Biomarcadores nos
exames de sangue e fundo de olho previnem riscos.
Mais da metade dos brasileiros, 53,8%, está acima do
peso e 30 milhões são obesos de acordo com uma pesquisa divulgada este ano pelo
Ministério da Saúde. Segundo o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, do
Instituto Penido Burnier de Campinas o sobrepeso e a obesidade podem prejudicar
a visão. Isso porque, predispõem ao glaucoma que é apontado como a maior causa
de cegueira irreversível pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
A doença atinge mais de 2 milhões de pessoas no Brasil
e cerca de 60 milhões no mundo. Queiroz Neto explica que em 90% dos casos é
caracterizada pelo aumento da pressão intraocular. O tratamento é feito com uso
contínuo de colírio para evitar a escavação do nervo óptico e perda definitiva
do campo visual. Em outros 10% a pressão se mantém normal, até 21,5 mmHg, mas
alterações metabólicas provocam os mesmos danos à visão que a pressão
intraocular alta. “Por isso no glaucoma de pressão normal as terapias variam
conforme as alterações sistêmicas que possam estar colocando a visão em risco,
como por exemplo a hipertensão arterial, diabetes, apneia do sono, neurite
óptica, esclerose múltipla ou qualquer outro problema sistêmico que possa
provocar glaucoma”, pontua. A obesidade pode induzir a muitas dessas doenças
sistêmicas e é por isso que predispõe ao glaucoma, explica.
O oftalmologista afirma que o maior desafio do glaucoma
é o diagnóstico precoce. Prova disso é que mais da metade dos brasileiros só
descobrem a doença em estágio avançado. Isso porque, rouba a visão sem
apresentar sintomas. O problema é que um levantamento feito pelo médico com 814
pessoas mostra que 47% acreditam que qualquer alteração na visão pode ser
percebida logo no início. “Na verdade, a maioria das doenças oculares não são
percebidas logo que aparecem”, afirma o médico.
Biomarcador
plasmático
A boa notícia é que pesquisadores acabam de identificar
biomarcadores que podem sinalizar a iminência do glaucoma antes da doença
aparecer.
Um desses biomarcadores está no plasma. Queiroz Neto
conta que uma metanálise de 13 estudos mostra que o exame de sangue dos
portadores de glaucoma contém maior concentração no plasma de endotelina 1 que
o do grupo sadio de controle. O médico explica que a endotelina 1 é um peptídeo
que responde pelo estreitamento dos
vasos. Por isso, quando o exame de sangue revela maior concentração desta
substância pode indicar risco de hipertensão arterial, diabetes e glaucoma
antes dessas doenças aparecerem. Significa que o glaucoma pode ser prevenido
por exames de sangue periódicos que meçam a endotelina 1 nos grupos de risco:
maiores de 40 anos, obesos, negros e quem tem familiares com glaucoma.
Na
retina
O médico ressalta que outro grupo de pesquisadores
descobriu uma camada de células da retina que sofrem alterações antes dos
primeiros sinais de glaucoma. Por isso, pondera, os grupos de risco devem
.fazer anualmente uma OCT (Tomografia de
Coerência Óptica) que examina todas as
camadas de células da retina. Isso porque as células do fundo do olho são
irrecuperáveis
Alternativas
de tratamento
Para manter a pressão intraocular sob controle outras
alternativas de tratamento elencadas pelo oftalmologista são a aplicação de
laser que pode reduzir a pressão
intraocular, embora nem todos deixem de usar colírio. O mais novo tratamento
para glaucoma é um dispositivo que pode ser implantado na malha trabecular
durante a cirurgia de catarata. O
implante reduz a pressão intraocular, desviando o humor aquoso para um canal do
globo ocular. Só pode ser colocado, conclui, em que tem glaucoma inicial ou
moderado, mas a maioria das pessoas fica livre do uso de colírios.
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