Para o empresário
e investidor Leandro Sobrinho, é preciso realizar uma série de estudos e
análises para identificar o melhor lugar e momento
Pelo fato de ser a maior economia do mundo, os
Estados Unidos são o destino perfeito para empreendedores que querem expandir
as suas operações em outros países. São diversos os benefícios, principalmente
por usufruir de uma cultura de negociações com menos burocracias e contar com
uma série de incentivos de apoio aos negócios. Para se ter uma ideia, de acordo
com um relatório emitido pela Casa Branca, só em 2021 foram abertas cerca de
4,5 milhões de empresas, 20% maior do que o ano anterior.
De acordo com o especialista em empreendedorismo e
mercado americano, Leandro Otávio
Sobrinho, que já atuou em diferentes ramos como moda, varejo e construção,
é possível abrir uma empresa nos Estados Unidos e seguir morando no Brasil, mas
isso não significa ter livre acesso ao país. “Com a ajuda de um contador
licenciado, constituir um negócio nos EUA é uma tarefa que não oferece grandes
empecilhos. No entanto, isso não pode ser confundido com a possibilidade de estar
fisicamente presente na companhia. Ter um empreendimento aberto no país não dá
a garantia de um visto que ofereça moradia. Mas, de modo geral, existe a
possibilidade de investidores estrangeiros, não residentes, terem uma empresa
em solo americano”, pontua.
Nesse contexto, a elaboração de um business
plan (plano de negócios) robusto é capaz de orientar empreendedores
em cada etapa da abertura e gerenciamento de um negócio em outro país.
Utilizado como um roteiro para estruturar, administrar e expandir, o plano de
negócios é responsável, muitas vezes, pela obtenção de financiamento e novos
parceiros para a execução de um empreendimento.
Para Leandro, o desenvolvimento de um business
plan pede uma série de análises para que a estruturação do negócio
aconteça sem surpresas. “Todos os pilares devem ser levados em consideração.
Desde pesquisa de mercado, preço médio do produto ou serviço naquela região,
concorrentes e outros aspectos que são fundamentais para estruturar o plano de
negócio. E isso não é algo que pode ser feito pelo Google. É preciso realizar
pesquisas de campo e contar com o auxílio de profissionais qualificados”,
relata.
Expandir internacionalmente é desafiador e custoso,
mas um business plan bem feito vai mostrar se o projeto será
viável. “Não são só os custos de desenvolvimento que devem ser levados em
consideração. O primeiro passo é saber em que área o seu produto ou serviço
precisa estar, se vai ter aceitação pelo público americano e se chegará a um
preço competitivo. Coisas simples como alugar um ponto comercial bem localizado
em um mall ou rua de destaque, para ter um bom posicionamento, podem ser alguns
dos desafios, pois existem restrições para empresas novas, em especial com
donos estrangeiros”, aponta o especialista.
Um empreendedor pode fazer seu próprio plano de
negócio, desde que tenha conhecimento do que não pode faltar nessa organização
e sobre o setor de atuação em que vai investir. “Se a pessoa quer agir por
conta própria, terá que realizar visitas de campo e estudos presenciais. Não é
algo que pode ser feito de forma remota. Caso não exista essa possibilidade,
buscar uma empresa especializada, certificada e com anos de atuação é o mais
recomendado. Nesse caso, o empreendedor pode dar sugestões para que o plano
tenha relação direta com suas vivências e experiências”, destaca.
Entretanto, nem sempre o que esse plano de negócios
mostra se concretiza. Leandro lamenta que alguns proprietários de áreas
comerciais, muitas vezes, prefiram deixar um imóvel fechado a alugar para uma
empresa nova e amadora. “O receio é que a empresa possa fechar e sair do local,
deixando dívidas e diversos problemas”, explica.
Vale lembrar que nos Estados Unidos os contratos de
aluguel funcionam de uma forma diferente, e isso deve ser levado em
consideração ao planejar o empreendimento. “Quando a locação é válida por cinco
anos por exemplo, existe um compromisso por aquele período. Não é como no
Brasil, em que há a possibilidade de sair antes do prazo estipulado apenas
mediante pagamento de uma multa proporcional ao período restante, ou seja, não
é possível começar acreditando que vai arriscar e se der certo pode mudar para
outro local melhor ou maior “, alerta Leandro.
Para saber o melhor lugar de atuação, Leandro
acredita que antes é preciso definir o público-alvo. “Pesquise sobre
localização, posicionamento estratégico da marca, formação de equipe e
executivos que entendam quem vai consumir aquele produto ou serviço sem perder
a identidade da marca. De nada adianta iniciar a atividade comercial se o
público daquela região não tem conexão com o seu propósito. Ja vi algumas
empresas renomadas no Brasil não decolarem nos EUA por não estarem posicionadas
de formas estratégica e por conta disto, simplesmente fecharam as portas antes
de completar cinco anos, amargando um prejuizo e deixando de operar no país”.
Maturar uma marca em uma língua totalmente
diferente, com hábitos de consumo distintos, exige humildade cultural. “É um
desafio audacioso que demanda muito preparo e fôlego financeiro. Não é para
amadores”, declara Leandro.
De olho em uma vitrine internacional, diversas
franquias brasileiras também estão de olho nos Estados Unidos. “Nomes como
Dellano, Portobello, Chilli Beans e Sodiê Doces são exemplos disso e ter esse
posicionamento nos Estados Unidos, com lojas em cidades como Miami, Orlando,
Nova Iorque ou Los Angeles é fundamental em uma negociação ou em um plano de
expansão, por exemplo. Ter uma unidade em um desses lugares mostrará que a
marca já tem capacidade para realizar esse tipo de movimento”, finaliza.
De acordo com os dados da IFA, o país
norte-americano ganhou cerca de 409 novas marcas de franquia entre 2020 e 2022.
A pesquisa foi apresentada durante um evento do setor e repercutida pelo
especialista Erlon Labatut, da franqueador.com no evento da Associação
Brasileira de Franquias.
Leandro Sobrinho - Especialista em empreendedorismo desde os 22 anos, Leandro Otávio Sobrinho graduou-se em Direito, mas foi na gestão de diversos negócios que se encontrou profissionalmente. Foi proprietário de restaurante, franquias no segmento de moda, escola profissionalizante e investidor imobiliário. Hoje, morando nos EUA, Leandro conseguiu adaptar seu modelo de trabalho em diferentes segmentos a uma empresa de investimentos e incorporadora de imóveis. Atuando na Flórida com foco no público local americano e residentes.
www.raiseinvestor.com
Instagram @raise.investor
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