Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e do
Tornozelo. Mestre em Ortopedia. Professor Substituto na UFMG.
Vivemos tempos verdadeiramente difíceis. O
isolamento social ao redor do mundo restringiu significativamente a
possibilidade de prática de exercícios ao ar livre. A recomendação de não
praticar atividades físicas fora do domicílio foi, inclusive, chancelada pela
Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) no último
dia 22 de março. Mas afinal, qual será a repercussão desse sedentarismo forçado?
A prática de atividades físicas não está
relacionada somente ao bem-estar, benefícios cardiovasculares e atividades de
lazer. Praticar exercícios faz parte da saúde osteoarticular e muitas fezes é
prescrita por nós, ortopedistas, como parte fundamental do tratamento de várias
doenças ortopédicas. Muitas dessas pessoas já podem estar sentindo as
repercussões da inatividade, como dores lombares, dores musculares, fraqueza no
corpo e aumento das dores articulares. Apesar de não estarem na linha de frente
no combate ao COVID-19, nós ortopedistas estamos atentos as necessidades de
Saúde da população que podem se intensificar devido a mudança brusca de rotina.
Mas, afinal, existe luz no fim
do túnel?
Tudo está muito incerto, novas recomendações e
notícias são publicadas e atualizadas pelas autoridades sanitárias diariamente.
Portanto, devemos nos planejar com o que temos e pensar na nossa programação
dia após dia. Não é hora de “se entregar” e adiar todos os planejamentos para
“quando isso tudo acabar”.
Apesar de os jornais e as redes sociais terem sido
tomados por um tema exclusivo, algumas iniciativas de fisioterapeutas,
educadores físicos e treinadores devem ser aplaudidas de pé. A solução
direcionada por eles é bem clara: podemos e devemos sim treinar/se exercitar em
casa. Uma pesquisa rápida no Google transmite ao leitor várias possibilidades
de se exercitar em espaços restritos e sem qualquer tipo de aparelho ou
instrumento específico.
Além disso, alguns aplicativos para smartphones já
consolidados tem liberado dicas de treinos funcionais para serem feitos em casa
sem custos, e pode ser uma alternativa interessante.
E se eu precisar de
atendimento ortopédico devido a inatividade?
A recomendação mais aceita nesse momento é que
consultas eletivas, ou seja, não urgentes, sejam adiadas. Entretanto, caso a
consulta se faça necessária devido a dor intensa ou incapacidade significativa
é melhor procurar ambientes nos quais exista menor aglomeração de pessoas.
Evitar consultas em Pronto Socorro sem a devida necessidade é fundamental para
que possamos sair mais rápido dessa situação.
Se você está curioso sobre a reposta da pergunta
que intitula essa coluna ela é bastante clara — não, ficar em casa não é
sinônimo de sedentarismo. Não devemos subestimar nesse momento a importância de
nos mantermos ativos para a saúde mental em tempos de isolamento. Sejamos
otimistas, vamos nos cuidar, proteger os outros e torcer pelo melhor.
Dr. Tiago
Baumfeld
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