O câncer de próstata é a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito (oncológico) no sexo masculino. É o câncer mais incidente nos homens (excetuando-se o câncer de pele não melanoma) em todas as regiões do Brasil.
Dados do Instituto
Nacional do Câncer (INCA) em 2020 revelaram, no Brasil, 65.840 casos de câncer
de próstata, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentais no sexo masculino e
que resularam em 15.983 mortes no mesmo período. Nos Estados Unidos, a
Sociedade Americana de Câncer estima 248.530 novos casos e 34.130 mortes para o
ano de 2021.
Trabalhos científicos
mostram que 25% dos portadores de câncer de próstata morrem devido à doença e
20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados.
Quando os sintomas
começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada. Não é possível
evitar a doença, mas é possível diagnosticá-la precocemente e, desse modo, as
chances de cura são superiores a 90%. Os números apresentados justificam a
necessidade de um acompanhamento com o Urologista a partir da quarta década de
vida.
É considerado um
câncer da terceira idade, isto é, em três quartos dos casos no mundo
manifesta-se a partir dos 65 anos. O aumento da incidência no Brasil pode ser
justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), melhoria na
qualidade dos sistemas de informação e também aumento na expectativa de vida.
O Instituto Nacional
de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) destacam a alta
incidência do câncer de próstata e, assim, ressaltam a importância da consulta
médica, que tem como objetivo o diagnóstico precoce. Lembramos que nos estágios
iniciais a doença não manifesta qualquer sinal ou sintoma, justificando assim
uma visita ao consultório do Urologista, que fará uma história clínica
detalhada somada ao toque prostático e solicitação dos exames necessários, como
o PSA (antígeno prostático específico), que podem sugerir a suspeita de um
câncer. A confirmação do diagnóstico faz-se por uma biópsia de próstata.
Os fatores de risco
para Câncer de Próstata são: idade, raça negra, obesidade, hábitos alimentares
ricos em gorduras, sedentarismo e fator familiar (quando se tem um parente de
primeiro grau com câncer de próstata, a probabilidade é até duas vezes maior; e
para aqueles que tem dois parentes de primeiro grau, essa probabilidade é até
seis vezes maior).
A SBU recomenda que
homens com mais de 50 anos procurem um Urologista, para uma avaliação
individualizada. Homens da raça negra ou com parentes de primeiro grau com
câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento será realizado
após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em uma decisão
compartilhada com o paciente.
Segundo a SBU, muitos
homens têm "medo" do diagnóstico de câncer, mas os urologistas
enfatizam que a medicina tem evoluído para proporcionar aos pacientes
tratamentos menos invasivos e cada vez mais eficazes.
Exames de imagem são
incorporados ao cotidiano para maior precisão diagnóstica, como a ressonância
magnética multiparamétrica, que torna mais efetiva as indicações de biópsias,
evitando procedimentos desnecessários ou o PET CT com PSMA, que pode rastrear
doenças metastáticas de pequeno volume em locais incomuns.
Desse modo, os
tratamentos tornam-se individualizados a partir da coleta de dados sobre o
tumor, como por exemplo: seu volume; sua extensão e grau de agressividade,
informações que também podem ser obtidas por meio de exames de imagem. Além de
considerar, também, a idade e perspectiva de vida do paciente, doenças
associadas, valor do PSA e Toque Retal, no momento do diagnóstico. Estas
condutas resultam em tratamentos menos agressivos e mais efetivos,
principalmente em doenças de baixo risco de progressão.
Nos últimos anos a
cirurgia robótica vem crescendo em todo o território nacional, diante da
instalação de robôs em vários centros médicos e treinamento de cirurgiões e
equipes paramédicas. A robótica é considerada um procedimento minimamente
invasivo, proporcionando benefícios como: incisões menores, visão ampliada em
três dimensões e liberdade de movimentos. Os resultados oncológicos são
semelhantes aos da cirurgia aberta convencional, mas há algumas vantagens em
relação a métodos convencionais, como: menor intensidade de dor, recuperação em
menor tempo, menor risco de sangramento, tempo de hospitalização reduzido e
aumento na qualidade de vida dos pacientes após a cirurgia.
Fica claro que na
somatória de todos os avanços tecnológicos, o Urologista e sua equipe têm papel
fundamental, pois detém o conhecimento da doença, somado à experiência nas
tomadas de decisão durante o diagnóstico e tratamento.
Em minha opinião,
todos os homens devem ser esclarecidos sobre o câncer de próstata e suas
implicações. Jamais podemos deixar de diagnosticá-lo em homens saudáveis e, assim,
discutir a melhor opção terapêutica. Deixar o câncer se manifestar
espontaneamente é um grande risco e sofrimento para o paciente e sua família,
considerando a evolução e potencial agressividade desse tumor. Converse com seu
Urologista.
Dr. Marco Aurélio Lipay - Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP
(Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira
de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia e Autor
do Livro "Genética Oncológica Aplicada à Urologia"
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