A
pesquisa, fruto da parceria entre o Itaú Social, Todos Pela Educação, Instituto
Península e Profissão Docente, ouviu mais de 6,7 mil professores de escolas
públicas de todo o Brasil
Resultados
apresentaram a opinião dos docentes sobre os desafios da profissão e quais
devem ser as prioridades para as escolas e secretarias, além de destacar
temáticas relacionadas à valorização profissional e à progressão de carreira
docente
Uma pesquisa de
opinião, que ouviu professores da rede pública do estado de São Paulo, revela
que 32% dos docentes têm como principal desafio a defasagem das aprendizagens
dos estudantes. O levantamento foi encomendado ao Ipec (Inteligência em
Pesquisa e Consultoria Estratégica) em parceria entre o Itaú Social, Todos Pela
Educação, Instituto Península e Profissão Docente e ouviu 6.775
professores de escolas de ensino regular da rede pública (municipal e estadual)
de todo o Brasil. Entre os destaques, o estudo explorou as prioridades das
secretarias de Educação na visão dos professores, além de dados sobre a
progressão de carreira e a percepção sobre a profissão.
O segundo maior
desafio em sala de aula, na visão dos professores, é o desinteresse dos
estudantes (28%), o que pode ter sido agravada pela pandemia de Covid-19. A
indisciplina dos alunos é o terceiro elemento mais mencionado por professores
paulistas, com 20% dos apontamentos.
Como resposta a
essas questões, ainda apontaram quais seriam as prioridades que as secretarias
de Educação devem adotar nos próximos anos, sendo as cinco primeiras: a oferta
de apoio psicológico a professores e estudantes (19%); a promoção do
envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos (17%); o aumento do
salário dos professores (16%); a promoção de programas de reforço e recuperação
(15%); e a melhoria da infraestrutura escolar (12%).
“A implementação
de programas de reforço e recomposição das aprendizagens é uma prioridade para
enfrentarmos o cenário de aprofundamento das desigualdades enfatizado pelos
professores. São necessárias ações estruturadas nas distintas instâncias
da gestão educacional, desde as secretarias, gestão das escolas até novas
práticas pedagógicas na sala de aula para dar conta dos desafios. Também é
importante fortalecer o diálogo e a articulação entre o governo federal e
estados e municípios para avançar com a oferta de ensino integral e a Busca
Ativa para alcançar, especialmente, os estudantes mais prejudicados com o
fechamento das escolas em razão da pandemia de Covid-19”, afirma a
superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.
As entrevistas
foram realizadas entre julho e dezembro de 2022 e permitem compreender a
percepção dos docentes brasileiros sobre diferentes questões da Educação
Básica.
Trajetória
profissional
O levantamento de
opinião revelou que 13% concordam totalmente que os atuais cursos de graduação
de Pedagogia e licenciaturas estão preparando bem os docentes para o início da
profissão, sendo que, na média nacional, o percentual de docentes que têm essa
afirmação é de 19%.
Os cursos
presenciais formam docentes mais preparados de acordo com 83% dos
entrevistados. Apesar dessa visão, seis a cada 10 professores (61%) graduados
no Estado em 2020 estudaram à distância. Além disso, 58% afirmam não terem
recebido orientação específica em seu primeiro ano de docência, quando estudos
demonstram que a curva de aprendizagem é muito mais alta nos cinco primeiros
anos de prática.
Percepções
Apenas 8% dos
entrevistados concordam (4% totalmente e 4% em parte) que, no Brasil, os
professores são tão valorizados quanto médicos, engenheiros e advogados. A
grande maioria dos docentes (91%), sinalizam que gostariam de participar mais
do desenho de políticas e programas educacionais de sua rede de ensino.
Apesar da baixa
valorização e dos desafios da carreira, 8 em cada 10 entrevistados concordam
que, se pudesse decidir novamente, ainda escolheria ser professor. Além disso,
88% afirmam totalmente que a maior satisfação na profissão é quando percebem
que os alunos estão aprendendo.
Progressão
da carreira
96% dos docentes
concordam (69% totalmente e 27% em parte) que a progressão na carreira deve vir
por meio da melhoria da prática pedagógica. Em outras palavras, esses
profissionais acreditam que professores que conseguem garantir melhores
condições de aprendizagem para os estudantes devem avançar mais rápido na
carreira. 47% discordam de que seus planos de carreira atendem suas
expectativas de crescimento profissional. Hoje, em geral, professores avançam
na carreira por titulação e tempo de serviço.
O Itaú Social
desenvolve, implementa e compartilha soluções para contribuir com a melhoria da
educação pública brasileira e para a redução das desigualdades educacionais.
Sua atuação está pautada na formação de profissionais da educação e na
realização de pesquisas e avaliações. www.itausocial.org.br
Sobre
a pesquisa
Como parte da iniciativa Educação Já – agenda sistêmica que apresenta diagnósticos e
propostas para o enfrentamento dos principais desafios da Educação brasileira –
o Todos Pela Educação tem realizado um amplo processo de escuta com atores da
comunidade escolar. Em 2022, outras pesquisas captaram as percepções de alunos e diretores de escolas públicas de todo o país. O intervalo de
confiança da pesquisa com professores encomendada ao Ipec é de 95% e a margem
de erro é de 1 ponto percentual para mais ou para menos sobre os resultados
analisados considerando o total da amostra.
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