Antes de mais
nada, vale ressaltar a atuação elogiável dos RH´s aqui no Brasil, no que tange
ao gerenciamento dessa crise pandêmica. Em sua maioria, atuaram de forma rápida
e eficiente, sugerindo home office aos colaboradores e divulgando informações
de prevenção em todos os níveis hierárquicos dentro das cias.
Empresas que já tinham cultura de trabalho remoto,
bem como processos bem definidos para que o dia a dia não fosse tão impactado,
largaram na frente. Isso faz toda a diferença. E essa é a correlação que
queremos fazer com o setor de novas contratações, em um cenário pós
Coronavírus: o planejamento e a previsibilidade serão as duas
palavras-chave.
Assim como aconteceu com a MP 927, que já foi
revogada, governo e empresários estão em busca de alinhamento e de soluções
entre empresas e funcionários, para tentar mantendo ao máximo o equilíbrio e
ajustar as expectativas de acordo com cada cenário. Acredito que teremos por aí
um contorno diferente das relações de trabalho, a partir de uma nova
perspectiva. A grande questão é que é preciso se reinventar para ser impactado
de maneira menos brusca pela crise do Coronavirus.
Obviamente, neste mês e, possivelmente, no próximo,
ao que tudo indica, salvo casos bem pontuais, alguma contratação irá ocorrer.
Talvez um processo que esteja avançado, uma substituição já planejada ou uma
oportunidade de trazer alguém que esteja disponível no mercado. Mas, antes de
se ter certeza sobre como o vírus irá se comportar em solo brasileiro, durante
nossa meia estação de outono (onde os picos de resfriados ocorrem), as
contratações, em sua maioria, deverão provavelmente, assim como nós, ficar em
quarentena (nesse caso - 40 dias mesmo e não 14).
A partir do momento em que a previsibilidade do
cenário aumenta (e isso envolve, sim, saber tomar os riscos na medida certa),
as empresas que rapidamente conseguirem repor os talentos nas áreas chave
largarão na frente (lembram de quem já tinha o plano de fazer home office antes
do COVID-19?). Teremos, talvez, pouco mais de um semestre para fazer o ano e
ninguém corre atrás do prejuízo se estiver com algum "buraco" de
talentos.
Em consultorias de recrutamento que possuem um
modelo digital e tecnológico de seleção, o contato social é zero. Ou seja, não
haverá risco algum de contágio. Você pode ter as pessoas certas, para o momento
certo, antes do avião decolar novamente. Aos mais céticos que questionam
não somente possíveis contratações, mas demissões, lanço uma reflexão: cuidado
com o custo duplo de precisar demitir e, em pouco tempo, contratar novamente.
Temos alguns exemplos que, historicamente, nos
trouxeram aprendizados, mas, para ficar somente com um caso recente, voltemos a
2009: após um contexto também globalizado de preocupação e pânico nas economias
mundiais, muitos, na ânsia de reduzir custos, olhando somente para o curto
prazo, fizeram demissões em massa, lembram?
Quando a famosa previsibilidade passou a ser favorável,
correram para disputar os melhores profissionais novamente. Resultado: salários
inflacionados, custo de adaptação para uma nova pessoa na equipe e alguns
meses até que os novos profissionais se integrassem com a cultura do grupo.
Isso quando seu concorrente não foi mais rápido que você e contratou seu
ex-funcionário, já treinado, e levando para ele boa parte de sua expertise e
conhecimento.
Quem deixar para fazer isso somente após o cenário
definido e não previsível, corre o risco de levar mais alguns meses até achar e
integrar os talentos corretos pra empresa. Aí, estaremos provavelmente em 2021
e, literalmente, terá se perdido o timing adequado.
Se temos, no curto prazo, previsibilidade quase
nula do que irá ocorrer, no médio e no longo prazo sabemos que essa tormenta
passará. Mitigar os impactos de tudo isso na vida dos colaboradores mostra se
as empresas valorizam ou não o ser humano acima de tudo. E isso nos torna
melhores como pessoas. Tenho certeza de que, se você leu até o final esse texto,
como pessoa física ou pessoa jurídica, irá se transformar em alguém muito mais
preparado e evoluído depois que esse momento se encerrar.
Marcelo
Arone - Fundador da OPTME, especializada em recrutamento e
seleção para empresas 100% brasileiras e de médio porte, Marcelo Arone é
formado em Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero, com
especialização em Coach Profissional pelo Instituto Brasileiro de Coaching, com
18 anos de carreira em empresas nacionais e multinacionais. Já atuou na área de
comunicação de empresas como Siemens e TIM, e no mercado financeiro, em
empresas como UNIBANCO e AIG Seguros. Pelo Itau BBA, tornou-se responsável pela
integração da área de Cash Management entre os dois bancos liderando força
tarefa com mais de 2000 empresas e equipe de 50 pessoas. Desde então, se
especializou em recrutamento para posições de liderança em serviços, além de
setores como private equity, venture capital e empresas de Middle Market,
familiares e brasileiras com potencial para investidores. Já entrevistou em
torno de 8000 candidatos e atendeu mais de 100 empresas em setores distintos.
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