Produção traz à tona a forma como gestos,
silêncios e expressões corporais podem ser vistos como sinais fundamentais de
desconforto, ansiedade ou carência emocional
A
série Adolescência - lançamento da Netflix - viralizou mundialmente por vários
motivos, como a sequência única de gravação, sem cortes, o ator principal,
estreante e brilhante, além da temática, absolutamente necessária de ser
discutida e mais abordada hoje em dia.
A
série mergulha nos dilemas silenciosos da juventude contemporânea e convida
pais e responsáveis a prestarem atenção ao que muitas vezes não é dito, mas
sentido. Por meio de cenas que capturam os conflitos emocionais e sociais
enfrentados pelos adolescentes, a produção escancara a importância da
comunicação não-verbal no cotidiano familiar.
É
o que reforça o especialista em comunicação e oratória com mais de 15 anos de
estudos dedicados ao assunto, Giovanni Begossi: “A falta de diálogo direto é
muito recorrente nessa fase - eu falo até por experiência própria porque fui
muito introspectivo e sofri com o bullying - mas é importante observar os
olhares desviados, as portas que batem e os socos na mesa ou na parede. Isso
tudo entrega muito mais do que qualquer discurso”, diz.
Com
uma narrativa centrada em um grupo de jovens que enfrentam desafios típicos da
adolescência - como relações instáveis, bullying e o impacto das redes sociais
- a série reforça o papel da escuta visual, que observa o que o corpo comunica
como ferramenta essencial de cuidado.
“Ao
retratar interações familiares marcadas pelo distanciamento, como é o caso do
investigador com o filho e até do próprio protagonista, a produção reforça como
a falta de convívio, de contato visual ou o simples fato de chamar o filho de
filho podem provocar alterações emocionais ou dificuldade de expressão verbal por
parte dos jovens. A leitura atenta desses sinais é importante para estabelecer
vínculos com mais empatia e canais de diálogo mais efetivos”, aponta.
As
redes sociais, tratadas como extensão emocional dos personagens, também podem
ser reveladoras e funcionam como um novo espaço de expressão não-verbal. A
ausência de publicações ou posts com frases vagas, fotos carregadas de
simbolismos e interações digitais sugerem estados emocionais que escapam do
convívio direto. “A série escancara como é importante não apenas observar esses
sinais, mas estar disposto a compreendê-los sem julgamento. Se o adolescente
não se abre, conversar com amigos é um caminho, como os emojis cheios de
significados que um dos episódios mostra, adultos possivelmente vão estar por
fora disso, mas podem e devem contar com a ajuda seja da escola, dos
professores ou até dos amigos mesmo para se manter por dentro desse universo”,
explica.
Para Giovanni, que dá treinamentos sobre os diversos tipos de linguagens em empresas de todos os segmentos e já atuou também no GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais da PM de SP), é no gesto contido ou explosivo, no silêncio prolongado e na mudança súbita de comportamento que os jovens muitas vezes pedem ajuda. “Há uma narrativa paralela à verbal e ela merece atenção. Ao ampliar o olhar sobre a adolescência além do que é dito, essa série sugere que as famílias reflitam sobre a escuta ativa, presença afetiva e leitura sensível do cotidiano”, finaliza.
Giovanni Begossi - mais conhecido como El Professor da Oratória, possui 15 anos de estudos dedicados à comunicação, também é advogado e bicampeão brasileiro de oratória. Palestrante e professor de argumentação internacional, foi por meio da comunicação que deixou de ser um “nerd anti social” e ganhou mais de 20 prêmios de debate e oratória em três idiomas diferentes: inglês, espanhol e português. Referência no ramo, é criador dos métodos Hiper Persuasão, Oratória Viral e Destrave Sua Comunicação, além de mentor de grandes influenciadores, empresários multimilionários, ex-BBBs, políticos, atletas profissionais e até desembargadores. Possui o maior perfil de comunicação e oratória da América Latina com 2 milhões de seguidores no Instagram. @elprofessordaoratoria
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