Novos medicamentos orais com indicação para o tratamento
desta população estão disponíveis no SUS, oferecem menor tempo de tratamento e
altas taxas de cura
Os
pacientes coinfectados com os vírus HIV e HCV, causadores da Aids e da Hepatite
C, respectivamente, no Brasil, comemorarão uma conquista inédita neste Dia
Mundial de Combate e Luta Contra a Aids: a disponibilização dos novos
tratamentos para hepatite C e para todos os tipos da doença hepática, incluindo
os pacientes coinfectados com HIV, pelo Ministério da Saúde, neste ano.
Lembrado em 1º de dezembro, o Dia Mundial de Combate à Aids tem o objetivo de
reforçar questões como solidariedade, tolerância e prevenção, além de alertar a
população sobre saúde e a necessidade de cuidados contínuos entre as pessoas
HIV positivas.
Segundo
o infectologista João Silva de Mendonça, Dr. em Ciências Médicas pela Unicamp e
Diretor do Serviço de Infectologia do Hospital do Servidor Público Estadual de
São Paulo, a falta do diagnóstico e tratamento do HCV em soropositivos pode
ocasionar a ineficácia dos antirretrovirais e progressão dos sintomas da AIDS.
Além das doenças do fígado causadas pelo HCV, o paciente que também é infectado
pelo HIV poderá enfrentar o agravamento de outras enfermidades, como o risco de
eventos cardiovasculares de grau 4, distúrbios do metabolismo da glicose, o que
aumenta os riscos de câncer de fígado e diabetes clínica, além do aumento de esteatose
hepática (acúmulo de gordura no fígado). “Se o indivíduo com HIV realiza a
terapia com antirretrovirais e a terapia supressiva da forma correta, a doença
passa a ser reconhecida com uma infecção crônica controlável. Caso não haja o
diagnóstico correto para o HCV, a evolução da doença hepática poderá causar até
a morte de uma pessoa que até então apresentava um quadro de saúde controlado”,
explica o especialista.
O
diagnóstico do HCV é a melhor forma de identificar e tratar a coinfecção. O
principal grupo de pacientes que deve ser submetido a testagem está na faixa
etária entre os 40 e 50 anos e é muito importante a repetição da testagem após
seis meses que o primeiro exame foi realizado para confirmação da sorologia.
“Hoje, temos remédios que são capazes de curar a hepatite C e consequentemente
reduzir o número de mortes causadas pela doença. É amplamente vantajoso que as
pessoas busquem a confirmação, principalmente entre as que realizaram
transfusões de sangue no passado e compartilharam seringas e agulhas, seja para
o uso de estimulantes para a prática de esporte ou uso de drogas. Esses
indivíduos podem e devem buscar o tratamento que está disponível no Sistema
Único de Saúde”, conclui o infectologista.
De
acordo com os dados do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do
Ministério da Saúde, 11% das pessoas com HIV no Brasil também são portadoras de
HCV e, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, 30% dos 170 milhões
de pessoas infectadas com o vírus HCV possuem coinfecção com o HIV.
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