Segundo pesquisa,
modelo com cores é avaliado como o mais informativo e o que mais facilita a
compreensão das informações nas embalagens
Pesquisa
realizada pelo IBOPE Inteligência mostra que 67% das pessoas, ou seja, cerca de
7 em cada 10 entrevistados, preferem o semáforo nutricional, contra 31% que
declaram preferir o modelo de advertência nos rótulos de alimentos e bebidas. A
proposta que utiliza cores (verde, amarelo e vermelho) para traduzir as
informações sobre o teor de açúcares, gordura e sódio dos produtos – conhecida
como Semáforo Nutricional Quantitativo – é considerada a mais clara e didática
para 65% dos entrevistados.
“Embora os
dois modelos sejam bem avaliados pela população na avaliação individual, ela
tem uma preferência. Quando perguntamos qual deles gostariam de encontrar na
parte frontal das embalagens, a maioria indica o modelo semáforo nutricional”,
afirma Patricia Pavanelli, diretora de contas do IBOPE.
A nova
proposta de rotulagem nutricional frontal, que vem sendo discutida pela
sociedade, tem o objetivo de trazer as informações sobre o teor de nutrientes
contidos nos alimentos para a parte da frente das embalagens. A pesquisa fez a
comparação entre o modelo de semáforo nutricional e o de advertência, ambos
apresentados à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como propostas
para rotulagem frontal no Brasil. O tema é prioritário na agenda regulatória da
Agência.
Comparação de modelos
A pesquisa ainda revela que 81%
dos entrevistados avaliam que o modelo do semáforo facilita a compreensão das
informações nutricionais, contra 78% do modelo de advertência. O sistema de
cores usado para classificar os nutrientes em um rótulo frontal é avaliado como
ótimo/bom por 85% da população, contra 74% do modelo de advertência. Além
disso, 47% avaliam a facilidade de leitura e compreensão das informações com
nota 9 ou 10, contra apenas 26% da avaliação do modelo de advertência.
Mais um argumento favorável ao modelo
de semáforo nutricional quantitativo é o fato de a relação entre as cores
verde, amarela e vermelha já ser algo comum para o brasileiro, enquanto outras
propostas apresentadas se baseiam em modelos de advertências, com mensagens
escritas em fundo preto, que não informam a quantidade dos nutrientes
destacados.
O brasileiro quer informação
A população já tem por hábito consultar informações nas embalagens, mas ressalta a necessidade da
adequação e revisão de alguns itens. Aproximadamente 3/4 da população
procura, de modo geral, informações nas embalagens para auxiliar na escolha dos
produtos. A
tabela nutricional é o terceiro item mais buscado:
o
Prazo de validade ou data de fabricação: 45%
o
Preço: 24%
o
Tabela nutricional/ Informação
nutricional: 21%
o
Advertências relacionadas à saúde (diet, light, sem colesterol, sem gordura trans, sem
lactose, contém glúten,
etc): 18%
o
Marca ou fabricante: 13%
o Lista de ingredientes: 10%
o
Quantidade: 7%
A apresentação da informação por
porção e por medida caseira, complementando medidas em gramas e litros, também
aparece como uma necessidade dos brasileiros, vindo ao encontro da proposta
apresentada pela indústria. A pesquisa qualitativa aponta a preferência pela
referência nutricional baseada em quantidades mais concretas e de fácil
compreensão, como as unidades ou medidas caseiras: copo americano, xícara,
colher de sopa.
O
estudo foi solicitado pela Rede de Rotulagem, que reúne associações das
indústrias de alimentos e bebidas não alcoólicas. “A realização desta
pesquisa foi muito importante para obtermos a opinião da população brasileira.
Os dados coletados mostram uma clara preferência pelo modelo de rotulagem
frontal com semáforo quantitativo proposto pelo setor, uma vez que ele é
informativo e educativo, além de ter fácil entendimento para toda a população”,
afirma Daniella Cunha, diretora de Relações Institucionais da Abia (Associação
Brasileira das Indústrias de Alimentação).
A informação por cores demonstra
ter apelo popular, proporcionar comunicação instantânea e ser acessível a
todos. Além disso, apresenta-se como um recurso didático, a fim de educar
novas gerações e pessoas com baixa escolaridade. O modelo semáforo mostra-se
ainda capaz de proporcionar uma rápida identificação no momento da compra e de permitir
comparação entre alimentos, o que favorece a decisão do indivíduo e sua
soberania na escolha.
“O modelo do semáforo demonstrou
ser o que mais desperta o interesse das pessoas pela busca de informações
nutricionais. Isso é fundamental quando pensamos em garantir eficiência a uma
política pública como esta em discussão. O que adianta os rótulos serem fontes
seguras de informação, se elas não forem percebidas pelas pessoas? Hábitos
saudáveis são resultados de escolhas equilibradas, não se desenvolvem por
imposição”, afirma Pablo Cesário, gerente executivo da CNI (Confederação
Nacional da Indústria).
Outros números da pesquisa revelam
que os brasileiros procuram e querem ter acesso às informações nutricionais,
mesmo que não compreendam na totalidade os dados da tabela nutricional. O
modelo com cores se revela uma proposta que cumpre a função de comunicar, de
modo didático, lúdico e com empatia, essas informações. Ademais o levantamento
indica que o modelo teve a preferência até de quem declara “raramente ler” as
informações da tabela.
“A
indústria acredita que qualquer modelo de rotulagem, sozinho, não é capaz de
substituir uma ação ampla de educação alimentar e nutricional, que oriente a população
a entender as informações nos rótulos dos alimentos e saber como compor uma
alimentação saudável e equilibrada, aliada à prática de atividade física”,
Alexandre K. Jobim, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de
Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR).
Metodologia da pesquisa
O
IBOPE Inteligência ouviu 2.002 pessoas com entrevistas pessoais domiciliares,
em 142 municípios, para a pesquisa quantitativa. Já na pesquisa qualitativa,
foram realizados 8 grupos focais (4 em São Paulo e 4 em Recife), para aplicação
de roteiro. “A pesquisa quantitativa foi planejada para representar a
opinião da população do país como um todo e cobre todas as regiões do Brasil e
todos os níveis socioeconômicos”, afirma Pavanelli, do IBOPE.
Semáforo
Nutricional
O
modelo é um rótulo frontal que indica, por porção, a quantidade de sódio,
açúcares totais e gordura saturada, coloridos em verde, amarelo e vermelho. Foi
desenvolvido com base em diversos trabalhos, numa análise do cenário mundial e
em revisão bibliográfica realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em
Alimentação – NEPA, da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas.
A
cor verde demonstra que os níveis do nutriente em questão (açúcar, gordura
saturada ou sódio) são considerados baixos ou adequados para o consumo do
alimento na porção quando associado a uma alimentação diária equilibrada.
A
cor amarela demonstra que os níveis do nutriente merecem atenção, pois
sinalizam que um consumo acima da porção recomendada pode comprometer o
equilíbrio da alimentação diária.
A
cor vermelha demonstra que os níveis do nutriente são considerados altos na
porção diária recomendada e por isso devem ter uma atenção maior de consumo,
quando associados a uma alimentação equilibrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário