A sala de aula é um ambiente de ensino-aprendizagem
eficiente e tem sido ao longo dos séculos o local mais importante para o
desenvolvimento educacional. A sala de aula pode ser chamada de “primeiro
ambiente de aprendizagem”. Essa denominação decorre de que, com o surgimento
das tecnologias da comunicação, da informação, da computação, da telefonia
móvel, da Internet e, agora, da inteligência artificial, surge um “segundo
ambiente de aprendizagem”, que está permitindo a explosão, com eficiência, das
ferramentas de educação à distância.
A existência desses dois ambientes recomenda
entender o processo de ensino-aprendizagem em pelos menos três momentos: antes
da aula, durante a aula e após a aula. Nesse novo contexto, o agente mais
importante do processo educacional é o estudante. O pesquisador, o professor, o
produtor de conteúdos e os instrutores continuam com seu relevante papel e
serão sempre indispensáveis. Entretanto, as ferramentas e os recursos à
disposição do estudante são tantos e de tal ordem sofisticados que as
possibilidades de estudo e aprendizagem se multiplicam e se diversificam.
No segundo ambiente, o professor e o produtor de
conteúdos continuam com sua tarefa de preparar as aulas e as orientações no
momento “antes da aula”. O que muda é o formato, o material e o estilo de
explicação. Os meios não se limitam a textos e imagens em papel, mas se
estendem a vídeos, filmes e um elenco de instrumentos tecnológicos de exposição
de texto, som, imagem, interações, conexões e intercâmbio. Os materiais e as
fontes de conteúdo não se limitam mais a apenas o que está em si mesmos, mas
fazem interface com uma rede de links, referências e remissões.
Quando o momento “antes da aula” é bem desenvolvido
e de qualidade, o momento “durante a aula” muda, é decidido a executado pelo
estudante, torna-se diversificado, logo, mais bem-aproveitado. O mais
importante com a revolução das tecnologias sofisticadas está na educação à
distância (EaD), ou seja, o formato em que o estudante pode estar em um lugar e
o professor em outro, podem estar disponíveis em horários diferentes e sem a
dependência de horário e local físico fixo.
A EaD não é uma panaceia para todos os males da
educação, mas é uma solução disruptiva, a mais importante produzida nos últimos
séculos, pelo elenco extenso e sofisticado de soluções para o processo de
ensinar e aprender, em especial a já citada eliminação da necessidade de
contato físico entre aluno e professor. O resultado mais expressivo é a
possibilidade de uma mesma aula, expositiva, gravada e disponibilizada em meios
eletrônicos e ambientes virtuais, poder ser assistida por milhões de alunos,
vista, repetida e multiplicada quase indefinidamente.
O que a EaD faz é eliminar barreiras e restrições
ao processo de ensinar e aprender, como a já mencionada distância entre
professor e aluno, e mais: a EaD não abandona nem dispensa o contato físico e o
relacionamento entre estudantes, especialmente na aquisição de habilidades que
dependem de aulas práticas em máquinas e laboratórios. A EaD incorpora os
elementos da aula presencial, não concorre com eles nem desfaz de sua imensa
importância, e se soma aos métodos a atividades da sala de aula.
Talvez o aspecto mais essencial neste cenário novo
seja entender que a EaD não destrói o que funcionou até hoje centrado na sala
de aula, mas acrescenta um leque de possibilidades e métodos tão grande que
amplia as opções de escolha para ensinar e aprender. E quanto mais a tecnologia
vai criando novos recursos e novas ferramentas, mais as opções do EaD crescem e
se expandem. Não se trata de isso “ou” aquilo, mas de isso “e” aquilo. A EaD
veio para ficar.
José Pio Martins - economista,
é reitor da Universidade Positivo.
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