Pesquisa revela que menos de 30% das mulheres
do Estado na faixa etária indicada pelo governo realizou a mamografia
Mesmo sendo um dos estados mais atuantes do país
quando se trata da realização de exames e tratamentos do câncer de mama, São
Paulo amarga um baixo índice de rastreamento mamográfico. Os números mostram
que os atendimentos às pacientes do Sistema Única de Saúde (SUS) ainda estão
longe do aceitável. Estudo realizado por pesquisadores da Sociedade Brasileira
de Mastologia (SBM) em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa constatou que
a cobertura mamográfica em 2016 de mulheres na faixa etária entre 50 e 69 anos
que residem no estado foi de 28,6%, ou seja, bem abaixo dos 70% recomendado
pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Passado o Outubro Rosa, a SBM faz o
alerta sobre esse cenário na maior federação do país, alertando que a
preocupação com o tema deve ser o ano todo.
De acordo com o presidente da SBM, Antônio Frasson,
a maior dificuldade para conseguir realizar a mamografia e iniciar o tratamento
quando existe uma queixa mamária ainda é a falta de acesso. “Se em São Paulo
que é o estafo mais desenvolvido do país há essas dificuldades, o que podemos
esperar de outras regiões mais pobres e longínquas desse país com dimensões
continentais?”, indaga o presidente. Segundo Frasson, a preocupação constante
com o desenvolvimento de novas estratégias diagnósticas e terapêuticas
infelizmente deixa de ser aplicada em nosso país pela falta de acesso e de
recursos. A distância entre o conhecimento e a sua utilização para o bem de
pacientes oncológicos é cada vez maior. “Trabalhamos em prol da população
brasileira, especialmente as mulheres. Nosso objetivo é sempre oferecer o
melhor atendimento, mas para isso elas precisam ter acesso. Se não estão tendo
é preciso lutar por isso. Os direitos delas também são a nossa luta”, afirma o
mastologista.
Frasson lembra que o papel da SBM é ajudar na
conscientização da mulher sobre a importância de se cuidar, disseminando
informação qualificada. “Não podemos de forma alguma ignorar os altos índices
de casos e óbitos por conta da doença. Isso é uma realidade que precisa ser
considerada”, diz o presidente, acrescentando que entre os próximos dias 23 e
25 de novembro, mais de 1,5 mil mastologistas de todo o Brasil se reuniram em
São Paulo na 13ª Jornada Paulista de Mastologia, justamente para
discutir a evolução do tratamento do câncer de mama.
O enfoque deste evento foi a personalização do
tratamento do câncer de mama de acordo com as necessidades de cada paciente,
adequando a tendência de reduzir a extensão do tratamento sempre que for
possível, tanto do ponto de vista da cirurgia quanto da quimioterapia e
radioterapia.
“São temas de extrema importância para a qualidade
de vida das pacientes”, lembra ele. O avanço da avaliação genética dos tumores
e as terapias personalizadas de acordo com cada perfil genético do câncer
também foram temas do evento que tratou ainda da reconstrução mamária imediata
e as novas técnicas e instrumentos aplicados pelo mastologista alemão Thorsthen
Kühn. “Ele trouxe as experiências e tendências da Europa e interagiu com os
mastologistas brasileiros, que se especializam cada vez mais nessa técnica”,
finaliza.
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