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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Novembro Roxo: um mês para acolher, informar e fortalecer famílias de prematuros

UTI Neonatal do Vera Cruz Hospital
 Foto: Vera Cruz Hospital
Neonatologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), reforça a importância da prevenção, do cuidado integral e do apoio às famílias

 

O nascimento de um bebê é um momento de expectativa e alegria. Mas, quando ocorre antes do previsto, inicia-se uma jornada delicada, que exige cuidados especializados e uma rede ampla de apoio. Em 2025, novembro foi oficialmente instituído como o Mês da Prematuridade, reforçando a importância de informar a população, valorizar as equipes de saúde e fortalecer políticas públicas de cuidado desde o pré-natal até o pós-alta. 

No Brasil, o cenário é preocupante: o país está entre os dez com mais partos prematuros no mundo. A taxa nacional é de 11% a 12%, segundo o Conselho Federal de Enfermagem, índice superior ao de países desenvolvidos, que variam entre 5% e 9%, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses números reforçam a necessidade de ampliar o acesso ao pré-natal de qualidade e reduzir desigualdades que afetam mães e bebês. Por outro lado, a melhoria das redes de atenção e a qualificação das UTIs Neonatais têm contribuído para resultados significativamente melhores para esses pequenos guerreiros. 

O parto prematuro ocorre antes de 37 semanas de gestação. As causas são multifatoriais e podem incluir infecções urinárias ou genitais, gravidez múltipla, hipertensão arterial (pré-eclâmpsia), descolamento da placenta, malformações uterinas e fatores de estilo de vida, como tabagismo ou uso de drogas. Em muitos casos, a causa específica não é identificada. 

João Paulo Narciso Azevedo, médico neonatologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), explica que quanto menor a idade gestacional, mais riscos há. “Os principais problemas estão relacionados à imaturidade dos órgãos e sistemas. Após o nascimento, dificuldades respiratórias, digestivas, neurológicas e cardíacas podem estar presentes. Para cada uma delas, hoje dispomos de medicações, tecnologias e protocolos que evitam lesões capazes de impactar todo o desenvolvimento futuro. Também é fundamental lembrar dos riscos à visão e à audição, que são rastreados durante o acompanhamento”, destaca. 

Entre as complicações que mais exigem internação em UTI Neonatal estão a necessidade de suporte respiratório (ventilação mecânica ou CPAP), instabilidade cardiovascular, sepse neonatal, icterícia grave que exige fototerapia intensiva e enterocolite necrosante (uma inflamação grave do intestino). 

No Vera Cruz Hospital, a média de nascimentos prematuros é de 10% ao mês, mas nem todos os bebês precisam de internação na UTI. Para oferecer o suporte necessário aos bebês e às famílias que requerem esses cuidados, o hospital conta com dez leitos de UTI Neonatal, onde atuam médicos neonatologistas e especialistas de áreas como cirurgia pediátrica, neurocirurgia e neurologia, além de enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, psicóloga e nutricionista. A equipe também atua nas três salas de parto, no alojamento conjunto, que possui 16 leitos, e em um andar destinado para que as famílias permaneçam com o bebê durante todo o período anterior à alta. 

Azevedo reforça que a UTI Neonatal é um ambiente de vigilância contínua. “Monitoramos constantemente os sinais vitais, ajustamos o suporte nutricional, muitas vezes iniciado por via intravenosa, e administramos medicamentos específicos para cada condição. Também adotamos práticas de cuidado centrado no desenvolvimento, como controle de ruídos e iluminação, posicionamento adequado e, sempre que possível, a participação dos pais no cuidado”, explica o neonatologista. 

Por perder a fase final crucial do desenvolvimento intrauterino, o bebê prematuro pode apresentar atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. “Há risco aumentado de dificuldades para se sentar, engatinhar, andar ou falar no tempo esperado. Problemas de aprendizagem e comportamento também podem surgir mais tarde. Por isso, o acompanhamento pós-alta por uma equipe multidisciplinar é essencial”, completa o especialista. 

Para o neonatologista, o pré-natal é a principal ferramenta de prevenção. “Consultas regulares permitem diagnosticar infecções, controlar doenças crônicas, identificar sinais de ameaça de parto prematuro, como o encurtamento do colo uterino, e orientar sobre hábitos de vida saudáveis”, explica. Ele destaca, ainda, os principais fatores de risco: histórico de prematuridade, gestação múltipla, idade materna menor de 17 ou maior de 35 anos, doenças maternas (hipertensão, diabetes, infecções), uso de tabaco, álcool ou drogas, intervalo curto entre gestações e pré-natal insuficiente. 

A vivência da prematuridade é emocionalmente intensa, e muitos pais enfrentam sentimento de culpa, medo e ansiedade, além de desafios práticos, como rotina exaustiva no hospital, custos de deslocamento e a necessidade de conciliar o cuidado com o trabalho e outros filhos. “A rede de apoio, familiares, amigos, comunidade, é um pilar nesse processo. Ela pode ajudar de forma concreta com suporte emocional, cuidados com a casa e com outros filhos, preparo de refeições e até auxílio com custos indiretos. O mais importante é compreender que os pais precisam dedicar seu tempo ao bebê hospitalizado”, pontua. 

Após a alta, inicia-se uma nova fase, marcada por acompanhamento pediátrico frequente e consultas com especialistas como neurologista, oftalmologista e fonoaudiólogo. Estímulos adequados, prevenção de infecções e vacinação em dia são fundamentais para o desenvolvimento saudável. “Esta trajetória, embora desafiadora, é repleta de resiliência e esperança. Cada bebê prematuro é uma prova do poder da vida e da dedicação de suas famílias e das equipes de saúde. Informar-se é o primeiro passo para apoiar essa causa tão nobre”, finaliza.

 

Vera Cruz Hospital

 

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