Cálcio: é bom só para os ossos?
Que o cálcio faz bem para os ossos ninguém duvida, mas é só isso?
Você sabia que
este mineral participa de funções importantes do organismo e, por isso,
sua presença é vital para o perfeito funcionamento do corpo humano?
A
nutricionista Ana Paula Del´Arco mostra como e o porquê a recomendação
do consumo de 3 porções de lácteos ao dia é tão importante para o
suprimento da ingestão deste mineral.
Nervos e músculos - o
cálcio é responsável pela transmissão de impulsos nervosos e contração
muscular, o que se traduz, por exemplo, pelos batimentos cardíacos.
Controle da massa corpórea - participa
de sinalizações intra e extracelulares, como por exemplo a regulação da
termogênese (regulação da temperatura corporal) e a regulação de
lipogênese (produção de ácidos graxos (gorduras) a partir do excesso de
glicose no organismo, guardando energia) e lipólise (o contrário da
lipogênese, ou seja, é a quebra da gordura (dos ácidos graxos) em
glicerol, para obter energia para o corpo), atuando positiva ou
negativamente nos quadros de obesidade.
Ossos – sabidamente fundamental para a saúde óssea e dentária.
Assim, o cálcio tem definidas duas funções no organismo: as regulatórias (sinalizações celulares) e as estruturais (estrutura óssea e dentária).
Você sabia que
nosso corpo possui um reservatório de cálcio? Ele é o mineral mais
abundante no organismo, representando 1,5% de toda a massa corporal e é o
5º em presença entre todos os elementos, perdendo apenas para o
oxigênio, carbono, hidrogênio e nitrogênio.
O
corpo humano abriga 99% do cálcio no esqueleto, ou seja cerca de 1,3 kg
de cálcio estão armazenados nos ossos, estando presente em 60% do
esqueleto humano.
O
organismo tem a capacidade de controlar a distribuição do cálcio para
suas diversas funções, por vezes retirando o mineral do reservatório
(esqueleto) quando há inadequada ingestão do mineral. A correta
distribuição do cálcio para as diversas funções no corpo é orquestrada
por hormônios, mais precisamente pelo PTH (hormônio da paratireoide), a
calcitonina e a forma ativa da vitamina D, além de um receptor para
detectar as concentrações de cálcio no fluído extracelular (CaR).
Ou
seja, o PTH tem a função de manter os níveis adequados de cálcio no
fluido extracelular, e a calcitonina a função de evitar níveis muito
elevados de cálcio no sangue. “É como se o corpo possuísse duas
alavancas: uma para inibir a redução de cálcio e outra para prevenir
aumentos anormais de cálcio. É por isso que alertamos para os prejuízos
que o organismo pode ter tanto para a falta quanto para o excesso de
cálcio”, explica.
Você sabia que
o corpo não absorve 100% do cálcio ingerido? Em torno de 30% de todo o
cálcio que ingerimos é absorvido pelo organismo, sendo normal a excreção
de cálcio pela urina e pelas fezes. Por isso, as recomendações
dietéticas de ingestão de nutrientes consideram estas peculiaridades de
absorção de cada nutriente no cálculo das necessidades.
Assim,
a existência de cálcio nas fezes e na urina é normal e não indica
necessariamente que está havendo um excesso no consumo do mineral. “O
que se revela na população brasileira é uma ingestão inadequada de
cálcio, segundo a POF (2008-2009), a inadequação de ingestão de cálcio
variou de 84 a 100%”, explica Ana Paula.
Veja
a relação entre a quantidade de cálcio presente em alguns alimentos e a
absorção estimada pelo organismo em alguns alimentos:
Alimento
|
Quantidade de cálcio
|
Absorção estimada
|
Leite (206 g)
|
300 mg
|
96,3 mg (32%)
|
Feijão (177 g)
|
50 mg
|
7,8 mg (15,5%)
|
Brócolis (71 g)
|
35 mg
|
21,5 mg (61%)
|
Espinafre (90 g)
|
122 mg
|
6,2 mg (5%)
|
Fonte: adaptada de Weaver e Heaney, 2005.
É por isso que as fontes lácteas são as mais indicadas para o adequado consumo de cálcio.
Fonte: Consultora para a Viva Lácteos – Associação Brasileira de Laticínios - Nutricionista Ana Paula Del’Arco
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