Gestores médicos
das unidades coronarianas dos Hospitais Icaraí e Hospital e Clínica São Gonçalo
ressaltam que a pandemia tem reduzido os atendimentos de doenças cardiológicas
agudas e crônicas
O Covid-19 (Novo Coronavírus) vem assolando o
mundo. Diante de toda a situação caótica que se instalou, as cardiopatias
aparecem, de acordo com informativos do Ministério da Saúde, como grande fator
de risco de morte para pacientes com Covid-19 . A pandemia do Novo Coronavírus
vem, contudo, reduzindo a presença destes pacientes cardiológicos nos serviços
de emergência em todo o pais, fazendo com que os sintomas se agravem .
O Hospital Icaraí (HI) e o Hospital e Clínica São
Gonçalo (HCSS), na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, se programaram e
elaboraram uma estrutura para poder garantir segurança aos pacientes que
possuem doenças crônicas, mas que não estão contaminado pela Covid-19. Nos
hospitais, os pacientes com o vírus são alocados de forma separada, em unidades
de terapia intensiva específicas, bem como em andares de apartamentos
específicos. A rede de hospitais acredita que o isolamento, de certa forma,
afasta os outros doentes sem sintomas virais do hospital, o que vem fazendo com
que o doente chegue em estado mais grave nas emergências.
De acordo com o doutor Cláudio Catarina, gestor da
unidade coronariana do Hospital Icaraí, deve-se ter todo um cuidado para
atender pacientes com doenças crônicas em meio à pandemia, com as ações nas
salas de emergência tendo de ser rápidas, breves e bastante resolutiva para que
não haja exposição do paciente não infectado a outro que lá esteja com a
virose. "Separamos alas e andares inteiros do hospital, bem como unidades
específicas onde os pacientes 'não covid" possam ser assistidos com menor
risco de contaminação. Inclusive, os profissionais da assistência são também
distintos para que não levem a infecção ao paciente não covid", diz.
Cláudio esclarece que certos sintomas, se tratando
de pacientes que não estão com o vírus, não podem ser ignorados e devem servir
de alerta para buscar um hospital, como o quadro clínico de infarto e dores no
peito e no braço que durem por pelo menos de dez a 20 minutos, acompanhadas de
palidez, náuseas ou vômitos. "Outro dado importante, caso o paciente tenha
passado de arritmia cardíaca, é o desmaio ou a sensação de taquicardia
sustentada, aquela que demora para passar. Estes são dois momentos de
grande importância para buscar a emergência e esquecer do coronavírus",
acrescenta.
Segundo o profissional, a unidade coronariana
do Hospital Icaraí tem a proposta de não admitir pacientes com suspeita ou
diagnóstico de coronavírus, justamente para preservar o cardiopata (por ser
grupo de risco) e também para dar continuidade ao tratamento das doenças
cardiovasculares que se mantém como a maior causa de mortes no mundo
ocidental.
"Pacientes muitas vezes não podem aguardar
para fazer um implante de marcapasso ou uma cirurgia, angioplastia, no contexto
de sua doença. Estamos com um grupo muito forte e coordenado assistindo em
outras unidades os pacientes com covid. Inclusive, nos dão pronto suporte em
caso de suspeita em algum paciente que porventura tenha sido admitido na
unidade do coração por um motivo inicial não cardiológico. Buscamos também a
vigilância e preservação da equipe de assistência para que não haja circulação
do vírus em nosso setor", explica.
importância de um tratamento continuado para os
pacientes com patologias crônicas
Para o doutor Ângelo Di Candia, gestor da unidade
coronariana do Hospital e Clínica São Gonçalo, é fundamental, para a maioria
das doenças crônicas, manter um acompanhamento regular é decisivo no
monitoramento de complicações que podem ser fatais. "Para doenças de curso
agudo, como uma crise de pressão alta, uma isquemia cerebral e até o infarto
agudo do miocárdio, a ida ao hospital é igualmente necessária e decisiva para a
recuperação do quadro", salienta.
Ângelo orienta para os agravamentos e consequências
que os pacientes podem ter por não darem sequencia aos seus tratamentos
continuados devido à pandemia de Covid-19.
"As consequências podem ser catastróficas. As
observações mais recentes têm mostrado que o número de pessoas com infarto e morte
em casa aumentou até oito vezes nos últimos meses. As pessoas estão indo menos
o hospital, relutando em procurar ajuda médica por medo de adquirir a Covid nos
ambientes hospitalares. É importante lembrar que nossos hospitais são o lugar
mais seguro do mundo para se estar se você está com sintomas de infarto, e
nunca o contrário", afirma.
Importância de não demorar a solicitar ajuda médica
De acordo com Ângelo, a demora ou relutância em
procurar ajuda médica pode agravar o quadro do paciente, criando consequências
imprevisíveis.
"Dores na região do peito, cansaço, falta de
ar, tosse e fraqueza são sinais e sintomas que podem traduzir tanto um quadro
infeccioso respiratório quanto um quadro cardiológico de infarto ou
insuficiência cardíaca, por exemplo. Esses sintomas não podem ser
negligenciados e os pacientes que sentirem devem procurar o hospital
imediatamente, principalmente se possuem pressão alta, diabetes, obesidade,
tabagismo ou colesterol alterado", diz.
Ele alerta que os pacientes que visitam os
hospitais devem ser orientados a observar os mesmos cuidados de etiqueta
respiratória e distanciamento que observam na comunidade, com redução de
visitas, uso universal de máscaras e higiene rigorosa das mãos.
"Nosso pessoal administrativo e de assistência
orientaram os pacientes, familiares e visitantes durante todo o tempo, seguindo
todas as normas e recomendações da Organização Mundial de Saúde", diz
Ângelo, elucidando que o Hospital e Clínica São Gonçalo tem um fluxo de
atendimento sistematizado, com protocolos e uma equipe treinada para atender as
principais síndromes clínicas.
"É um atendimento especializado e segmentado
em linhas de cuidado, algo invariavelmente associado às boas práticas clínicas
dos melhores centros do mundo. Durante a pandemia, o fluxo desses pacientes não
mudou. Estamos preparados para recebê-los sem qualquer prejuízo em meio a todas
as novas ações que foram estabelecidas para combater a pandemia",
destaca.
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