Número de casos e
óbitos pela doença crescem, mas a maioria dos casos pode ser curada quando a
detecção é precoce e o tratamento efetivo
Em torno de um terço dos casos de câncer se deve a
fatores de risco como o fumo, o consumo de álcool, a obesidade, a baixa
ingestão de frutas e verduras e a falta de exercícios físicos. “É uma parcela
significativa e, se refere a hábitos que poderiam ser mudados para evitar o
câncer”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Dr.
Clóvis Klock.
De acordo com o médico patologista, cuja
especialidade é responsável por diagnósticos de doenças como câncer, os hábitos
saudáveis precisam fazer parte de nossas vidas. “Praticar exercícios com
regularidade e evitar uma vida sedentária ajuda na prevenção não só de boa
parte dos tumores, mas também de outras complicações, especialmente
cardiológicas e cardiovasculares. Além disso, é imperativo uma boa alimentação,
com atenção ao consumo excessivo de carne vermelha e balanceamento das
refeições com uma maior ingestão de fibras, presentes em frutas, legumes e
verduras”, afirma.
O tabagismo, mesmo com uma aparência mais moderna,
sofisticada ou natural, é prejudicial à saúde. “O cigarro comum, assim como
essa nova onda de cigarros eletrônicos, eles todos, estão ligados diretamente a
quase todos os tipos de câncer. Por isso, devemos focar nossos esforços na
prevenção e para que, principalmente, os jovens não adquiram esse hábito. Essa
tarefa é um trabalho do governo juntamente com a sociedade. No caso das bebidas
alcoólicas, a prevenção é a mesma, se puder não fazer uso, independente de
datas comemorativas ou eventos, melhor para o nosso organismo”, acrescenta o
Dr. Klock.
Além desse conjunto de causas evitáveis do câncer,
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), infecções causadoras de câncer
como as provocadas pelo papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês), e as
hepatites são responsáveis por cerca de 30% dos cânceres nos países de renda
baixa e média-baixa. Existem vacinas para alguns tipos de hepatite e para os
principais subtipos de HPV, vírus cujo risco de transmissão é reduzido com o
uso de camisinha.
No Brasil, a ministra da Saúde, Nísia Trindade,
anunciou em março que pretende adotar testes moleculares, como o PCR, no
Sistema Único de Saúde (SUS) para identificar o HPV em mulheres de 25 a 64 anos
como estratégia nacional para rastrear o vírus, que é a principal causa para o
câncer do colo do útero. “Apoiamos totalmente esta nova visão do Ministério da
Saúde em relação ao câncer do colo uterino”, diz o Dr. Klock.
O médico observa ainda que “há cura para a maioria
dos cânceres quando a detecção é precoce e o tratamento é efetivo”. Os
patologistas contribuem nesta parte por serem especialistas no diagnóstico de
diversas doenças, inclusive os vários tipos e subtipos de câncer. O diagnóstico
preciso leva à orientação de tratamento específico, em todos os casos de
câncer.
Apesar disso, os números de incidência e óbitos
pelo câncer vêm crescendo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA),
são estimados 704 mil novos casos de câncer anualmente para o triênio 2023-2025
em território nacional. Em relação à última projeção para o período 2020-2022,
observa-se um acréscimo de quase 80 mil novos casos anualmente. Apesar das
estimativas alarmantes, o crescimento pode ser provocado pela soma de dois
fatores positivos; o reflexo de a população estar vivendo por mais tempo, com
mais gente chegando a uma idade em que as chances de câncer são maiores, e com
um maior reconhecimento da doença, devido a disseminação de exames como
colonoscopia, mamografia e Papanicolau.
Os exames preventivos são fundamentais para o
combate ao câncer, pois permitem a detecção precoce da doença, aumentando as
chances de cura e possibilitando um tratamento menos agressivo e invasivo.
“Quando é diagnosticada alguma alteração, é feita uma biópsia. Essa amostra
quem vai analisar é o médico patologista. Então é ele que vai dar o diagnóstico
de câncer, se essa lesão é benigna ou não, assim como todas as diretrizes de
tratamento caso haja existência do tumor." finaliza.
Sociedade Brasileira de Patologia - SBP
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