Atividades
lúdicas (Marcelo Matusiak) |
Manutenção de rotina e uso da
tecnologia para difusão de conhecimento técnico são alguns aliados
Em momentos de exceção, quando
medidas extremas tem que ser tomadas, os grupos mais vulneráveis da população
ficam ainda mais limitados e menos atendidos nas suas necessidades. As crianças
com deficiência e suas famílias estão nesse grupo e são particularmente
afetadas nessa situação. A pandemia que estamos vivendo sem precedente nesse
século agrava a situação de forma exponencial, pois as medidas restritivas, não
têm um prazo para terminar causando maior insegurança quanto ao tempo que será
necessário para que tudo retorne à normalidade.
“Se a manutenção de rotina e
serviços é fundamental para que as crianças com deficiência tenham melhor
funcionalidade no seu dia a dia, os ajustes em um confinamento se tornam
tarefas gigantescas para as famílias. Em geral, essas crianças necessitam de um
suporte diário de acompanhamento por equipe multiprofissional com várias horas
de intervenção por dia, além de atividades escolares. Mesmo assim, por vezes,
quando as atividades não são estruturadas existem dificuldades de organizar as
crianças, que respondem com respostas adaptativas limitadas, apresentando com
reações aversivas e agitação”, explica o pediatra de Desenvolvimento e
Comportamento da Sociedade de Pediatria do RS, membro da Sociedade de Pediatria
do Rio Grande do Sul, e da Sociedade Brasileira de Pediatria, Ricardo Halpern.
Certamente, nesse momento
ampliam-se os estresses do dia a dia, com menos suporte da família estendida e
rede de apoio, além de preocupações financeiras e se reflete na criança que
está em casa sem entender exatamente o que acontece.
Nesse momento para minimizar
essa carga nas famílias e nas crianças existe uma necessidade de criar
mecanismos que possam adequar atividades à crianças com deficiência. Elas já
possuem um repertório pequeno de brinquedo interação social, e muitas vezes sem
uma capacidade de comunicação efetiva dificultando as trocas e explicações. O
simples fato de ter a rotina modificada pode gerar desorganização e causar
comportamentos disruptivos já que o aumento de estresse causa elevação dos
hormônios cortisol e adrenalina, levando ao que chamamos de estresse tóxico
fazendo com que o cérebro responda de forma ainda mais limitada à essas
situações.
“Em linhas gerais, a manutenção
de uma rotina o mais próximo possível do que a criança teria é fundamental. Os
horários das terapias, mesmo que em casa, devem ser preenchidos com atividades
similares (oferecidas pelos terapeutas) para que a criança possa estabelecer um
elo entre o que fazia nas terapias e aquele horário em casa. Da mesma forma,
outras atividades como refeições, horário de dormir e tempo de uso de tela
devem continuar regrados, pois o retorno à rotina habitual após a normalidade,
pode ser difícil se essas atividades sofrerem tantas alteração. Cabe aos
profissionais de saúde, mesmo de forma remota, prover orientações no sentido de
oferecer a melhor estabilidade possível para essas famílias”, acrescenta o
médico.
A severidade de cada caso impõe
medidas peculiares para cada situação. É importante lembrar o papel das
ferramentas de comunicação virtual para auxiliar as famílias nesse momento
complicado. Distanciamento social não pode se traduzir como distanciamento
emocional e afetivo e uma maneira de minimizar a distância física é utilizar as
redes sociais para trazer para “perto” os contatos que oferecem suporte
emocional e técnico para as famílias.
Marcelo Matusiak
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