Bicicleta não é só lazer e diversão, mas uma opção segura para o
deslocamento de quem precisa trabalhar para manter a cidade funcionando. Ações
para aumentar o uso da bicicleta também são estratégicas para desafogar
sistemas de transporte e saúde.
Na última segunda-feira (23/04/2020), ficamos sabendo, através das redes
sociais do Metrô, que os bicicletários da operação “deixariam de funcionar” e
que “o transporte de bicicletas está suspenso”. Também recebemos com surpresa
um comunicado informando o fechamento do bicicletário do Largo da Batata
cumprindo determinação da Prefeitura Municipal, pela operadora Tembici.
A Ciclocidade, e todas as organizações da sociedade civil que assinam
este posicionamento, pedem a imediata revogação das medidas, uma vez que essas
escolhas não têm justificativa técnica e vão na contramão do que vem sendo
adotado em diversas cidades ao redor do mundo, como Bogotá, Londres, Lisboa e
Nova York - só pra citar alguns exemplos. Nessas cidades, a bicicleta está
sendo incentivada como modo de transporte para barrar a propagação do vírus. É
preciso respeitar a bicicleta como parte integrante do sistema de transporte
das cidades e, mais do que isso, entender que é uma aliada importante no
combate ao coronavírus, por se tratar de um transporte individual e de um
veículo muito utilizado na logística, especialmente para o gênero alimentício.
A orientação é ficar em casa, mas todos sabemos que há serviços
essenciais que precisam continuar funcionando para garantir a vida nas cidades.
Toda a massa de trabalhadores que segue tendo de sair de casa precisa que o
Estado garanta seu direito de ir e vir, fazendo uso do sistema de transporte
coletivo da cidade que precisa ser mantido nesse momento. Os bicicletários da
cidade promovem a intermodalidade das linhas e estações que fazem parte desse
sistema e, portanto, devem ser mantidos funcionando integralmente para garantir
os direitos dos trabalhadores .
Aqui destacamos a massa de trabalhadores que precisam pedalar para
trabalhar, como é o caso dos milhares de ciclistas-entregadores que cruzam a
cidade transportando comida, remédio e outros produtos em suas costas. A medida
imposta pelas Secretarias de Transporte tanto do Estado quanto do município - STM
e SMT - só dificulta ainda mais a logística de muitos deles, que dependem
dos bicicletários para ter segurança, bem como tantos outros trabalhadores que
escolheram a bicicleta como veículo. Outra categoria que pode ser beneficiada
são as pessoas que trabalham na área da saúde, também fundamentais no momento .
Para além da revogação imediata das medidas de fechamento dos
bicicletários, gostaríamos de pedir que o Governo do Estado, Secretaria de
Transportes Metropolitanos, Metrô e CPTM aproveitem a oportunidade e repensem
seus horários de transporte de bicicletas nos trens, uma vez que essa ampliação
pode ajudar a desafogar o uso do sistema de transporte coletivo da cidade, que
apresenta maior risco para a proliferação do vírus causador da doença COVID-19.
São medidas nesse sentido - de estímulo ao transporte em bicicleta - que têm
ajudado cidades ao redor do mundo a combater a epidemia do coronavírus .
Nossas propostas de ações emergenciais para o momento são:
· · Reabertura de todos os bicicletários públicos, sob · responsabilidade municipal e estadual, com as devidas ações de precaução, tanto para equipes que trabalham nesses equipamentos, bem como para com usuários. · · Liberação total das bicicletas nos trens da CPTM e · Metrô, além dos Ônibus Intermunicipais, balsas e travessias, contribuindo para que os ciclistas evitem outros meios de transporte, como carros por aplicativos, ônibus e vans lotados; · · Proibição que cidades paralisem o sistema de transporte · público, além de manter ou aumentar a oferta de vagões (CPTM e Metrô) e ônibus (SPTrans e EMTU), diminuindo a concentração de passageiros e aumentado a distância entre os mesmos. · · Aumento com agilidade da infraestrutura cicloviária, com · sinalização de ciclofaixas temporárias - ainda que de forma provisória - fortalecendo principalmente as conexões da periferia, pontes e rodovias com trechos urbanos; · · Reabertura da Ciclovia do Rio Pinheiros. A estrutura é um eixo · importante de transporte para os trabalhadores que precisam cruzar a cidade da Zona Sul à Zona Oeste com segurança. · · Promoção de campanhas de comunicação em todo · os Estado para garantir mais segurança para ciclistas e pedestres nas ruas e rodovias das cidades, intensificando fiscalização de trânsito, principalmente com relação a limites de velocidade, considerando o aumento das velocidades pela redução dos congestionamentos.
Numa crise como essa é preciso ter inteligência e ousadia e não preconceitos ou achismos, para propor ações que quebrem o ciclo de propagação da doença; aliviar a demanda nos ônibus, melhorar a ciclologística e tornar a mobilidade mais eficiente e integrada são algumas delas.
Assinam esta manifestação pública:
· · Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo - Ciclocidade · · Instituto Aromeiazero · · Associação Brasileira do Setor de Bicicletas - Aliança Bike · · Instituto CicloBR · · Bike Zona Sul · · Cidadeapé - Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo · · União dos Ciclistas do Brasil - UCB · · Bike é Legal · · Bike Zona Leste · · Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor · · Ciclocomitê Paulista · · Vá de Bike · · Ascobike - Associação dos Condutores de Bicicletas de Mauá ·
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Rede
Bike Anjo
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