Insônia provocada
por estresse e maus hábitos podem afetar a saúde; quem tem apneia deve redobrar
a atenção
Desde o início da pandemia do novo coronavírus
(Covid-19), tornaram-se comuns comentários de noites mal dormidas em função da
preocupação e do estresse provocados pelo medo da doença. Agora, com a mudança
da rotina por causa do trabalho home office, a situação pode se
agravar. E para quem tem apneia do sono, a infecção por coronavírus pode ser
algo grave.
Veja abaixo as orientações de Gustavo
Moreira, médico e pesquisador do Instituto do Sono, da AFIP (Associação
Fundo de Incentivo à Pesquisa). O especialista é doutor em ciência pela
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e foi fellow Clínico
em Terapia Intensiva Pediátrica pela Universidade de Maryland (1997) e de
pesquisa em Pneumologia Pediátrica pela Universidade Johns Hopkins (1997),
ambos nos Estados Unidos.
Sono e home office
De acordo com Moreira, a perda crônica de sono pode
culminar no aumento de casos de insônia e vale a população adotar alguns
cuidados. O especialista indica algumas orientações para um sono melhor, mesmo
para quem trabalha em casa, tais como:
- se expor à luz do sol pela manhã:
- acordar e dormir em horário habitual;
- manter horários regulares para alimentação;
- evitar cochilos durante o dia;
- manter momentos de relaxamento, alongamento ou
meditação;
- evitar eletroeletrônicos uma hora antes de
dormir.
“Essas são orientações sempre válidas para ter um
sono de qualidade. Mesmo com a alteração do dia a dia, é importante manter esse
passo na rotina, para dormir bem”, explica. O especialista destaca, ainda, que
estudos apontam a privação de sono crônica como um fator que reduz a imunidade.
Apneia e coronavírus
Um dos problemas mais sérios entre sono e o
coronavírus está relacionado à apneia obstrutiva do sono, uma
doença caracterizada pela parada respiratória provocada pela obstrução da
faringe. “O CPAP é um equipamento de oferece ar com pressão positiva
por máscara nasal, que em um paciente com COVID-19 pode expelir um número maior
de virus no ambiente”, explica Moreira.
Como a apneia obstrutiva do sono é um problema
crônico, é arriscado interromper o tratamento por um período é limitado, salvo
nos casos graves ou pacientes com síndromes de hipoventilação. Estes últimos,
em geral, utilizam BIPAP ou ventilador volumétrico e não podem prescindir da
terapia.
Os pacientes que parem de usar os equipamentos têm
maior risco de apresentar mais sono, acidentes, quedas e problemas cardíacos.
Por isso, recomenda-se aos que interromperem o tratamento que evitem dirigir,
tenham precauções para evitar quedas e limitem o uso de álcool e sedativos.
O médico poderá usar tratamentos alternativos para
apneia do sono, como terapia posicional, aparelho intraoral, descongestionantes
ou anti-inflamatórios nasais. “Os efeitos dessas terapias serão, na maioria das
situações, parciais. Cabe ao profissional de saúde decidir a melhor
alternativa”, explica o pesquisador. O paciente com Covid-19 deve permanecer em
quarentena por pelo menos 14 dias e os coabitantes devem seguir recomendações
de isolamento domiciliar.
Instituto
do Sono
AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa
Nenhum comentário:
Postar um comentário