08 de março é o Dia Internacional da Mulher, uma
data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na
década de 1970. Simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas
condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à
reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, marca a luta das
mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o
machismo e a violência.
Segundo a ONU, o Dia Internacional da Mulher não é
um mero dia voltado simplesmente a homenagens triviais às mulheres. O 08 de
março é um dia para reflexão a respeito de toda a desigualdade e a violência
que as mulheres sofrem no Brasil e no mundo. É um momento para combater o
silenciamento que existe e que normaliza a desigualdade e as violências
sofridas pelas mulheres, além de ser um momento para repensar atitudes e tentar
construir uma sociedade sem desigualdade e preconceito de gênero.
Como ser mulher no contexto atual
“Brene Brown é uma pesquisadora americana que fala
sobre tudo o que queremos esconder: imperfeição, vergonha, vulnerabilidade,
sensação de não pertencimento. Justamente por ter essa abordagem tão honesta
sobre o que, afinal de contas, é ser humano, ela é referência constante em meus
grupos e atendimentos, e estou sempre seguindo as descobertas de seus estudos e
as teorias que defende em seus livros”, afirma Vivian Wolff, coach especialista
em desenvolvimento humano e mindfulness pelo Integrated Coaching Institute
(ICI) e formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for
Transformational Leadership, Washington DC.
No livro de Brene, “A coragem de ser imperfeito”,
Vivian cita um ponto coerente. “O modelo de vida atual, a quantidade de coisas
que a mulher exige dela mesma vai além do que se pode aguentar. E quando ela
não dá conta de tudo, se sente frustrada. Acorda no dia seguinte já se
programando para fazer ainda mais e melhor. E a simples ideia de uma pausa se
torna cada vez mais impensável. Como seria se a mulher se permitisse fazer
menos e incluir momentos de descanso em sua jornada? Períodos de desconexão são
essenciais para o bem-estar. Esquecer um pouco o check-list, olhar para si
mesma e fazer algo que não esteja vinculado a responsabilidades, mas ao prazer,
ao conforto que tanto lhe falta”, aponta Vivian Wolff.
Segundo Elaine Di Sarno, psicóloga com
especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica, e Terapia Cognitivo
Comportamental, ambas pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas –
FMUSP; é preciso que a mulher entenda seu espaço no mundo desde pequena. “É
fundamental passar valores de mãe para filha, como autoestima, segurança,
respeito, confiança e empatia. Valores que ressaltam o feminino e, ao mesmo
tempo, formam uma base sólida para que uma menina possa crescer acreditando em
si mesma e no poder de suas escolhas. Ao chegar na universidade e nos primeiros
postos de trabalho, essas jovens precisam de referências e mentoras, alguém que
venceu no meio de um mar de desencorajamento e testosterona, e que pode servir
de modelo para as próximas gerações. O poder feminino é transformador e não
deve faltar em nenhuma área promissora do futuro”, avalia Elaine Di Sarno.
Por que não a mulher?
Anos atrás, era mais difícil encontrar uma médica
que fosse especialista em determinada área. Mais: que fosse especialista e bem
qualificada. “A medicina era uma área dominada pelos homens. Talvez culpa da
errônea ideia de que os homens eram superiores às mulheres por exercerem essa
profissão há muito mais tempo. Não deixa de ser verdade que os homens estão na
medicina há muito mais tempo. Mas não tem relação com inferioridade
intelectual. Tem a ver com o impedimento feminino, que perdurou por séculos, de
estudar, trabalhar fora de casa e de ter voz ativa na sociedade”, frisa Dra.
Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em endocrinologia
ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa e especialista em reprodução
assistida pela FEBRASGO.
Os primeiros relatos médicos da história da
humanidade datam de alguns milênios antes de Cristo, escritos em papiros
egípcios. A primeira faculdade de medicina data do século IX, e era frequentada
somente por homens. Elizabeth Blackwell, nascida na Inglaterra e radicada nos
Estados Unidos, foi a primeira mulher do mundo a ingressar em uma faculdade de
medicina. Segundo Karina Tafner, precisou estudar sozinha em casa, com a ajuda
de tutor, e foi recusada por nada menos que dez faculdades. “Ela finalmente foi
aceita na Universidade de Genova, onde se tornou a primeira mulher a se formar
médica, em 1849. Mais tarde, ela também criou uma escola de medicina voltada
para as mulheres. Hoje, o número de mulheres que cursam medicina no Brasil é maior
do que o de homens, desde 2009, e as mulheres já são maioria entre os
profissionais com menos de 29 anos de idade”, comemora Tafner.
A síndrome da Mulher Maravilha
De acordo com a psicóloga Elaine Di Sarno, a busca
por uma pseudo perfeição se tornou praticamente uma obrigação para as mulheres.
Uma exigência para si mesma e para os outros. Segundo ela, essa idealização já
está arraigada na nossa sociedade, como se fosse uma verdade absoluta e não
houvesse opção de escolha. A mulher vivencia uma dupla ou tripla jornada
(cuidar da casa, do marido, das crianças, do emprego, do curso de
especialização, do supermercado e ainda tem que estar impecável na aparência).
“Não importa se você seja ocupada demais. As pessoas sempre vão reparar se você
engordou, se está com as unhas feitas, o cabelo arrumado ou com a pele
bonita”’, diz Elaine.
Diante disso, segundo a psicóloga, vem o stress, a
sobrecarga e a ansiedade. “Não à toa, as mulheres são mais predispostas a ter
depressão e a desenvolver transtornos de ansiedade. Enquanto cerca de 20% delas
apresentam algum episódio depressivo ao longo da vida, apenas 12% dos homens
sofrem o mesmo. Claro que há influência de hormônios, especialmente em
determinadas fases, como na tensão pré-menstrual, na menopausa ou durante a
gestação. Mas os fatores sociais certamente acentuam estes sintomas”, conclui
Elaine Di Sarno.
Para a coach Vivian Wolff, o perfeccionismo e a
autocrítica geram um círculo vicioso. “Passamos a viver na ansiedade de uma
vida e atos perfeitos, tentando nos proteger das situações capazes de expor
nossos defeitos ao mundo. Quando entendemos que a perfeição não existe e nos
acolhemos exatamente como somos, com o pacote completo, conseguimos nos
perdoar, atuar com autocompaixão e pedir ajuda quando precisamos. Neste
contexto, além de a mulher construir uma relação mais saudável com ela mesma,
passa a enxergar o outro dessa mesma forma, atuando com maior empatia e gerando
maior conexão ao seu redor”.
Vivian questiona que se você sente que está presa no piloto automático da rotina e com sintomas da síndrome da Mulher Maravilha, está na hora de avaliar como está lidando com cada um dos pontos da vida. “Quem sabe, com pequenos ajustes, você consiga ser uma mulher mais ponderada, equilibrada, serena e, consequentemente, mais feliz”, finaliza a coach.
Vivian questiona que se você sente que está presa no piloto automático da rotina e com sintomas da síndrome da Mulher Maravilha, está na hora de avaliar como está lidando com cada um dos pontos da vida. “Quem sabe, com pequenos ajustes, você consiga ser uma mulher mais ponderada, equilibrada, serena e, consequentemente, mais feliz”, finaliza a coach.
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