Os rumos da economia brasileira em 2016 não foram dos
melhores. Por isso, depositamos tanta confiança no ano que estava por
vir. Infelizmente, 2017 não trouxe os bons ventos tão esperados. No ramo da
gastronomia, vejo grandes e antigos negócios fechando suas portas, amigos e
colegas de profissão driblando diariamente as dificuldades.
Mas aí você pode estar se perguntando: mas eu vejo tantos negócios
abrindo, assim como os que estão fechando. Sim, é verdade. Existem milhares de
bares e restaurantes abrindo diariamente em Curitiba e por todo o Brasil, o
grande problema hoje é manter esse novo negócio em funcionamento. Nosso país
impõem aos empresários, altas taxas tributárias, burocracia sem limites e um
ínfimo retorno e apoio ao seguimento. Falta sim, bom senso por parte dos órgãos
reguladores, para que os negócios possam funcionar com maior facilidade, e
assim a economia girar.
Por isso eu digo, se você quer abrir um negócio no cenário
econômico atual, planejamento é fundamental. Segundo dados do próprio IBGE, 6
em cada 10 empresas fecham antes de completar 5 anos, é um número alto para
levar em consideração. Aí você me pergunta novamente: mas o ramo gastronômico
não é diferente? Afinal, todos precisam comer, beber e se divertir, certo?
Errado, para manter um negócio nesse seguimento hoje, além dos problemas já
citados, enfrentamos alguns outros, como a alta rotatividade de funcionários,
que na grande maioria das vezes não são comprometidos, donos de
estabelecimentos que não tem a mínima noção de mercado e o custo altíssimo de
insumos nacionais e importados. Por aí vai.
Engana-se aquele que acha que a gastronomia é um ramo fácil e de
ganho de dinheiro farto e rápido. Você pode ter sucesso e faturar milhões? Sim,
mas tudo isso vai depender de muito trabalho, dedicação e entendimento de
mercado, e é aí que a grande maioria dos donos de estabelecimentos desiste.
Devo reconhecer, algumas (poucas) medidas foram tomadas pela atual gestão de
governo, mas essas serão sentidas somente em médio prazo. Enquanto isso nós da
área, donos de bares e restaurantes temos duas opções: a difícil tarefa de
inovar, sem aumentar os custos. Ou a de diminuir esses custos sem perder a
qualidade. Esse é um momento, qualquer passo deve ser calculado, aqueles que
conseguirem inovar, diminuir custos e fazer mágica com as cartas que tem em
mãos, terão um ano mais “tranquilo”.
Especialistas e donos de negócios dizem que 2017 tende a melhorar
com o passar do ano, e que, em 2018, a economia começará a ser estimulada. Eu
também acredito que em 2018 bons ventos soprarão mais forte. Até lá, seguramos
as pontas e vemos bons “soldados” caindo, não só diante a crise, mas também
diante a políticos corruptos, constituição ultrapassada, leis feitas em prol de
uma minoria, desigualdade social, sistema corrompido e uma população
complacente. Enquanto isso não muda, vamos ensinando ao David Copperfield como
se faz para manter um negócio gastronômico aberto em nosso país.
Chef Guilherme De Rosso -
responsável pela cozinha do boteco Simples Assim, de Curitiba (PR), e
supervisiona o curso de Beer Sommelier do Centro Europeu, uma das principais
escolas de gastronomia do Brasil
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