressão em pessoas que já estavam assim antes da quarentena.
A terceiro causa é o aumento de estresse para quem
sente-se só e também para famílias que sentem-se enclausuradas, onde, de
repente, um pequeno espaço tem que ser compartilhado por várias pessoas e já
que ninguém pode sair, como em um grande Big Brother da vida. “As pessoas
se não souberem respeitar as individualidades e os espaços de cada um, irão
surtar, ou melhor, já estão literalmente surtando. Dentro deste prognóstico,
acabada a quarentena os relacionamentos acabariam também”, destaca
Caielli.
As psicólogas concluem que “há que ser
resiliente para suportar o momento e também empáticos com o próximo. Por
exemplo, não pensar que eu não posso sair de casa, mas, sim, que eu escolho
ficar em casa. Por mim (minha saúde) e pelo meu próximo também (já que posso
ser assintomático mas transmitir)”. Ambas profissionais atuam a
mais de 15 anos e recomendam algumas dicas para ajudar na quarentena:
1- Manter a rotina mesmo em
casa: o cérebro precisa de rotina, pois ele não lida bem
com quebras de rotina. Ex: Levantar na mesma hora, se arrumar, ter horário para
refeições e estudos. No caso das crianças e adolescentes manter rotinas ligadas
às atividades escolares, inclusive com atividades físicas adaptadas. Muitas
escolas estão com atividades virtuais e passaram tarefas, manter uma rotina
para que executem essas atividades;
2- Meditação: isso para ajudar a dominar as emoções, sobretudo a ansiedade;
3- Não exagerar na quantidade
de informações: o cérebro acredita em todas as informações que
recebe. Portanto, além da importância de fontes confiáveis para combater as
fake news, não exagerar na dose de informação por dia. "Muita gente vai
somatizar os sintomas sem estarem de fato doentes";
4- Praticar a positividade: compartilhar boas notícias, fotos, palavras de incentivo etc. Para
quebrar um pouco a tensão do momento e mudar o foco, perceber que muita coisa
continua acontecendo a nossa volta;
5- Estabelecer uma meta, um
objetivo e ter uma motivação: mesmo que em
quarentena "o que eu posso fazer já"? Ex: estudar à distância,
estabelecer contatos, emagrecer, etc.
Por fim, recomendam para “usar e abusar da
tecnologia para manter sempre o contato: comemorando aniversários, fazendo
reuniões de família e amigos. Mantendo-se ligado às pessoas”.
Instituto Connecta
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