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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Obesidade Infantil preocupa OMS


A estimativa da Organização Mundial da Saúde é que para em 2025 o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões. Os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma em cada grupo de três crianças, com idade entre cinco e nove anos, está acima do peso no País. As notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que 16,33% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18% apresentam sobrepeso; 9,53% são obesos; e 3,98% têm obesidade grave.

O cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa, de SP, revela que a obesidade é uma epidemia para toda a humanidade e a prevenção da deve começar o quantos antes, caso contrário o sistema de saúde não conseguirá arcar com as doenças do futuro. 

Diversos estudos destacam a importância de uma boa manutenção do peso na primeira infância para reduzir a obesidade na vida adulta e suas consequências negativas. Além do excesso de peso, o problema metabólico traz diversas doenças que podem colocar em risco a vida do indivíduo em qualquer fase da vida. Isso se explica também pela genética, já que a nossa composição corporal é determinada, de 60% a 80%, pela hereditariedade e mais de 300 genes estão envolvidos na regulação do peso. “Outros pontos que também influenciam são o aumento de peso da mãe e a diabetes gestacional, que levam a uma programação metabólica no bebê que faz com que ele tenha piores preferências alimentares, obesidade e síndrome metabólica na vida adulta”, conta.
 

Aleitamento é prevenção

A amamentação previne o alto ganho de peso na infância e o risco de obesidade na fase pré-escolar. “Uma meta análise recente mostrou que as crianças amamentadas apresentam 22% menos risco de obesidade quando comparada àquelas que receberam fórmulas especiais, principalmente após os três meses de vida”, destaca. 

Segundo o especialista, isso ocorre porque muitas fórmulas prontas são ricas em calorias e proteínas. “Nos primeiros dois anos de vida, o excesso de proteína está associado a uma maior produção endógena de insulina e IGF-1, hormônios ligados à diferenciação das células de gordura e do seu acúmulo. Esse mecanismo é conhecido como ‘programming’ e representa fator crucial para o desenvolvimento da obesidade e suas consequências na vida adulta”, explica.

 

O comportamento dos pais

A prevenção da obesidade também passa pelos atos da família. “Bebês amamentados têm melhor percepção de saciedade do que aqueles alimentados com fórmulas. Isso ocorre também porque muitos pais e cuidadores usam a mamadeira como forma de acalmar a criança, prejudicando o aprendizado correto da auto regulagem da fome”, fala.

O primeiro paladar das crianças é adocicado, já que o leite materno também é classificado como mais docinho. Justamente por isso é que o açúcar precisa ser evitado até os dois anos de idade, pois além de ser considerado um alimento estimulante, é um grande gatilho para a compulsão e, consequentemente, a obesidade.

“Com o paladar ainda em formação, os pais precisam se conscientizar de que a criança precisa negar por pelo menos 7 vezes um alimento para então afirmarmos que ela não gosta daquilo. “A primeira recusa deve ser oferecida novamente, por mais 6 vezes e em até outro formato (cozido, cru, amassadinho, em purê, assado ou grelhado). No mais, quanto mais os pais buscarem voltar às origens e oferecer os alimentos na forma mais crua e in natura, é melhor”, destaca.

Incluir os pequenos no preparo das refeições também ajuda a desenvolverem um bom relacionamento com a comida e estudos mostram que as famílias que fazem as refeições juntas regularmente têm menos chances de sofrer de sobrepeso e obesidade. “O bebê aprende a se alimentar com os pais e vai ter bons hábitos se os mesmos o tiverem. Famílias que priorizam frutas, verduras, legumes e grãos integrais aos alimentos industrializados têm muito mais saúde e qualidade de vida. Isso se reflete não apenas no presente, mas principalmente no futuro de todos”, conclui. 

 

Dr Rodrigo Barbosa – drrodrigobarbosa. Médico graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba com internato médico pelo Hospital Sírio-Libanês - SP. Cirurgião geral pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e cirurgião do aparelho digestivo pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Especialista em coloproctologia pelo Hospital Sírio-Libanês-SP.


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