A comprovação depende de uma análise criteriosa que
deve ser conduzida por profissionais capacitados
No
dia 3 de dezembro, é comemorado o Dia Internacional das Pessoas com
Deficiência, uma data que reforça a importância da acessibilidade e da
igualdade de oportunidades. No Brasil, os concursos públicos têm papel
fundamental nesse processo, garantindo vagas reservadas para pessoas com deficiência
(PCD) e promovendo políticas inclusivas que vêm sendo ampliadas nos últimos
anos.
A
inclusão de PCDs no serviço público é um marco das políticas de igualdade. Para
concorrer às vagas reservadas, é necessário comprovar a deficiência conforme
critérios técnicos e legais previstos nos editais. O Estatuto da Pessoa com
Deficiência (Lei 13.146/2015) define PCD como aquela que apresenta impedimento
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, em
interação com barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade.
A
médica Caroline Daitx, especialista em medicina legal e perícia médica,
destaca que essa definição é ampla e busca atender às especificidades de
diferentes condições de saúde. “O conceito de deficiência vai além da avaliação
física do corpo e inclui barreiras impostas pelo ambiente, sejam elas sociais,
arquitetônicas ou de comunicação. A comprovação depende de uma análise
criteriosa que deve ser conduzida por profissionais capacitados, com base em documentos
médicos claros e fundamentados”, explica.
O
processo de comprovação da deficiência para concursos públicos envolve a
apresentação de laudos médicos, exames e outros documentos comprobatórios que
atestem a condição do candidato, baseados nos critérios estabelecidos pela
legislação e descritos nos editais. “Esses laudos devem conter informações
detalhadas sobre a deficiência, incluindo o diagnóstico clínico de acordo com a
Classificação Internacional de Doenças (CID), a descrição do impacto funcional
e, quando necessário, exames complementares, como audiometria, campimetria
(teste de campo visual) ou imagens radiológicas. A objetividade do laudo é
essencial para evitar interpretações equivocadas durante a análise pericial.
Relatórios bem elaborados, fundamentados na ciência e na ética, são
instrumentos indispensáveis para assegurar os direitos dos candidatos”, afirma
a médica.
Os
editais costumam prever etapas de avaliação presencial ou documental,
conduzidas por comissões médicas formadas para verificar a autenticidade e a
adequação das informações apresentadas. A especialista ressalta que essa
análise deve levar em conta não apenas os aspectos físicos da deficiência, mas
também o impacto na vida diária e na interação com o ambiente. “A avaliação
multiprofissional e interdisciplinar é uma das maiores conquistas do Estatuto
da Pessoa com Deficiência. Ela permite que os candidatos sejam analisados de
forma ampla, considerando fatores como impedimentos corporais, limitações na
execução de atividades e restrições à participação social”, reforça.
Novas regras reforçadas pelo Decreto nº 12.533/2025
Em
junho de 2025, o Governo Federal publicou o Decreto nº 12.533, que fortalece a
acessibilidade nos concursos públicos federais. Entre as medidas estão:
- Manutenção da reserva mínima de 5% das vagas para PcD;
- Publicação de listas separadas para ampla concorrência e PcD;
- Garantia de adaptações razoáveis, como tempo adicional, recursos
tecnológicos e provas acessíveis;
- Avaliação por equipe multiprofissional, assegurando compatibilidade
entre deficiência e atribuições do cargo.
Daitx
enfatiza que o candidato deve ter um cuidado especial ao analisar os editais de
concursos, garantindo que sua documentação atenda a todos os requisitos
técnicos e legais. “É imprescindível que os candidatos conheçam não apenas seus
direitos, mas também os critérios definidos nos editais”, finaliza a perita.
Inclusão efetiva no Concurso Nacional Unificado (CNU)
O
CNU, realizado em 2025, trouxe resultados expressivos: 6,79% dos aprovados são
pessoas com deficiência, embora tenham representado apenas 2,06% das
inscrições.
Todas
as vagas reservadas foram preenchidas, e PcD também conquistaram vagas na ampla
concorrência, evidenciando que a política de cotas funciona como piso, não
teto.
O certame foi considerado um marco na democratização do acesso, com provas adaptadas em braile, Libras e tecnologias assistivas.
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