A doença da superfície ocular em pacientes com
glaucoma é muito comum e pode afetar de 40 a 59% dessa população
O olho
seco, cujo nome médico é ceratoconjuntivite seca, é uma doença que afeta de 8 a
30% da população em geral, acima dos 40 anos. Contudo, a prevalência em quem
tem glaucoma pode chegar a quase 60%.
Estudos ao longo dos anos apontaram uma forte relação do olho seco com o
glaucoma. A razão é que os medicamentos usados para controlar a pressão intraocular
(PIO), principal fator de risco para o glaucoma, podem afetar a saúde do filme
lacrimal, resultando no olho seco.
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma,
trata-se de uma condição muito delicada.
“O uso de colírios para o tratamento do glaucoma é uma estratégia
importantíssima para o controle da pressão intraocular. Entretanto, com o
tempo, há efeitos adversos desses fármacos que causam um desequilíbrio no filme
lacrimal”.
“O motivo é que os colírios possuem conservantes e excipientes que alteram as
estruturas celulares. Com isso, surgem anormalidades no filme lacrimal levando
aos sintomas do olho seco”.
“Além disso, estudos já demonstraram que essas alterações causam uma inflamação
crônica na superfície ocular, bem como reduzem a adesão do paciente à terapia.
Por último, ambas as doenças diminuem a qualidade de vida de forma
significativa”, comenta Dra. Maria Beatriz.
Sinais e sintomas
Os principais sintomas do olho seco são dor, ardência, irritação, coceira,
vermelhidão e sensação de corpo estranho nos olhos. Estudos mostraram que nos
pacientes com glaucoma, o olho seco também causa diminuição da acuidade visual.
Os pacientes relatam dificuldades para realizar atividades da vida diária, como
ler, dirigir, assistir televisão e usar os dispositivos eletrônicos, como
celulares e computadores.
"Outra consequência do olho seco em conjunto com o glaucoma, é que a
redução das lágrimas resulta em concentrações mais altas dos colírios na
superfície ocular. Por fim, a aplicação desses medicamentos pode ser mais
desconfortável na presença dos sintomas de secura ocular", comenta a
médica.
Tratamento
A especialista ressalta que o principal objetivo do tratamento do olho seco nos
pacientes com glaucoma é minimizar a resposta inflamatória, optando por
medicamentos que poupem a superfície ocular, com formulações sem conservantes.
“Outra estratégia importante é unir o tratamento das duas condições logo no
início do diagnóstico do glaucoma. É preciso reconhecer e tratar, precocemente,
os sintomas da ceratoconjuntivite para reduzir os efeitos desses medicamentos
na superfície ocular".
Atualmente, há evidências de que é possível optar por terapias alternativas aos
colírios. Hoje, os procedimentos minimamente invasivos, como os stents
intraoculares e a trabeculotomia a laser, podem ser opções para controlar a
pressão intraocular em alguns pacientes.
"Mas, essa estratégia depende de vários fatores, como o tipo de glaucoma.
Ou seja, o tratamento precisa ser individualizado”, reforça Dra. Maria Beatriz.
Por último, quando não há indicação para procedimentos cirúrgicos, alguns
pacientes com olho seco podem se beneficiar da terapia de luz intensa pulsada.
“Esse tratamento reduz a inflamação da superfície ocular, bem como ajuda a
desobstruir as glândulas que produzem as substâncias que compõem o filme
lacrimal. A grande vantagem da luz pulsada é a remissão dos sintomas a longo
prazo. Sem dúvidas, isso contribui para o tratamento do glaucoma e melhora da
qualidade de vida”, finaliza a oftalmologista.
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