No Dia Internacional da Pessoa com
Deficiência, pesquisa conduzida pela i.Social, em parceria com a ABRH, ABRH SP
e Catho, mostra que despreparo e preconceito dos gestores são os principais
entraves para a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho
O dia 03 de dezembro é o Dia
Internacional da Pessoa com Deficiência e as notícias ainda permanecem
desfavoráveis a essas pessoas quando o assunto é trabalho. Pesquisa “Pessoas com deficiência – expectativas
e percepções sobre o mercado de trabalho” conduzida pela i.Social,
consultoria com foco na inclusão social e econômica de pessoas com deficiência
no mercado de trabalho, em parceria com a ABRH Brasil, ABRH São Paulo e Catho, apontou
que 90% dos profissionais de RH acreditam que não estão ou poderiam estar
melhores preparados para contratar profissionais com deficiência ou, ainda,
oferecer suporte para os gestores desses profissionais.
Além do despreparo de quem os contrata, os profissionais
com deficiência têm de enfrentar um obstáculo ainda pior: o preconceito. Entre
os pesquisados, 50% afirmaram ter sofrido algum tipo de preconceito no ambiente
de trabalho, seja do chefe, colegas ou até mesmo dos clientes. Para 64% dos
gestores entrevistados, há sim resistência quando é apresentado a eles um
candidato com deficiência.
“Não houve melhora nesse índice com relação à pesquisa do
ano anterior, o que denota a necessidade de intensificar as ações das empresas
junto aos gestores para que a inclusão de pessoas com deficiência aconteça mais
naturalmente”, afirma o sócio-diretor da i.Social, Jaques Haber.
Prova de que as empresas ainda precisam melhorar seus
processos de contratação de pessoas com deficiência é que, de acordo com as
respostas, de 28% dos profissionais de RH, a empresa em que trabalham não
possui um programa de inclusão. Das empresas que possuem um programa, 13%
afirmaram que a responsabilidade da gestão é do RH, 4% disseram que é apoiado
pela liderança e apenas 10% possuem orçamento próprio para ações de inclusão.
Sobre a Lei de Cotas, se por um lado
ela permitiu um acesso maior dos profissionais com deficiência ao mercado de
trabalho, por outro, não ajudou na melhora da qualidade das vagas. Segundo 88%
dos recrutadores entrevistados, as empresas contratam pessoas com deficiência
com foco unicamente no cumprimento da Lei de Cotas. “Esse dado demonstra a
importância da legislação para a inclusão, mas preocupa com relação à qualidade
do processo. Processos
seletivos precisam ter como foco a escolaridade, a qualificação e a experiência
profissional dos candidatos, e não simplesmente o pretexto de uma contratação
pelo tipo de deficiência do profissional ou apenas para o cumprimento da cota”,
explica o diretor de RH da Catho, Murilo Cavellucci.
Ainda de acordo com o levantamento
feito junto aos recrutadores, a maior barreira para as pessoas com deficiência
no mercado de trabalho é a falta de acessibilidade (19%). Porém, para 78% dos
profissionais com deficiência entrevistados, não há necessidade de
acessibilidade no ambiente de trabalho, o que corrobora com a informação de que
incluir pessoas com deficiência no quadro de colaboradores de uma empresa não
necessariamente envolve mudanças arquitetônicas nas áreas internas e externas da
companhia. Entretanto, isso não diminui a importância desse assunto, visto que
14% dos respondentes afirmaram precisar de vagas reservadas, sanitário
acessível, rampas que facilitem sua circulação, etc.
“Sobre esse
ponto, a pesquisa mostra que mais da metade dos respondentes são profissionais
que estão desempregados, têm alta escolaridade, idade economicamente ativa e
deficiência adquirida. Esses dados permitem inferir que, antes da deficiência,
havia uma possível condição de vida com experiência profissional e, nesse
sentido, as principais preocupações das empresas no que diz respeito à
acessibilidade, se desfaz”, finaliza Haber.
Realizada
entre os meses de setembro e outubro, a edição 2017 da pesquisa “Pessoas com
deficiência – expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho”, contou
com respostas de 1.091 pessoas com algum tipo de deficiência ou mobilidade
reduzida e 1.240 profissionais de RH, cuja maioria ocupa cargos de analista ou
coordenador, seguidos de assistente e gerente. São profissionais que
estão na linha de frente na inclusão de pessoas com deficiência e que vivenciam
os desafios inerentes a este processo.
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