Escrevo esse texto para você. E embora a data me pareça propícia para tal, acredito não haver um momento determinado para que eu possa falar tudo aquilo que penso que precisa ser dito. Nesse contexto de celebrações e festejos eu desejo que o que poderia ser pensado como principal não seja esquecido ou negligenciado. Para tanto, resumo aqui para que você entenda e internalize: Eu preciso de você, pai!
E necessito por inúmeras razões. Você que exerce a função paterna, tão importante em minha vida, é também responsável pelo meu desenvolvimento pleno. E embora vivamos em uma cultura onde esse papel esteja mais associado à maternidade, não me restam dúvidas de que seu posto não é substituível. Aliás, se isso precisar ser feito, restará em mim um vazio imenso e doloroso, impossível de ser preenchido.
Você, a quem tenho a honra de chamar de pai, é aquele que me lança no mundo. Quem me fornece segurança, energia e coragem suficiente para que eu me arrisque a caminhar em direção a minha própria vida. É através da aposta que sinto que você tem em mim, que me estruturo e me fortaleço para ir em direção aos meus próprios passos. Minhas vinculações com os demais será profundamente baseada na nossa própria relação.
Você, meu pai, se torna também meu espelho. Funciona como um modelo, que insisto em copiar, para descobrir qual a minha posição diante do outro. Você que é e sempre será uma referência para mim – às vezes para imitar e tantas outras para balizar minha maneira própria de fazer o que julgo ser correto. Aquele que me conduz com firmeza e autoridade em direção às regras e normas imprescindíveis para o convívio social.
Que
fique claro: sua presença ativa em minha rotina muda para sempre a minha
história. Se na sua ausência, fico inseguro e até agressivo, quando você vibra
comigo, quando se orgulha de mim, quando me acolhe, você permite que eu expanda
e ultrapasse limites. Você me fortalece. E é por tudo isso que aproveito esse
espaço para lhe dizer que muito do que sou resulta da sua atuação, da sua
conexão e do seu amor por mim, meu pai.
Bruna Richter - Psicóloga e autora dos livros infantis
"A Noite de Nina- Sobre a Solidão"; "A Música de Dentro - Sobre
a Tristeza" e "A Dúvida de Luca - Sobre o Medo", trilogia
que versa sobre sentimentos difíceis de serem expressos pelas crianças, mas que
precisam ser compartilhados entre pais e filhos. Bruna que também é
formada em artes cênicas, é uma das fundadoras do Grupo Rão, projeto social que
através da arte e do lúdico ajuda pessoas em vulnerabilidade social.
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