Com o final do ano se aproximando é
possível ver uma movimentação nas empresas que estão elaborando o planejamento
estratégico, traçando metas e desenhando novos cenários para o próximo ano. É
geralmente nessa época que surge também novas ideias de produtos e serviços, e
junto com os novos rumos surge também a incerteza de sucesso. Nesse sentido
prototipar é fundamental para separar boas ideias de negócios inviáveis.
Analisar e resolver problemas de forma visual tem
se tornado a maneira mais fácil de testar hipóteses de mercado. O protótipo é
uma forma de encontrar vulnerabilidades, equívocos e
oportunidades de melhoria mesmo antes de lançar a novidade no mercado. A
metodologia Lego Serious Play (LSP) tem despontado como uma nova aliada dos que
precisam lançar um produto minimamente viável. Desenvolvida em 1996, pelos
professores Johan Roos, Bart Victor e David Owens, além do executivo da Lego,
Robert Rasmussen, a técnica visa ampliar a criatividade e possibilitar uma nova
forma de aprendizagem aos adultos. Uma ferramenta poderosa em várias situações
empresariais, em especial na difícil hora de planejar.
Entre as premissas do LSP estão
conceitos como as Reuniões 80/20. Nele, entende-se que em média apenas 20% dos
participantes estão realmente engajados. Isso quer dizer que a esmagadora
maioria está desconcentrada, executando atividades paralelas por meio de smartphones,
ou simplesmente desconectada do que está sendo feito. Com a metodologia, isso
não é possível, já que os blocos são montados individualmente e a participação
de cada um é vital para o todo.
Outra técnica bastante explorada é a
construção de cenários por meio dos objetos de LEGO. Usando as ferramentas
desse brinquedo, os executivos e suas equipes soltam a
criatividade e constroem do zero um produto novo, ou mesmo uma simulação de
mercado e negociação. Ajudando a todos os membros a visualizarem as
oportunidades e fraquezas da proposta que está sendo testada.
Outra grande vantagem de prototipar
dentro da metodologia LSP é o uso das mãos nesse processo. Nossas mãos
estão conectadas com 70 a 80% das nossas células cerebrais. O cérebro tem uma
limitação na quantidade de informação que consegue processar de maneira
consciente, no entanto, as mãos não têm esse problema com a quantidade de
movimentos. Elas ajudam o cérebro a guardar informações por meio dos movimentos
que fazem, auxiliando as conexões neurais a percorrerem o mesmo caminho e
ajudando no processo de memorizar informações. Um bom
exemplo é que quando esquecemos uma senha, temos grandes chances de nos
lembrarmos dela se repetirmos o gesto, simulando a digitação.
O ambiente descontraído é outra grande
vantagem na hora de desenvolver um protótipo usando LEGO. A metodologia
favorece o uso de metáforas que proporcionam um papel prático e construtivo na
cognição humana. O esquema de pensamento figurado é uma forma recorrente do ser
humano dar um sentido mais profundo à sua compreensão de realidade. Uma vez que
estamos testando hipóteses fazer isso de maneira lúdica e visual ajuda na
compreensão e antecipação de problemas.
Com os ciclos de mudança cada vez mais
rápidos não é mais possível planejar e desenvolver um produto durante anos. As
empresas precisam ser ágeis durante seu processo de validação sem arriscar sua
credibilidade com hipóteses não testadas. O conceito de prototipagem e produto
minimamente viável veio ajudar na tomada de decisão. Do ouro lado o LSP tem
trazido um novo jeito de desenvolver experimentar esses cenários.
Julio Cesar da Costa -
co-fundador da Think Market e facilitador do Lego Serious Play no Brasil.
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