Segundo pesquisador, aleitamento pode ser alternativa para a suplementação direta de vitamina D em recém-nascidos que amamentam
Agosto Dourado é um mês dedicado à
conscientização da população sobre a importância do aleitamento materno para a
saúde da mãe e, principalmente, do bebê. Esse ato de amor ultrapassa os
benefícios do contato mãe e filho e influencia diretamente na saúde do pequeno,
fortalecendo a imunidade, combatendo a anemia e reduzindo as taxas de
mortalidade infantil. Mas, para que a amamentação ocorra de forma saudável,
o médico pediatra Carlos Alberto Nogueira-de-Almeida, Professor Adjunto do Departamento de Medicina da
Universidade Federal de São Carlos, selecionou perguntas comuns de
consultório para que você entenda mais sobre esse tema que ainda gera muitos
questionamentos. Confira:
Mamãe saudável produz mais leite?
Não, ela produz leite de melhor
qualidade. Produzir mais leite não é algo bom, o ideal é que produza a
quantidade certa. E qual seria esta quantidade? Depende do bebê, do modo como ele
interage e mostra a necessidade dele para a mãe. Tanto que mães de gêmeos ou
trigêmeos produzem a quantidade certa para eles. A resposta é a interação bebê
e mãe, por exemplo, a maneira como ele suga o seio, o número de vezes que
procura a mama, esse comportamento irá definir a quantidade certa.
A mãe que amamenta retorna ao peso mais
rapidamente?
Verdade, um maior peso é necessário na
gestação para mantê-la. Após o parto, a mulher guarda um pouco de gordura como
reserva, uma preparação para o período de aleitamento. Assim, toda mãe que
tenha tido uma gravidez normal e saudável, após o bebê nascer, ainda tem um
pouco de gordura. Deste modo, quando amamenta, tende a usar essa gordura e,
assim, volta naturalmente ao peso de antes da gravidez.
Bebê em aleitamento materno exclusivo
precisa suplementar vitamina D?
Isso é muito variável e há dois tipos
de conduta: a individual, que o pediatra frente a um paciente específico vai
decidir de acordo com o estado nutricional de vitamina D da mãe e de uma série
de outros aspectos. Se formos seguir indicações em nível populacional, a
recomendação atual da Sociedade Brasileira de Pediatria é para que sim, todos
os bebês recebam suplementação de vitamina D, o que chamamos de suplementação
universal. E isso deve ocorrer até os dois anos de idade.
Deve-se evitar o consumo de álcool e
café durante a amamentação?
Recomendamos que a alimentação durante
a lactação deva ser normal, mas saudável. Nenhuma pessoa deve consumir muito
álcool todos os dias, inclusive uma lactante. Lógico que no período de lactação
recomendamos que a mãe não abuse de algumas substâncias, especialmente tabaco,
álcool e drogas. Se for consumir álcool, que seja muito pouco, uma dose de
vinho, de vez em quando, não fará mal. Assim como café, e ela tomava muito café
antes, não deve mais fazer isso. Agora, se for consumido de forma saudável, não
há problema. A menos que a mãe perceba que o bebê tem mais cólica e fica
irritado quando ela toma café. Nestes casos, deve suspender. Mas é uma situação
particular.
Quais benefícios o aleitamento materno
pode trazer para a mulher que amamenta?
Esta é uma ótima pergunta, pois sempre
falam apenas do bebê. Benefícios para a mãe: a já citada tendência de perder
peso rapidamente. A amamentação reduz a incidência de algumas doenças, como
câncer de mama e de colo de útero e diabetes. A mulher, quando amamenta libera
alguns hormônios que dão uma sensação de bem-estar e colaboram para que ela
tenha um bom estado mental durante este período difícil que é a amamentação.
Além disso, cria vínculos com o bebê. Há vários outros, mas estes considero os
mais importantes.
Quais os benefícios da amamentação para
o bebê?
Segundo a OMS (Organização Mundial de
Saúde), da Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de
Nutrologia, a criança deve ser amamentada exclusivamente até o sexto mês de
vida. E esta amamentação pode ser continuada até dois anos ou mais. Então, até
os seis meses, a criança deve receber exclusivamente leite materno. A partir do
sexto mês, a amamentação não precisa mais ser exclusiva, e se inicia a
alimentação complementar. Depois, a criança entra na dieta da família, mas se
tiver, por exemplo, um ano e meio, pode continuar a mamar.
Crianças que mamam por mais tempo são
mais saudáveis?
Sim, a criança amamentada por mais tempo é mais saudável, tem
maior coeficiente de inteligência, menos riscos de obesidade e de doenças
crônicas não transmissíveis, falando especialmente sobre o primeiro semestre de
vida. O bebê que mama apenas por um mês, tem mais risco de obesidade. O que
mama seis meses, tem uma chance maior de ser mais inteligente que um que mamou
até os dois meses. Dentro do primeiro semestre, quanto mais tempo a criança for
alimentada de forma exclusiva, melhor para ela do ponto de vista de saúde e
alimentação. Não sabemos, porém, se uma criança que é amamentada até dois, três
anos, terá uma maior saudabilidade. Mas falando do primeiro semestre.
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