No dia 27 de
julho é comemorado o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho. Dentre
os acidentes oculares de trabalho, 6% causam problemas irreversíveis. No
Brasil, o acidente ocular é a principal causa de cegueira em um dos olhos. O
Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima que os acidentes ocupacionais
oculares correspondam a 150 mil casos por ano, com maior frequência entre
homens na faixa etária de 20 a 40 anos, quando se está no auge da
produtividade. Como este órgão é muito sensível, uma contusão ou descuido pode
ter desfechos dramáticos. Apesar dos grandes avanços da medicina na área
oftalmológica, os danos nem sempre são reversíveis.
O
oftalmologista Hilton Medeiros, da Clínica de Olhos Dr. João Eugenio, explica
que muitos acidentes oculares ocorrem por desrespeito às normas e leis de
segurança de empresas ou uso inadequado dos Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs). “Existem profissões que exigem o uso de EPIs, como, por exemplo, os
óculos de proteção, e concentração do funcionário para evitar danos à visão.
Quando estes dois fatores são subestimados, os riscos de lesões são altos”, diz
o especialista, apontando que a inaptidão para o trabalho causada pelo comprometimento
da visão é, em média, de 15 semanas, quando não permanente, contra cinco para
as que afetam outras partes do corpo.
Cerca de 60% da população brasileira entre 18 a 40 anos precisam de lentes corretivas devido a algum tipo de desvio de refração (miopia, astigmatismo, hipermetropia). Muitas vezes, o acidente de trabalho acontece porque a pessoa não quer usar óculos de grau ou lentes ou está usando lentes com grau defasado e, consequentemente, não enxerga direito.
Curiosamente,
os ferimentos mais comuns nos olhos não são decorrentes das profissões mais
arriscadas que exigem o uso de óculos de proteção e máscaras. São os causados
por produtos utilizados na limpeza doméstica, objetos pontiagudos ou
estilhaços. A água sanitária e os produtos de limpeza são os grandes vilões.
“Um respingo no globo ocular é suficiente para danificar a visão”, afirma
Hilton Medeiros, alertando que grande parte dos acidentes poderiam ser evitados
caso os adultos fossem mais cuidadosos ao manusear as substâncias.
Queimaduras
provocadas por substâncias químicas são tão perigosas quanto aquelas causadas
por fontes térmicas. O produto químico precisa ser removido rapidamente, caso
contrário continua penetrando nos olhos, gerando reações inflamatórias, podendo
perfurar os tecidos oculares.
Colisões
contra os olhos também são freqüentes e podem gerar desde um simples arranhão
na córnea, um descolamento de retina, até o desencadeamento de uma catarata
precoce ou glaucoma. “Nos casos mais graves, em que a contusão pode desenvolver
uma catarata precoce ou até o descolamento de retina, tem de ser feita cirurgia
para evitar a morte da retina e, consequentemente, a perda da visão”, explica o
especialista. O mesmo procedimento deve ser adotado no caso de objetos
perfurantes. “Objetos que chegam a perfurar e se instalar na estrutura ocular
podem levar a perda total da visão em questão de dias”, completa.
Há outras
situações em que os pacientes apresentam quadro de hemorragia, mas melhoram em
até três dias. E nos casos mais simples, onde há apenas um arranhão no epitélio
- fina camada de pele que envolve a córnea -, o paciente pode apresentar o
quadro de dor e embaçamento da visão, e se recuperar em até dois dias.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, a cada ano, entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas ficam cegas no mundo em consequência de danos causados por traumas oculares.
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