O jurista Dalmo Dallari afirma que a sociedade humana pode ser considerada como um conjunto de pessoas que estão ligadas pela necessidade de se ajudarem com o intuito de garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos.
Levando em consideração a definição de Dallari o
condominio pode ser considerado um local que possibilita essa troca entre as
pessoas, já que existem diversas formas de relacionamentos interpessoais nos
espaços internos do condominio.
No entanto, as relações interpessoais nem sempre
são fáceis, por isso para que dentro do condominio o ambiente seja o mais
harmonioso possivel existem algumas regras a serem seguidas e quem rege essas
regras é o Direito Condominial. Há uma certa confusão em relação ao Direito
Condominial, muita gente acredita que ele só se refere à cobrança de
inadimplentes, mas na realidade o Direito Condominial pode ser aplicado em
várias situações nos condominios.
Até o final de 2002 a legislação condominial era
regido pela Lei nº 4.591/64, no inicio de 2003 ela foi substituida pelos
artigos 1.331 a 1.358 dentro do Novo Código Civil. Vale salientar que as
particularidades de cada condominio são regidos pela Convenção e pelo
regulamento interno. Desta forma, fica a pergunta: o que mudou com o Novo
Código Civil? Uma das mudanças mais consideraveis para os condomínios com o
Novo Código Civil foi em relação a liberdade que os gestores e condôminos
ganharam para poder decidir sobre suas normas e resoluções, ou seja, há mais
possibilidade de autorregulação e o poder foi transferido para a assembleia
fazendo com que os condôminos tomem as decisões de forma mais expressiva, os
moradores, por meio da assembleia pode decidir:
- As
normas para rateio de despesas;
- O
percentual de juros que será cobrado sobre atrasos;
- As
punicões e as obrigações do condôminos
Porém, é importante salientar que essas regras são validas desde que não contrariem as disposições expressas na Lei. O Síndico ainda possui a responsabilidade de registrar e nao permitir o cumprimento de alguma medida que seja aprovada pelos moradores e que seja proibida pela legislação brasileira. Por isso, foi listado abaixo algumas das modificações trazidas pelo Novo Código Civil. Essas modificações substitui a Lei do Condominio de 1964. São elas:
- Destituição do síndico: Para se destituir o síndico, de acordo com o Novo Código Civil, é necessário que se forme metade absoluta (metade + 1) dos condôminos. Antes, a obrigação era de três quartos;
- Convenção
precisa seguir o Código Civil: Se a convenção do condomínio apresentar
alguma cláusula que contradiga o Novo Código ela será anulada imediatamente;
- Multa
por descumprimento: Fica permitido a cobrança de multa de condômino que
não cumpre com seus deveres. O valor da multa pode ser de até 5 vezes o
valor da taxa condominial, o valor final dependerá da gravidade.
- Conduta
Antissocial pode gerar multa: O Novo Código Civil permite que um morador
antissocial seja multado, ele não perde seu direito de propriedade, caso
não seja amigável com seus vizinhos, mas, se os condôminos consideram ele
antissocial, ele pode pagar uma multa de até 10 vezes o valor da taxa de
condomínio.
- Inadimplência:
antes do Novo Código Civil se o morador atrasasse o pagamento do
condominio a taxa de multa por atraso era de até 20%, com a mudança a
máxima agora é de 2%.
Por fim, é necessário afirmar que o Novo Código
Civil trouxe muitos avanços em relação aos direitos e deveres dos condôminos.
No entanto, causou prejuízo para os mesmos condomínios e administradoras de
imóveis quando diminuiu a taxa de atraso de pagamento do condomínio. Assim, os
avanços são essências, mas não podemos esquecer que para uma boa convivência é
importante que os condomínios tenham suas próprias regras que possam nortear a
boa convivência entre os moradores.
Jose R. Iampolsky - CEO da Paris condomínios,
empresa criada em 1945 para administrar condomínios e alugueis. www.pariscondominios.com.br
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