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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Mês de Conscientização da Esclerose Múltipla: cannabis medicinal ajuda a reduzir os sintomas

Dor e espasticidade são os sintomas com mais evidências científicas relacionadas aos benefícios do tratamento com cannabis medicinal

 

No dia 30 de agosto comemora-se o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla desde 2006 e desde 2013 a Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME) colore o Brasil de laranja com a campanha Agosto Laranja, para dar mais visibilidade à doença e seus impactos na vida das pessoas. Trata-se de uma doença neurológica, crônica e autoimune na qual as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões no cérebro e na medula. De causa desconhecida, a doença acomete pacientes geralmente jovens, em especial mulheres de 20 a 40 anos.

Segundo a Federação Internacional desta enfermidade, a esclerose múltipla não tem cura e pode manifestar-se por sintomas como: fadiga intensa, depressão, distúrbios visuais, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio e da coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga. Atualmente, mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo tem Esclerose Múltipla (EM). No Brasil, estima-se que 300 mil pessoas tenham a doença.

"Entre os sintomas mais presentes no paciente com esclerose múltipla estão a fadiga, a dor neuropática e a espasticidade. Esses fatores podem ter um grande impacto na qualidade de vida e atividades diárias de quem é diagnosticado. Existem estratégias eficazes de gestão desses sintomas, incluindo medicamentos e outras terapias, que podem ajudar a manter a mobilidade e uma vida com qualidade", esclarece Bruna Rocha, vice-presidente da AME.

A espasticidade pode ser um sintoma da esclerose múltipla que faz com que os músculos fiquem rígidos, pesados ​​e difíceis de se mover. O espasmo é um endurecimento repentino de um músculo, que pode vir acompanhado da dor.

Segundo o neurologista Gabriel Micheli, gerente Médico Científico da Health Meds, a cannabis medicinal apresenta benefícios no tratamento de sintomas como dor, espasticidade e disfunção de bexiga em pacientes com esclerose múltipla. "É uma alternativa de tratamento para pacientes que não respondem a outros tipos de opções terapêuticas, pois apresenta eficácia e perfil de efeitos adversos menos limitadores, principalmente relacionados a cognição e humor", explica Dr. Gabriel Micheli.

Em uma meta-análise que avaliou dezessete estudos de derivados de cannabis, incluindo 3.161 pacientes, as descobertas evidenciaram eficácia significativa nos participantes tratados com canabinoides versus placebo. Na avaliação sobre a espasticidade, o resultado foi 30% superior em relação aos pacientes que receberam placebo, já nas evidências da dor, a resposta chegou a 30% também. O levantamento apontou, ainda, que os participantes que apresentavam disfunção de bexiga obtiveram melhora de até 20% nos sintomas. Os efeitos colaterais foram em sua maioria brandos e o tratamento foi bem tolerado pelos participantes. O estudo foi publicado na JAMA Neurology, em 2018.

Especialistas do mundo todo buscam respostas sobre qual seria a forma de atuação da cannabis nos sintomas que os resultados apresentam maior evidências. "O que podemos afirmar, no momento, de forma simples para facilitar a compreensão de todos, é que a cannabis medicinal tem múltiplos mecanismos de ação nos neurônios do Sistema Nervoso Central e periférico que promovem benefícios, principalmente, na dor e na espasticidade em pacientes com esclerose múltipla", explica Micheli.

Perspectivas futuras

O neurologista revela que existem estudos em andamento para analisar a resposta do tratamento com canabigerol (CBG) na esclerose múltipla com a avaliação da melhora dos processos inflamatórios destes pacientes. "Diversos estudos pré-clínicos apontam o CBG como potencial substância no tratamento de doenças inflamatórias, como a esclerose múltipla."

 

Entenda a Cannabis Medicinal

A cannabis medicinal possui mais de 480 substâncias químicas, sendo que 150 destes compostos, denominados fitocanabinoides, são os mais estudados, com o THC (Tetrahidrocanabinol), o CBD (Canabidiol) e o CBG (Canabigerol). Eles são capazes de ativar receptores canabinoides (CB1 e CB2) em diversos tecidos dos nervos periféricos, Sistema Nervoso Central (SNC) e sistema imunológico. Esse funcionamento complexo é responsável por uma série de funções fisiológicas, incluindo a memória, o humor, o controle motor, o comportamento alimentar, o sono, a imunidade e a dor.

Com base em estudos variados em fase II, fase III ou observacionais, as principais indicações para o uso de produtos de cannabis são ansiedade, demência com agitação, distúrbios do sono secundários a doença neurológica, doença de Parkinson (sintomas não-motores), dor crônica, epilepsia farmacorresistente, esclerose múltipla (sintomas urinários, dores, espasticidade), esquizofrenia, síndrome de estresse pós-traumático e Síndrome de Tourette.


Agosto Laranja - AME

Em 2021, o Agosto Laranja na AME trará o conceito do #DireitoADignidade na esclerose múltipla em diferentes abordagens, para que as pessoas com EM possam se expressar, mostrando para o mundo que a dignidade também é um direito para quem convive com essa condição. Para saber mais, acesse: https://amigosmultiplos.org.br/ .

"Trabalhamos para a conscientização sobre a esclerose múltipla, para incentivar a detecção precoce e a melhora da qualidade de vida de quem tem o diagnóstico. Fazemos isso o ano todo, mas durante o Agosto Laranja intensificamos nossas ações para disseminar informação de qualidade e alcançar um número maior de pessoas. Este ano nosso vamos abordar de forma ampla o direto à dignidade com foco em acesso, apoio e acolhimento", conclui Bruna.



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Referências:

• Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME). Disponível em: https://amigosmultiplos.org.br/esclerose-multipla/.Acessado em: 20 de julho de 2021.

• Federação Internacional da Esclerose Múltipla. Disponível em: https://www.msif.org/. Acessado em 19 de julho de 2021.

• Mari Carmen Torres-Moreno, PhD; Esther Papaseit, MD, PhD; Marta Torrens, MD, PhD; Magí Farré, MD, PhD. 2018 Ame J Neurol pdf


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