A oncologista Camila Jappour Naegele, da Oncologia D’Or, destaca a importância da prevenção, as novas tecnologias para identificar a doença e os tratamentos existentes.
O
câncer de pele não melanoma é o mais prevalente no País, equivalendo a 31,3% de
todos os tumores malignos. Projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca)1
indicam que 704 mil pessoas por ano serão diagnosticadas com câncer até 2025.
Deste total, mais 220 mil casos por ano serão de câncer de pele. Consultas
periódicas ao dermatologista, autoexame pelo método ABCDE e recursos
tecnológicos são importantes para favorecer o diagnóstico precoce do câncer de
pele que hoje conta com tratamentos de última geração como imunoterapia e
terapia alvo.
Em
dezembro, a campanha Dezembro Laranja destaca a prevenção e combate a este tipo
de câncer, que tem na exposição
solar, em especial na infância, seu maior fator de risco. ”É uma iniciativa
essencial dada à grande dificuldade de converter o conhecimento em
atitude”, diz a oncologista Camila Jappour Naegele,
da Oncologia D’Or. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica (SBOC)2, 1 a cada 4 brasileiros admite que poderia se
proteger contra o sol, mas não o faz. Entre os jovens de 18 a 29 anos, a
proporção é de 1 a cada 3.
Para prevenir câncer de pele, é preciso evitar a exposição ao sol
das 10 às 16 horas e usar protetor solar ou proteção física - chapéus, blusas
de mangas compridas e barracas - mesmo em dias nublados. Além da exposição
solar, outros fatores de risco para a doença são ter pele e olhos claros, ser
albino, ter vitiligo, ter histórico familiar da enfermidade e fazer uso de
medicamentos imunossupressores.
O
câncer de pele é classificado em melanoma e não melanoma. Embora acometa só 3%
da população, o melanoma é mais preocupante por seu alto potencial de provocar
metástase. Em casos iniciais, a lesão é retirada por meio de cirurgia. Os
quadros mais avançados requerem tratamento complementar com imunoterapia ou
terapia alvo. Já o tumor não melanoma é mais frequente e dificilmente evolui
para metástase. Por isso, o tratamento é basicamente cirúrgico. Em até 2% dos casos, causa metástase,
necessitando de tratamento adicional à cirurgia.
Diagnóstico precoce
A visita regular ao dermatologista é importante
para o diagnóstico precoce de pele. Os pacientes podem ainda fazer o autoexame
usando o método ABDCE -- uma referência para identificar as potenciais mudanças
em sinais e pintas. São elas: A=Assimetria, B=Borda, C=Cor, D=Dimensão e
E=Evolução. Pessoas que possuem pintas com posições e bordas assimétricas,
cores não uniformes, diâmetros superiores a 6 mm e que crescem devem buscar
ajuda médica.
Cada vez mais surgem recursos tecnológicos para
favorecer o diagnóstico precoce do câncer de pele. Um deles é o mapeamento
corporal, um exame indicado para pacientes com muitas pintas, pintas irregulares e
histórico familiar de melanoma. Por meio de uma câmera, o exame captura imagens das lesões,
que são arquivadas em um computador. Assim o médico pode acompanhar as lesões
ao longo do tempo, verificando se suas características mudaram.
Aplicativos também podem favorecer o diagnóstico
precoce. É caso do UmSkinCheck, desenvolvido pela Universidade de Michigan, nos
Estados Unidos. O dispositivo permite o usuário fotografar o corpo inteiro,
rastrear lesões manchas, armazenar as imagens para acompanhamento e acessar
vídeos e a literatura sobre câncer de pele. O aplicativo opera pelos sistemas Apple
e Android e pode ser acessado gratuitamente pelo endereço Link.
Recentemente, pesquisadores norte-americanos do Stevens Institute
of Technology3 apresentaram um novo scanner, que detecta o câncer de
pele. O dispositivo usa a tecnologia de imagem de onda milimétricas de alta
resolução para fazer uma varredura no corpo inteiro e identificar lesões.
Medicamentos
Hoje, a imunoterapia está entre os tratamentos mais avançados do
câncer de pele. Trata-se de um medicamento de administração venosa que estimula
o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir as células
cancerígenas. “Antes, a imunoterapia era
exclusiva de pacientes com metástase. Agora alguns tumores em fase inicial são
tratados com imunoterapia pós-cirurgia, o que ajuda no contexto curativo”,
esclarece a médica Camila Jappour Naegele.
Outro tratamento de ponta é a terapia alvo, um medicamento oral que
complementa a cirurgia em casos de melanoma
metastático. Cerca de metade de casos deste tipo de tumor apresentam mutações
no gene BRAF, que age como um dispositivo para induzir o crescimento e divisão
das células cancerígenas. De acordo com a oncologista Camila Jappour
Naegele, o medicamento funciona “como um
interruptor, que desliga o dispositivo, bloqueando a proliferação acelerada e
desorganizada do tumor”.
Referências
- Instituto Nacional do Câncer (INCA) --
Disponível em Link
- Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC). Disponível em Link
- Scientific Reports. Link
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