O excesso de peso cresceu entre a população das
capitais e passou de 42,6% para 53,8% em 10 anos
O sobrepeso e a obesidade vêm se tornando um dos grandes problemas de
saúde no Brasil e no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, um em cada cinco
brasileiros está acima do peso. Os dados que revelam o aumento da obesidade no
Brasil foram divulgados em 2017 e apontam que a prevalência da doença passou de
11,8% em 2006 para 18,9% em 2016.
O estudo faz parte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em
todas as capitais brasileiras. As constatações são referentes a entrevistas
realizadas entre os meses de fevereiro e dezembro de 2016, com mais de 53 mil
pessoas maiores de idade. O excesso de peso também cresceu entre a população
das capitais. Passou de 42,6% para 53,8% em 10 anos.
O Ministério da Saúde ainda aponta que o crescimento da obesidade também
pode ter sido um fator decisivo para o aumento da diabetes e hipertensão entre
os brasileiros. A instituição alerta que todos esses perigos pioram a condição
de vida e podem ocasionar sequelas fatais, até mesmo a morte.
De acordo com o cirurgião bariátrico e
diretor do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), Leonardo Salles, a obesidade
se tornou uma endemia moderna, ao mesmo tempo em que a sociedade está a procura
por melhores padrões de qualidade de vida.
Segundo Salles, estes fatores fazem
com que a maioria dos pacientes queiram emagrecer de forma rápida. “Todo
tratamento de emagrecimento se inicia em uma consulta onde se avalia qual o
método ideal para cada paciente, seja pelo método clássico baseado em dieta e
atividades físicas; método farmacológico; método endoscópico; ou método
cirúrgico. O ideal seria o paciente conseguir emagrecer somente com o método
clássico, mas esse se mostra ineficiente na prática, tendo quase sempre o
abandono do tratamento após dois ou três meses”, ressalta.
O cirurgião bariátrico explica que os
métodos farmacológicos de emagrecimento embora tentadores, pois, aparentemente
não são invasivos, podendo causar um desequilíbrio bioquímico que dificulta
significativamente a fase de estabilização do peso, levando o paciente quase
sempre a um efeito sanfona intenso.
Em outubro deste ano, Leonardo Salles trouxe para o IMO, uma
nova técnica de redução de estômago, denominada gastroplastia endoscópica. “O
procedimento, não invasivo, foi desenvolvido para reduzir o volume do estômago
e provocar uma sensação de saciedade precoce”, explica o cirurgião.
Durante a gastroplastia endoscópica, sem
a necessidade de uma incisão externa e usando apenas um orifício natural, a
boca, o paciente é colocado sob anestesia geral e com o dispositivo Overstitch
acoplado ao aparelho de endoscopia, o cirurgião realiza pequenas suturas em um
padrão específico até o fundo gástrico. Em seguida, a série de suturas são
estreitadas, comprimindo o volume utilizável do estômago.
Segundo Salles, a gastroplastia
endoscópica é indicada para o paciente que apresenta o IMC mínimo de 30
(obesidade grau I) como terapia primária, sendo recomendada ainda para pessoas
que já realizaram a cirurgia bariátrica e voltaram a ganhar peso. “É comum que
pacientes que passaram por procedimentos, sejam eles cirúrgicos ou mesmo
endoscópicos, e que não se preocuparam em fazer um tratamento multidisciplinar
adequado, tenham recidiva a longo prazo da obesidade. No caso de pacientes que
realizaram a gastroplastia Sleeve convencional ou mesmo o Bypass, tais
procedimentos podem ser reajustados de forma minimamente invasiva por meio da
técnica endoscópica do Overstitch, o que ajuda o paciente a voltar a perder o
peso excedente”, afirma Salles.
“Observo que neste processo, a
gastroplastia endoscópica pode contribuir dando respostas mais palpáveis e
impulsionando o tratamento multidisciplinar, que por sua vez irá assegurar a
estabilização do peso”, comenta.
Na maioria
dos casos, após o procedimento, que dura em torno de uma hora, o paciente
permanece sob observação por cerca de 4 horas, podendo ir para casa no mesmo
dia. No entanto, deve ser mantida uma dieta líquida por 15 dias e pastosa por
15 dias, mas isso não impede que neste período o paciente realize atividades
físicas. “Também é preciso que o paciente mantenha o acompanhamento de uma
equipe multidisciplinar composta por um cirurgião bariátrico, endocrinologista,
psiquiatra, psicólogo, nutricionista e preparador físico, para que um novo
estilo de vida seja adotado”.
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