Em ação da Academia Brasileira de Neurologia, Largo da Batata, Estação
Cidade Jardim e Ponte Juscelino Kubitschek vão receber obras que simbolizam os
principais sintomas da PAF
Conhecido
por suas intervenções urbanas de cunho ecológico e social, Eduardo Srur se
volta agora para a área da saúde. Com o objetivo de chamar a atenção do
paulistano para a importância de uma doença genética irreversível e pouco
conhecida no Brasil, o artista plástico vai espalhar pés gigantes pela
cidade. A ideia é provocar uma reflexão sobre a polineuropatia
amiloidótica familiar (PAF), ou paramiloidose, doença de origem portuguesa que
afeta milhares de brasileiros e se manifesta por meio de sintomas nos membros
inferiores.
Quem
passar pelo Largo da Batata, pela Estação Cidade Jardim ou pela Ponte Juscelino
Kubitschek entre os dias 27 de novembro e 11 de dezembro poderá conferir de
perto as obras do artista. Cada uma delas está relacionada a um dos sintomas
que o paciente com PAF experimenta nos pés: sensação de formigamento, dormência
e perda de sensibilidade à temperatura. Assim, enquanto uma das obras
ilustra o pé coberto por formigas, outra o retrata sobre brasas e a terceira
traz um pé sobre travesseiros.
Ao
ser apresentado à doença, Srur não hesitou em apoiar a ação. "A Arte tem o
poder de informar a sociedade de forma lúdica, na esfera simbólica, e assim
despertar a consciência para assuntos complexos como uma doença que ataca
silenciosamente como a PAF", afirma o artista.
A
intervenção faz parte da campanha #PAUSANAPAF, uma iniciativa lançada
pela Academia Brasileira de Neurologia em 2016 com o objetivo de mudar o
cenário de desinformação que envolve a doença e incentivar o diagnóstico
precoce dos pacientes. Para estimular o envolvimento do público com a ação, as
três obras estarão acompanhadas por um totem que traz informações sobre a PAF e
convida o público a tirar uma foto ao lado da escultura, para depois postar o
resultado nas redes sociais com a #PAUSANAPAF.
A
campanha
Lançada
no ano passado, com apoio da Pfizer e de dezenas de craques do futebol, a
campanha #PAUSANAPAF promoveu diversas ações ao longo dos jogos de 2016,
com foco no Campeonato Brasileiro. A iniciativa, que teve o pentacampeão
Cafu como embaixador voluntário, também contou com a adesão de dezenas de
jogadores, de diferentes times, que divulgaram a causa por meio de vídeos em
suas redes sociais.
Neste
segundo ano da campanha, a iniciativa migrou dos campos para o universo da
música. E tem chamado a atenção de artistas de destaque, como Daniela Mercury,
Banda EVA, Pabllo Vittar e Carlinhos Brown. Em apoio à causa, os artistas
convidaram os fãs para uma pausa durante seus shows, em alusão à paralisação
que a doença pode provocar na vida desses pacientes.
Mais
sobre a PAF
Hereditária
e irreversível, a PAF provoca a perda progressiva dos movimentos, levando o
paciente à morte dez anos após os primeiros sintomas, em média, se não houver
tratamento adequado. Embora ainda não existam estatísticas nacionais
oficiais sobre a PAF, estima-se que existam milhares de brasileiros com a
doença, o que pode fazer do País uma das nações com o maior número de pacientes
no mundo.
Geralmente, os pacientes recebem o diagnóstico entre os
30 e os 40 anos de idade, no auge da vida produtiva. Após as primeiras
manifestações nos membros inferiores, em geral os sintomas evoluem para braços
e mãos, levando à atrofia e à perda gradual dos movimentos. A progressão da
doença é variável entre os pacientes, mas normalmente há uma combinação de
sintomas, envolvendo diferentes órgãos.
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