O Mapa da Felicidade comparou
resultados deste ano com os de 2004 e descobriu mudanças interessantes na
percepção dos paulistas sobre o que os faz felizes, ou infelizesFreepik
Dinheiro e juventude não trazem
felicidade. E não se trata de nenhum ditado ou pensamento filosófico, mas do
Mapa da Felicidade do Estado de São Paulo, maior pesquisa sobre o tema no País,
realizada pela primeira vez em 2004 e reeditada agora, em celebração ao Dia
Internacional da Felicidade, 20 de março.
Outros resultados
interessantes, divulgados a seguir indicam que a espiritualidade é o atributo
mais decisivo para a sensação de felicidade dos paulistas e as mulheres se
tornaram mais felizes do que os homens. "Como a percepção de felicidade é
subjetiva, a melhor forma de avaliação é propor que os entrevistados definam o
nível de felicidade que estão sentindo e os atributos que mais interferem nessa
sensação", explica o estatístico e cientista da felicidade Jorge Oishi,
coordenador da pesquisa, realizada pelo Instituto Cidades.
E quais seriam os principais
ingredientes da sensação dos paulistas? Entre 11 pilares avaliados,
"Espiritualidade" obteve o maior impacto, com índice 7,3, enquanto
"Governo" ficou no lado oposto, com 5,1.
As regiões que mais valorizam a
espiritualidade são Guarulhos e São Paulo, enquanto as regiões mais críticas à
contribuição do governo para a sensação de felicidade são Campinas e o ABCD.
Dos entrevistados em 2023, 72% se disseram "felizes" ou "muito
felizes", ante 84% há duas décadas.
Houve, no entanto, diferença
significativa a favor de 2023: 39% dos entrevistados se definiram como
"muito felizes", ante 25% em 2004. Na situação oposta, 13% dos
entrevistados se disseram "infelizes" ou "muito infelizes"
em 2023, ante 4% em 2004.
São indícios de que parece
estar havendo radicalização dos sentimentos: mais pessoas se sentindo muito
felizes e mais pessoas se sentindo muito infelizes.
Entre os resultados
surpreendentes da pesquisa está a constatação de que não há relação direta
entre renda e sensação de felicidade. Das pessoas com renda familiar mensal
abaixo de R$ 1.320, 44% se classificaram como "muito felizes", ante
37% das pessoas com renda familiar acima de R$ 13.200.
Houve uma forte inversão entre
essas duas faixas em comparação aos resultados de duas décadas atrás, quando
apenas 22% dos mais pobres e 52% dos mais ricos se disseram muito felizes.
O índice de felicidade subiu de
6,21 para 6,54 entre os mais pobres - a melhor média entre todas as faixas de
renda - e caiu de 7,79 para 6,53 entre os ricos.
Outra revelação: o índice da
faixa entre 16 e 24 anos caiu de 7,11 para 6,32, passando do primeiro para o
último lugar entre as cinco faixas etárias avaliadas. No lado oposto, pessoas
com mais de 60 anos têm nível de felicidade 6,48, ante 6,26 em 2004.
Chama a atenção também o fato
de que as mulheres passaram a se sentir mais felizes do que os homens. O índice
dos homens foi reduzido, no período, de 6,84 para 6,37, enquanto o das mulheres
caiu bem menos, de 6,53 para 6,44.
A queda no nível de felicidade
da capital, 7%, só não foi maior do que a redução de 21% no índice do litoral,
que despencou de 7,16 para 5,67. Embora nenhuma cidade do litoral norte tenha
participado da pesquisa, a tragédia durante o carnaval pode ter influenciado
mais as respostas dos participantes do litoral sul, avalia Jorge Oishi,
coordenador da pesquisa realizada pelo Instituto Cidades.
SOBRE A
PESQUISA
Para que a comparação entre as
duas edições da pesquisa fosse possível, o Instituto Cidades aplicou a mesma metodologia
de levantamento e análise dos dados, com amostragem semelhante. Em 2004, foram
feitas 5.952 entrevistas em 74 municípios, representantes das 11 regiões. Na
edição de 2023, foram realizadas 5.777 entrevistas em 71 municípios das mesmas
regiões, com o trabalho de campo sendo realizado entre 1º e 10 de março.
O cálculo envolve diferentes
fatores de multiplicação de acordo com os pilares e as categorias. A metodologia
utilizada no Mapa da Felicidade do Estado de São Paulo será em breve oferecida
à população de todo o País por meio de uma solução de desenvolvimento humano da
startup ZenBox, da qual Oishi é um dos sócios-fundadores.
"A ideia é, por meio da
adesão voluntária das pessoas às atividades e avaliações propostas por nossa
metodologia, elas possam compreender os impactos dos pilares da vida na sua
felicidade e desenvolver comportamentos para aumentar esse índice",
descreve o pesquisador.
A fase é de valorização do tema
felicidade no mundo corporativo, movimento impulsionado pelas pesquisas científicas
que indicam a importância dessa sensação para a saúde mental e a gestão das
emoções.
Muitas empresas até já criaram
um cargo executivo para cuidar do tema, conhecido pela sigla CHO - que não vem
de "xô, tristeza!", mas da sigla em inglês Chief Happiness Officer,
ou simplesmente Diretor de Felicidade.
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