Doença é transmitida por gatos e está fora de controle no Brasil, com ocorrências registradas em todos os estados brasileiros
A Secretaria de Saúde do
Estado de São Paulo e a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) de São
Paulo registraram crescimento expressivo dos casos de esporotricose no estado.
Em 2024, foram confirmados mais de 1.700 casos da doença em humanos, um indicativo
da rápida disseminação desta zoonose. A doença já foi identificada em mais de
100 municípios paulistas, o que ressalta a necessidade de ações coordenadas de
prevenção e controle.
A esporotricose é causada por fungos do gênero Sporothrix, que afetam
principalmente gatos e que pode ser transmitida para humanos. A gravidade da
situação em São Paulo é evidenciada pelo aumento no número de notificações. Em
2024, foram registrados 3.368 casos de gatos infectados, um crescimento de
aproximadamente 380% em comparação aos casos notificados em 2020. Essa evolução
demonstra que a doença está se consolidando como um importante problema de
saúde pública e animal no estado.
A cidade de São Paulo, em particular, tem enfrentado desafios consideráveis. A
COVISA publicou um mapa da doença por bairros, revelando as áreas mais
afetadas. Entre as Unidades de Vigilância em Saúde (UVIs), Vila Maria e Vila
Guilherme se destacam com 345 casos confirmados. No entanto, há presença da
doença em todas as zonas da capital paulista.
Os gatos de rua são de difícil controle e disseminam de forma rápida a doença.
“É um grave problema de saúde pública. Para se ter uma ideia, o fungo já se
tropicalizou e gerou uma espécie 100% nacional, a Sporothrix brasiliensis, que
é muito mais transmissível e já está se espalhando para fora do Brasil”,
explica o professor titular de medicina-veterinária da UNIP, Carlos Brunner.
Brunner é um dos maiores especialistas no uso de pulsos elétricos no tratamento
de doenças. Ele é precursor da eletroquimioterapia no Brasil e um dos
fundadores da Akko Health Devices, desenvolvedora de soluções em tratamentos
com eletroquimioterapia para medicina humana e medicina veterinária. Há quase
duas décadas, ele estuda os efeitos da técnica no tratamento de diversas
doenças, entre elas a esporotricose, e desenvolveu um equipamento inédito que
está sendo usado em clínicas veterinárias e em Universidades, caso da PUC de
Curitiba e da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
“A esporotricose é infecciosa e agressiva. Os gatos são as principais vítimas e
os potenciais transmissores. Ela causa lesões cutâneas que podem começar como
pequenos caroços (nódulos) e evoluir para úlceras abertas e com secreção. Essas
feridas não cicatrizam facilmente e costumam espalhar-se pelo corpo. O tratamento
com antifúngico é demorado e muitas vezes não traz os resultados esperados”,
explica Brunner.
A transmissão da esporotricose para humanos é feita por meio do contato com o
animal infectado. Os arranhões são a principal porta de entrada. A lesão ocorre
geralmente nas mãos, braços, rosto ou pernas e começa como um nódulo
avermelhado e firme. Depois, evolui para uma ferida ulcerada, que pode drenar
pus. Ela não causa dor, mas demora para cicatrizar. O problema é que a infecção
se espalha pelos vasos linfáticos e quando encontra uma pessoa com o sistema
imunológico comprometido (caso dos imunossuprimidos) ela pode atingir ossos,
pulmões, olhos e até o sistema nervoso central, levando à morte.
Nova técnica de tratamento
O fungo da esporotricose ataca as células da pele, se reproduzindo no tecido e
matando essas células. “O que fizemos foi desenvolver um equipamento capaz de
criar mais poros na pele e por meio deles combater o fungo”, Explica Brunner. O
equipamento Sporo Pulse, fabricado pela empresa brasileira Akko Health Devices,
tem sido usado com sucesso no tratamento da doença.
“Como não usamos medicação, as células da pele do gato permanecem vivas, porque
os poros se formam e se fecham. Já a estrutura celular dos fungos é diferente,
então os poros se formam e não se fecham mais, matando o fungo. Como trabalho
com eletroporação há 18 anos pensei na possibilidade de provocar a formação dos
poros irreversíveis nos fungos, devido suas características celulares. Ou seja,
matando o fungo e preservando o tecido normal do gato”, explica o prof.
Brunner.
A nova técnica está trazendo esperança para os animais e tutores já que exige
menor número de manipulações do gato, menor custo, boa eficácia em animais
resistentes à terapia convencional e redução do período de tratamento.
“O fato de termos animais não domiciliados ou que têm acesso à rua reforça a
necessidade de um tratamento assertivo e rápido. Os gatos que são agressivos,
que têm pouco contato com pessoas, os chamados “ferais”, teriam que ser medicados
diariamente por meses, o que é praticamente inviável. Com essa técnica eles
podem ser recolhidos, tratados com uma manipulação apenas, ao longo de 3 meses,
e estariam 100% curados”, conclui Brunner.
A eutanásia não pode ser considerada uma solução para o controle da doença. Os
gatos precisam ser tratados e não podem ser vistos como culpados pela epidemia
que estamos vivendo.
Akko Health Devices

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