A criação da Política
Nacional de Meio Ambiente foi um importante passo para a melhor
gestão dos resíduos sólidos. Mais do que apontar o problema, ela deu direcionamento
para que os municípios pudessem buscar, dentro da sua própria realidade, formas
sobre como lidar com essa situação.
Até hoje, muitos de nós
nos acostumamos a colocar o lixo na porta de nossas casas e dar o assunto como
encerrado. A consciência sobre o que é feito com esse lixo, de que forma ele
impacta a vida de todos e o que isso representa no futuro das próximas gerações
estão entre os muitos questionamentos que começaram a se desenrolar nos últimos
anos.
Uma das primeiras coisas
que devemos pensar é que o lixo que eu produzo não traz consequências apenas
para a minha vida. O problema do lixo não é individual, ele é de toda a
sociedade.
Da mesma forma que o
lixo que eu produzo não é apenas meu, as cidades estão começando a entender e
perceber que o lixo que ela produz não traz transtornos apenas para a sua
população. O lixo impacta toda a região onde ele se acumula. Não dá para se
imaginar que cada cidade vá criar o seu próprio centro de tratamento para o
lixo, assim como também não podemos mais tolerar e conviver com os lixões a céu
aberto. O que fazer diante deste dilema?
Os chamados EcoParques –
que recebem o lixo, fazem sua separação, tratamento e eventualmente geram
receita a partir da produção de Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) –
representam investimentos enormes e só são economicamente viáveis se tiverem
como receber lixo de várias cidades ao mesmo tempo.
Por isso, na Secretaria
de Meio Ambiente, criamos uma área específica para fomento e estímulo de ações
em torno de consórcios, aglomerações urbanas e regiões metropolitanas. As
cidades precisam unir forças, independente de bandeiras ou partidos políticos,
na busca pelo o que é melhor para o seu cidadão. Ao se unirem, os consórcios de
cidades conseguem atrair investimentos, reduzir custos, otimizar serviços e,
acima de tudo, conseguem oferecer um serviço melhor para os seus cidadãos.
Um famoso ditado árabe
diz que “quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”.
Isso porque as
tâmaras levam mais de 80 anos até que possam ser colhidos seus frutos. Esse
trabalho de cuidar do meio ambiente, migalha por migalha, pode não ser notado
hoje de forma imediata, mas ele com certeza será de grande valia para nossos
filhos, nossos netos e todas as futuras gerações.
Saber cuidar do nosso
lixo representa uma importante etapa na luta pela melhoria da qualidade de
vida. Uma cidade mais limpa tem menos doenças; as pessoas economizam dinheiro
porque não gastam com hospitais e remédios; com menos doenças a cidade
produz mais e melhor e se tornam cada vez mais atraentes para novas indústrias
e investidores, fechando assim um círculo em que todos saem ganhando.
Quando cuidamos da saúde
das pessoas, na verdade estamos cuidando também da saúde dos municípios! Ao
auxiliar o pequeno e médio município a crescer, ajudamos também na sua luta
para reter seus talentos, atrair investimentos, gerar mais empregos e melhorar
a qualidade de vida dos seus cidadãos.
Se desejamos construir
um sistema moderno para a gestão de resíduos sólidos, precisamos seguir
exemplos como o de Piracicaba (SP), onde de todo lixo doméstico coletado, 85%
são transformados em combustível ou enviados para reciclagem e apenas 15% são
enviados para um aterro de rejeitos.
O EcoParque do futuro,
no entanto, não pode olhar apenas para a cidade onde está localizado. Para ser
viável economicamente, o EcoParque precisa tratar o lixo de cidades vizinhas,
num raio de até 60 quilômetros, com a possibilidade de ainda devolver créditos
pela receita obtida na geração de combustíveis do lixo tratado.
Por isso os consórcios
de cidades, principalmente aqueles que possuem objetivos específicos, são a
melhor solução para a gestão de resíduos sólidos. Apenas em consórcios, e com a
entrada de investimentos de grandes empresas, é que cidades pequenas e médias
conseguirão viabilizar parcerias bem planejadas e executadas para o setor.
Maurício Brusadin - secretário de Meio Ambiente
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