A inteligência artificial e suas muitas características são um mar imenso de oportunidades e de olhares atentos para o melhor aproveitamento dessa visão tecnológica.
Uma
das discussões sobre o uso de inteligência artificial (IA) é sobre o não uso da
inteligência humana (IH). O melhor certamente é a combinação dos dois
considerando que a inteligência humana está no input e no output da IA.
No
input, como a máquina trabalha a partir de dados e premissas estabelecidas a
ela, um ponto de se tomar cuidado é como você orienta a máquina, pois ela vai
executar sem contextualização. Por exemplo, se houver um direcional de acabar
com a fome global sem ter as regras bem estabelecidas, a máquina pode matar
metade da população. Teoricamente, a máquina não apresentaria preconceitos (ela
não possui, mas os dados e algoritmo que a nutrem tem e essa é uma discussão de
importância nos principais canais de distribuição de conteúdos colaborativos
como Instagram, YouTube e TikTok), mas atua em cima dos pré-conceitos direcionados
a ela.
Pensando
nos algoritmos e o quanto a bolha tem sido discutida, é muito importante contar
com um algoritmo que possa testar mensagens diferentes, não deixar apenas as
mensagens que, tendenciosamente, o consumidor poderia ter a preferência.
É essencial ter o cuidado de contextualizar os algoritmos. Essa
contextualização vem pré-determinada pela sociedade e é isso que precisamos
lembrar quando esses algoritmos são criados, seja para a publicidade, seja para
a distribuição de controle.
No
output, o ganho da inteligência humana em cima da inteligência artificial é a
capacidade de contextualização, que - segundo alguns
estudos - pode ser feita até mesmo pela sua intuição. Ser muito analítico
sem o uso conjunto da intuição para tomada de decisão muitas vezes gera
paralisia. A intuição ocorre com base no nosso armazenamento de situações que
são ativadas de forma inconsciente, como um banco de dados da inteligência
humana que precisamos lembrar de higienizá-lo e deixá-lo positivo para
conseguir atingir melhores decisões (a famosa inteligência emocional). E essa é
a diferença de ter experiência, podendo aplicar melhor o entendimento do contexto
e usar a intuição para a tomada de decisão com base em dados.
Com
isso, a inteligência artificial acaba não entendendo a contextualização do
momento do negócio ou macroambiente assim como não tem o uso da intuição para
poder tomar uma decisão.
Na área do marketing digital tem dois principais pontos que vejo de atenção
quanto a essa melhor combinação das duas inteligências. O primeiro é o
quanto agências e anunciantes já estão preparados
para identificar, armazenar e gerir esses dados, pensando na privacidade dos
dados e estratégia em seu uso. Avaliando, principalmente, no que temos no
Brasil, ainda vejo muitas empresas, agências e anunciantes que não estão
preparados em como receber, o quanto usar, como armazenar ou se pode armazenar
esses dados. E isso será potencializado agora com
a mudança do Chrome - agora prevista para 2024, você pode acompanhar essa
timeline aqui
- não irá mais aceitar os cookies de terceiros e
isso faz com que os anunciantes e as agências passem a trabalhar melhor os seus
dados proprietários, o que chamamos de first party data.
E o que isso tem a ver com a inteligência artificial: bom, se não houver uma
boa estratégia de captação e uso dos dados pela inteligência humana, não será
possível extrair o melhor resultado das campanhas.
O
segundo ponto é que a maioria das plataformas digitais, principalmente de
compra de mídia, já usam inteligência artificial para otimizar as campanhas. O
que vejo acontecer muitas vezes é que as equipes de mídia (ou o não
investimento nessa equipe) deixam as campanhas totalmente nas mãos da IA e
deixam de usar o poder da inteligência humana para melhor orientar o que é
melhor para aquele perfil de consumidor naquele momento do negócio.
Ou
seja, não adianta ter a melhor plataforma ou a melhor IA, se você não tem a
melhor inteligência humana para suas tomadas de decisão.
Amanda Gasperini - Head de Analytics, Martech
& Growth da Gauge, empresa do Grupo Stefanini focada em
tecnologia e consultoria de performance digital e experiência do usuário.
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