Ayahuasca é um chá com potencial
alucinógeno capaz de provocar alterações na consciência por um período de
até dez horas. Algumas religiões usam a bebida em seus cultos como forma de
abrir a mente e criar visões místicas.
No entanto, o chá contém substâncias que atuam sobre o sistema
nervoso e causam efeitos colaterais como vômitos e diarreia, além de outros
impactos negativos em longo prazo, como aumento da pressão arterial, surtos psicóticos e até a morte.
Com a colaboração da dra. Luciana Mancini Bari, clínica geral do
Hospital Santa Mônica, nós preparamos este post para explicar com detalhes o
que é o chá, como ele funciona no organismo dos usuários e quais são os
principais perigos da ayahuasca. Continue a leitura!
O que é a ayahuasca?
O chá de ayahuasca, também conhecido como Santo Daime, é uma
bebida feita a partir da infusão de duas plantas amazônicas: o cipó-jagube e o
arbusto-chacrona. A palavra ayahuasca tem origem indígena e pode ser traduzida
como “vinho dos mortos”.
O chá é utilizado há milênios por índios da América do Sul em
rituais de extrema religiosidade, e somente no século
passado surgiram seitas não indígenas que fazem o uso da bebida.
Atualmente, cultos religiosos como o Santo Daime, Céu de Maria, Porta do Sol e
União do Vegetal têm o consumo da bebida como ritual — hábito que é permitido
no Brasil pelo Conselho Nacional de Políticas Sobre Droga (CONAD).
A liberação impõe algumas regras: pessoas que estão sob
efeito de outras drogas e álcool não podem consumir o chá.
Além disso, quem tem histórico de doenças mentais também não pode fazer uso da
substância. No entanto, na prática, as seitas não têm como fazer esse tipo de
controle e, por isso, a bebida torna-se um perigo.
Dra. Luciana Bari comenta que “Apesar da resolução que determina
que o chá não deve ser consumido por quem tenha algum distúrbio psiquiátrico,
ela não prevê quem pode apresentar algum transtorno depois de consumir o chá,
ou quem pode ficar dependente dele.”
Como ela funciona?
O chá de ayahuasca contém DMT e inibidores da monoamina oxidase.
Ao agirem no sistema nervoso central, essas substâncias causam euforia e visões
psicodélicas. É por isso que muitos usuários acreditam que o uso da droga
proporciona experiências místicas e transcendentais.
Efeitos no corpo
Os efeitos de curto prazo do uso do chá de ayahuasca são
subjetivos. O usuário tem visões mesmo com os olhos fechados, delírios e
sensação de vigilância. Essas visões costumam mostrar animais, divindades,
demônios e seres da floresta, além da sensação de voar. A droga também pode
provocar alterações de percepção e de cognição.
Além desses efeitos, como comentamos, estudos apontam ser comum que o usuário
tenha alguns sintomas físicos, como diarreia, vômitos, tremores e náuseas logo
após a ingestão da bebida.
Quais são os perigos da ayahuasca?
A popularização da droga e a permissão do seu uso no Brasil
fazem com que muitas pessoas encarem o chá como um meio de diversão e esqueçam
de se preocupar com os riscos e os perigos da ayahuasca. O consumo da bebida
pode desencadear consequências físicas e psicológicas nos usuários. Saiba mais
sobre elas a seguir.
Efeitos físicos
Além do vômito, náuseas e diarreia causados logo após o consumo
do chá, outros efeitos físicos podem afetar os usuários, como taquicardia,
tontura, aumento da pressão sanguínea, dor no peito e até convulsões. A
intoxicação com DMT também pode causar hipertensão.
Efeitos psicológicos
Assim como acontece após o uso de outras drogas alucinógenas,
como o LSD, os resultados causados pelo consumo da bebida
e a reação de cada indivíduo a essas sensações não podem ser previstos. Algumas
pessoas sentem muito medo, ansiedade, paranoia e correm o risco de
trazer à tona alguns traumas do passado.
Por isso, a experiência pode ser assustadora, principalmente se
for realizada sem o acompanhamento de pessoas treinadas e preparadas para
auxiliar quem consome a bebida. Além do mais, esses efeitos podem permanecer
por várias semanas.
Outros efeitos
Também é muito importante lembrar que o consumo de DMT aumenta o
risco de ocorrência da síndrome da serotonina, principalmente em indivíduos que
fazem uso de medicamentos antidepressivos. Isso acontece porque esses
remédios estimulam a produção do hormônio, assim como a droga presente no chá.
Os sintomas da síndrome, que pode ser fatal, incluem dores de cabeça,
agitação e aumento da pressão sanguínea.
O consumo do chá de ayahuasca também representa grande perigo
para quem sofre de transtornos mentais, como a esquizofrenia. Há ainda os riscos de
convulsões, de problemas respiratórios, de surtos psicóticos e, em casos mais
graves, de coma.
O chá de ayahuasca vicia?
As substâncias presentes no chá não são comprovadamente
viciantes. No entanto, pode acontecer, em alguns casos, a dependência psicológica,
assim como ocorre com os usuários de outras drogas alucinógenas. A vontade de
continuar experimentando as sensações promovidas pelo chá pode levar as pessoas
a fazerem o uso contínuo da bebida, o que, como já vimos, pode ser prejudicial
à saúde física e à saúde mental.
Dra. Luciana Bari aborda que “O problema é que são pessoas, como
todos dependentes químicos, que têm o componente físico, psicológico e
genético, que frente a qualquer substância que altere o estado de consciência,
podem fazer com que disparem os gatilhos da dependência ”
“As pessoas confundem, por ser um chá, uma erva e ser usado por
índios como algo natural e não prejudicial a saúde, mas foi demonstrado o
contrário, que pode causar sérios danos para aqueles que o consomem”, salienta
a especialista.
Por isso, antes de fazer o uso, é importante que a pessoa
pesquise sobre o hábito e informe-se com relação às possíveis consequências, a
fim de assumir conscientemente os riscos trazidos pelo consumo do chá.
Se você tem o hábito de consumir a bebida e acha que isso está
atrapalhando a sua vida ou gostaria de parar e não consegue, é hora de buscar
ajuda profissional. Quanto antes for iniciado o tratamento contra o vício,
menores os riscos de sofrer com consequências graves.
O Hospital Santa Mônica conta com uma equipe
multidisciplinar em saúde, com sólida experiência no tratamento de vícios.
Esses profissionais desenvolvem uma avaliação para conhecer as particularidades
e as necessidades de cada paciente e traçam um plano de tratamento
individualizado.
Além disso, o hospital tem uma área de mais de 50 mil metros
quadrados com mata nativa preservada, academia de ginástica, piscina e outros
ambientes para a prática de atividades, que incentivam a socialização. Os
pacientes também participam de sessões de terapia, de atividades lúdicas e de
momentos de partilha de experiências.
Agora você já conhece os perigos da ayahuasca e entende
como o consumo da bebida pode trazer prejuízos à saúde. Não se esqueça de
contar com ajuda especializada caso esteja passando por problemas de
dependência psicológica causados pelo consumo da substância.
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