Estudos indicam que 5% a 10% das quedas nesse público resultam em lesões graves, e ainda podem causar Síndrome Pós-queda, que pode reduzir autonomia
Com o passar dos anos, as quedas se
tornam mais comuns nos idosos, na mesma medida que são também mais perigosas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estudos indicam que a prevalência
de pelo menos uma queda por ano na população com mais de 65 anos está entre 30%
e 60%. Já nas pessoas acima de 85 o percentual de quedas aumenta em até 34%.
Dados também apontam que as quedas são a terceira causa de mortalidade entre as
pessoas com mais de 65 anos no Brasil. Entre as consequências graves estão as
fraturas, e pesquisas já indicam que há risco de morte entre 30% a 40% entre os
idosos que fraturam
o fêmur, além da incapacitação gerada.
De acordo com a geriatra Byanca de
Oliveira Souza, que atua na S.O.S. Vida, entre 5% a 10% dessas quedas resultam
em lesões graves, e isso também impacta a taxa de institucionalização dos
idosos, à medida que eles perdem a autonomia.
“Quando um idoso tem uma queda e fica
com alguma sequela mais importante, é mais possível que as famílias optem pela
institucionalização diante da exigência de cuidados mais intensivos, pois
muitas vezes eles ficam dependentes de forma permanente”, aponta a geriatra.
Byanca salienta que, no trabalho em home care, a prevenção de quedas com os pacientes idosos segue
alguns pontos, como a revisão constante das medicações, a adequação do ambiente
doméstico para minimizar riscos, a indicação de calçados adequados, além do
trabalho de fisioterapia, quando indicado.
“Existem fatores que podem favorecer
quedas associados à saúde também, como problemas na audição ou visão,
equilíbrio, arritmias cardíacas, doenças articulares e doenças que causam
déficit cognitivo. Logo, é muito importante que seja indicado ao geriatra
quando o paciente cai com frequência, mesmo que não tenham ocorrido
consequências, pois pode indicar algo na saúde que precisa ser tratado”,
sublinha a médica.
Cascata de prejuízos
A geriatra da S.O.S. Vida de
Salvador, Fernanda Reis, afirma que de forma abrangente, as quedas em idosos
podem alavancar uma “cascata de prejuízos”, com uma consequência que pode levar
à internação hospitalar (como uma fratura), cirurgias, necessidade de reabilitação
com longos períodos acamados, tendo como resultado a perda de autonomia do
paciente.
A média indica que a atuação da
família também é fundamental na prevenção do problema, em especial quando se
pensa nos fatores externos e ambientais que podem causar queda.
“Em casa, algumas adaptações como a
colocação de barras de segurança nos banheiros, retirada de tapetes ou uso
apenas de tapetes antiderrapantes, adequação do acento do vaso sanitário, que
as vezes é muito baixo para os idosos, gerando dificuldade para ele levantar,
retirada de mesas e móveis baixos de ambientes de circulação, cuidado com fios
e iluminação dos ambientes, em especial à noite, são pontos a se observar”,
completa.
Em relação aos calçados a indicação é
evitar aqueles que não prendem na parte traseira do pé, não usar meia com
sapatos abertos e preferir modelos com solados antiderrapantes.
Atividade física
A geriatra que atua na S.O.S. Vida de
Aracaju, Luana Brandão, diz que atividade física para o ganho de força muscular
é um grande aliado na prevenção de quedas.
“A perda de massa muscular é um
motivo importante do aumento de quedas ao longo da vida. O exercício, aliado a
uma alimentação rica em proteínas, é um dos principais fatores para lidar com
isso. É importante, porém, que a pessoa comece a fazer atividade física o
quanto antes, pois dificilmente uma pessoa jovem que não tem esse hábito vai
adquirir ele na terceira idade”, reforça a médica.
Medo de cair
Luana também adverte que, após ter
uma queda, é comum que os idosos desenvolvam a Síndrome Pós-queda que leva a um
conjunto de fatores limitantes, inclusive o caminhar de forma incorreta, que
aumenta a chance de cair.
A médica Byanca de Oliveira afirma
que a síndrome também aumenta a possibilidade de imobilização, não
necessariamente por sequelas da queda, mas pelo medo de ter um novo episódio.
Fernanda Reis também acrescenta que o quadro psicológico pode evoluir para a Ptofobia, que é um medo excessivo de cair, fazendo com que a pessoa possa inclusive levar a perda permanente de autonomia do idoso.
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