No Dia do Cacau, 26 de março, 30 gramas de chocolate podem ajudar a garantir felicidade! A frase parece até slogan de campanha publicitária de indústria alimentícia, mas é o que garante a ciência sobre o consumo de chocolate 85%.
O estudo que chegou a essa conclusão foi publicado
em janeiro de 2022, no The Journal of Nutritional Biochemistry. Os cientistas
compararam a ingestão do alimento nas versões 70 e 85% de cacau entre adultos
com idade de 20 a 30 anos.
O tablete com maior percentual da fruta apresentou
melhores resultados no humor dos participantes. E a explicação vem do
intestino. Mais especificamente da microbiota intestinal, onde as substâncias
contidas no doce demonstraram efeito prebiótico, com capacidade de reestruturar
a diversidade e a abundância de bactérias benéficas.
Resultado: saldo positivo na flora intestinal com
efeitos que reverberam por todo o organismo. Uma mudança no interruptor do
estado emocional, do negativo para o positivo, conduzida pelo eixo intestino-cérebro.
Segundo cérebro
Com até 9 metros de extensão e abrigo de trilhões
de bactérias, o intestino funciona como uma espécie de escritório para algumas
centenas de milhões de neurônios que comandam várias funcionalidades do corpo
humano.
Não é hipérbole. Longe de ser figura de linguagem,
a quantidade de ações que ocorrem a partir do intestino tem
justificativa.
A comunicação entre o trato gastrointestinal e o
sistema nervoso é direta e se dá por meio do sistema nervoso entérico, que está
alojado – justamente – no intestino. Por isso, o equilíbrio da microbiota
intestinal está diretamente ligado à saúde mental.
O desequilíbrio entre as bactérias boas e ruins leva ao declínio de foco,
alterações de humor, ansiedade e até à depressão.
Essa conexão é vista com frequência em consultórios médicos, como no da
nutricionista Laís Murta, mestranda em saúde, formada em medicina integrativa e
professora do Puravida PRIME. Na prática clínica, a especialista aponta a
importância da nutrição no acompanhamento de pacientes com transtornos
mentais.
“Não adianta você contratar uma empresa de empreiteiros com vinte pessoas para
construir a casa. Se faltar o tijolo, eles não vão construir a sua casa. Esse é
o papel da alimentação quando a gente pensa em saúde geral e em saúde mental
especificamente”, compara.
Borboletas na barriga
A sensação de estar apaixonado – ou ansioso com uma
entrevista de emprego – é uma das maneiras mais eficientes de explicar a linha
direta entre intestino e cérebro. Conexão que se dá através do nervo vago,
estrutura que passa pelo tórax e liga as extremidades da cabeça e do
tronco.
Aliás, o hormônio que causa excitação e alegria é só um dos que têm como origem
o intestino. 95% da serotonina produzida no corpo vem do órgão, assim como outros
neurotransmissores importantes como a dopamina, norepinefrina e ácido
gama-aminobutírico (GAMA).
São as escolhas alimentares que impactam na
manutenção de espécies bacterianas que interferem e interagem com o
metabolismo, estimulando a produção de neurotransmissores. A professora do
Puravida PRIME resume os elementos que compõem o plano nutricional adequado
para a manter a saúde mental em dia: “a melhor forma de a gente prevenir é
através de uma alimentação diversificada, rica em fitoquímicos, carboidratos
complexos, com menor consumo de proteína de origem animal e
gordura”.
Bom lembrar
Das palavras que melhor definem a relação entre
alimentação, microbiota intestinal e saúde mental, equilíbrio é a que se
destaca.
Isso porque é na ponderação entre os nutrientes que
compõem o prato durante o dia a dia que está a receita para a construção de um
ambiente robusto e rico para as bactérias benéficas para o intestino e,
consequentemente, para o organismo como um todo.
Em termos de transtornos e doenças mentais, a professora do Puravida PRIME Laís
Murta é taxativa: a genética não é sentença. Em contrapartida, o estilo de vida
se mostra como modulador para a expressão gênica.
“A partir do momento que a gente é colonizado, o nosso sistema imunológico – formado
a partir da microbiota – é totalmente influenciado, ao longo da vida, por
fatores externos que vão desde estresse, sedentarismo, poluição, uso de
medicamentos. E o principal fator modulador da microbiota é a alimentação”,
explica.
Portanto, a conclusão é simples: não há atalho para
fortalecer o eixo intestino-cérebro que não a nutrição. Comer bem é sinônimo de
saúde – física e mental.
Puravida
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