Está cada vez mais frequente acompanhar casos de grandes empresas em situação financeira difícil. Recentemente, o ocorrido com a Americanas tomou uma proporção nacional, mas outras marcas como Tok&Stok e Livraria Cultura também mostraram que erraram a mão e estão em dificuldades. Recentemente um dos sócios da XP afirmou publicamente que o resultado ruim da empresa, que também passa por dificuldades, se deve à "perda de credibilidade por constantes erros de operação”. Será apenas isso?
É fato que o
mercado está muito dinâmico - mais do que nunca - e vai continuar acelerando.
Muitas pessoas já começaram a se dar conta disso, mas entre se dar conta e as
companhias reagirem, vai uma distância muito grande. Os sistemas de gestão que
governam o processo de formulação e execução da estratégia são da era
industrial e não são capazes de responder às necessidades do mercado atual.
Esse é um dos grandes responsáveis pelos erros das organizações, pois não
adaptaram nem o primeiro e nem o segundo.
Quando digo que as
pessoas começaram a se dar conta, me refiro aos líderes, ao C-Level. Porque
convenhamos, para baixo dessa hierarquia, as chances são poucas de perceberem
toda essa mudança. Já faz cinco anos que tenho visto movimentos destas
lideranças que abraçam algo que não sabem bem o que é e muito menos como fazer.
Eu mesmo me enquadro nessa categoria, quando comecei a adotar na gestão os OKRs
- Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) em 2017.
Para começar, é
preciso olhar para o processo de formulação da estratégia, e perceber
quais são os sinais que o mercado está mandando, porque está mudando muito
rápido, e conseguir entender qual é o problema que precisa ser resolvido e,
assim, ajustar a atuação, trazendo inovação. Parece estar claro que não é só o
processo que não está bom, as pessoas sentadas nas cadeiras executivas não
estão preparadas para isso. Para olhar para diversos lados, entender o
comportamento do cliente etc. Precisamos ser centrados no cliente! O que,
afinal, significa isso, na prática?
Existem alguns
líderes que gostam de colocar aquelas frases bonitas - que ficam bem em um
quadro com a descrição da missão, visão e valores - na copa do escritório, para
que o seu time veja, se motive e se inspire. Todos lêem no primeiro e segundo
dias. Mas a partir do terceiro, passam reto pelo quadro, porque aquelas frases
já não querem dizer mais nada aos colaboradores a respeito do que fazem no dia
a dia.
Essa situação faz
transparecer outro problema: o processo de execução da estratégia é falho. Não
vai muito além do quadro na parede. As ideias são vagas, são muitas e sem
priorização, são mal comunicadas e, tudo é para ontem. Obviamente não há
recursos para executar tudo bem feito ao mesmo tempo. O primeiro passo para
corrigir isso é montar um sistema de gestão onde você consiga conjugar inovação
com o dia a dia, deixando para trás o que não te leva mais pra frente, mesmo
que tenha te trazido com sucesso até aqui. Vijay Govindarajan, um dos maiores
especialistas do mundo em estratégia e inovação, propõe o modelo das 3 caixas:
a caixa do presente, a caixa do passado e a caixa do futuro. É preciso fazer
isso de maneira consistente.
Para corrigir
integralmente o processo de execução da estratégia e parcialmente o da formulação,
os OKRs podem ter um papel fundamental, pois ajudam a incorporar adaptabilidade
na execução e aprendizagem do processo. A ferramenta possibilita uma evolução
constante, tanto na formulação da estratégia como na execução.
Além disso, os
OKRs agregam alinhamento, foco e clareza de direção em um processo de
construção bottom up top down, gerando assim muito engajamento dos
colaboradores e outras visões em como executar a estratégia. Na minha
experiência como head de gestão, de 2017 e 2019, alavancarmos os resultados ao
mesmo tempo em que tínhamos uma organização bastante contente em dedicar muito
para levar a companhia para um patamar muito melhor do que estava.
Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em
OKR. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre
outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta
nas Américas. http://www.gestaopragmatica.com.br/
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