O controle das finanças já é uma questão
desafiadora e faz parte do dia a dia da maioria da população brasileira, mas na
crise sanitária e econômica que o mundo inteiro está vivendo o planejamento se
torna ainda mais importante para minimizar impactos e não contrair
dívidas.
No Sicredi, instituição financeira cooperativa, a
educação financeira sempre foi um dos principais pilares do relacionamento com
associados e, por isso, separei sete dicas essenciais que vão ajudar Pessoas
Físicas (PF) e Jurídicas (PJ) a manterem suas atividades econômicas e
atravessarem esse período atípico.
- Reorganize suas finanças e renegocie dívidas.
Coloque no papel suas receitas e despesas. Como
sempre, o ideal é gastar menos do que ganha, mas esse exercício é muito
importante para se ter ideia dos gastos que podem aumentar durante a crise,
como alimentação, luz e água; fundamental para cortar o que é supérfluo; e
essencial para avaliar dívidas e pensar no que pode ser negociado a depender
dos juros.
Se você também é PJ, avalie com calma o orçamento
da sua empresa e estipule despesas prioritárias. Na lista das dívidas, é importante
separá-las por “indispensáveis”, “dispensáveis” e “ajustáveis” (aquelas que
podem ser diminuídas sem impacto na qualidade de vida, como assinaturas de TV).
- Separe a pessoa física da jurídica
Nunca esqueça que a sua empresa é uma coisa e você
outra. Nesse momento, é muito importante priorizar o negócio que gera renda
para sua sobrevivência e possivelmente para outras pessoas que dependem de
você. No dia a dia essa separação pode não ficar tão clara, principalmente
quando se é Microempreendedor Individual (MEI), mas é necessário lembrar que a
crise passará e a Pessoa Jurídica precisa seguir forte e com disciplina para
manter a atividade econômica.
- Busque alternativas de receita.
Na crise é preciso se reinventar. Se você é
autônomo, busque rendas extras. Muitas pessoas estão confeccionando máscaras de
tecido que ajudam a diminuir os riscos de contágio da covid-19. Outra
alternativa são os brechós on-line para comercializar itens que você não usa
mais, como roupas, sapatos, móveis, jogos e etc. Você também pode avaliar se é
possível antecipar férias, adiantar o 13º salário ou ainda restituir imposto de
renda.
Quem é PJ também deve ter criatividade. O espírito
empreendedor é fundamental para lidar com as mudanças do mercado, por isso,
procure caminhos que permitam que seu negócio continue ativo de forma remota,
pela internet ou por telefone, aproveite as redes sociais para impulsionar
vendas. Os restaurantes, por exemplo, estão apostando ainda mais nos
aplicativos de entrega durante o distanciamento social. No Sicredi, criamos o Sicredi Conecta, um
aplicativo para smartphone onde os nossos associados podem comprar e vender
produtos entre si.
- Cuidado com a internet
Como mencionei anteriormente, a internet é um canal
importante para impulsionar vendas, mas o tráfego aumentou nas últimas semanas
por causa do distanciamento social e o mundo digital ficou ainda mais
suscetível aos golpes. Se você é Pessoa Física, desconfie das promoções muito
vantajosas, os “caça-cliques”, e também tome cuidado para não cair na tentação
de comprar por impulso algo que não precisa.
Para os PJ’s, é importante lembrar que a internet
também pode oferecer riscos. Muitos golpistas estão usando nome de empresas
conhecidas para criar páginas falsas e roubar dados dos usuários, e isso pode
gerar muita dor de cabeça. Esteja sempre atento e próximo dos seus clientes
para garantir a segurança deles e minimizar impactos na sua imagem, caso isso
aconteça.
- Perdeu o emprego ou precisa demitir?
Para as Pessoas Físicas, em caso de desemprego o
controle do seu orçamento deverá ser ainda maior daqui para frente. Faça um
levantamento geral do que você tem a receber ou já recebeu, como férias, 13º
salário, aviso prévio, FGTS, multa rescisória e saldo de dias trabalhados.
Encaminhe seu seguro desemprego, fique atento ao benefício oferecido pelo
governo, como o auxílio emergencial de R$ 600, e adeque suas despesas à nova realidade,
fazendo máximo de economia possível e de maneira racional.
Se você é PJ e precisa reduzir sua equipe de
funcionários, saiba que o governo federal criou um pacote de combate ao
desemprego com opção de redução de salários e jornadas. Se você é MEI,
lembre-se que os prazos para pagamento dos tributos referentes aos meses de
março, abril e maio foram postergados para outubro, novembro e dezembro deste
ano e que também é possível se enquadrar no recebimento do auxílio emergencial
do governo neste
link.
- Cuidado com o estoque de compras
Para quem é Pessoa Física, a recomendação é comprar
sempre o essencial para o momento. A famosa lista de supermercado ajuda a
racionalizar, evita a compra de itens supérfluos e ainda otimiza nosso tempo no
supermercado, já que o período é de isolamento social e é preciso evitar
lugares com aglomeração de pessoas. Além disso, comprar exageradamente pode
provocar escassez dos produtos e influenciar no preço.
Se você é Pessoa Jurídica, seja comedido ao estocar
produtos, especialmente alimentos. Infelizmente essa crise ainda não tem data
para acabar e, mesmo que o preço seja vantajoso nesse momento, o recurso
aplicado agora em produtos que podem não ser comercializados ou ainda perderem
a data de validade pode fazer faltar mais adiante.
- Fique de olho no futuro
Aproveite o tempo de distanciamento social para
pensar em oportunidades de negócios e desenvolvimento profissional. Seja Pessoa
Física ou Pessoa Jurídica, se você estiver em uma situação financeira mais
confortável, procure por cursos on-line que possam te ajudar a aprimorar o que
você já faz. Outra alternativa para garantir rendimento é usar seu dinheiro em
investimentos de baixo risco e muita liquidez. O recomendável em momentos de
crise, como essa atual, é ter uma reserva de no mínimo 12 vezes seu custo fixo
mensal. E não esqueça de usar o tempo livre para fazer sua declaração de
Imposto de Renda, pois ela é um comprovante de rendimento que será útil na
busca por crédito no futuro e o prazo para entregar a declaração acaba dia 30
de junho.
Everton Lopes - economista e
especialista em Educação Financeira da Fundação Sicredi
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