Livro online está
disponível gratuitamente
para download no Blog Dor Crônica
(Divulgação) |
Livro
online gratuito será lançado no Dia Internacional da Mulher (8/3). De conteúdo
inédito no Brasil, denuncia o descaso no atendimento médico, apesar de mulheres
mostrarem evidências e reportarem mais dores do que o sexo masculino
A proporção feminina da
população impactada pela dor crônica é o dobro da masculina. Geralmente as
mulheres informam experimentar uma dor maior recorrente, mais intensa e mais
duradoura que os homens. Mesmo assim, estudos comprovam que as mulheres são
tratadas menos assertivamente, não recebem da saúde pública e privada o mesmo
tratamento dado aos homens e que algumas padecem e até falecem em função disso.
O livro online “O Paradoxo de Eva” (disponível
gratuitamente para download), de conteúdo inédito no Brasil, com 130 páginas,
que será lançado dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher), é um
alerta sobre o assunto, uma análise aprofundada baseada em uma série de
comprovações científicas internacionais de que a mulher não está sendo tratada
à altura de suas dores complexas. A situação já é denunciada e debatida no
Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, entre outros. Entretanto, é
ignorada no Brasil.
“Em comparação aos homens, as
mulheres têm mais dor crônica e são mais diagnosticadas com síndromes de dor
crônica. Contudo, se queixam de seus relatos de dor não serem ouvidos
devidamente, e sua dor ser rotulada, muitas vezes, de ‘inexplicável’, pelos
médicos”, explica Julio Troncoso, autor de ‘O Paradoxo de Eva’, que após sofrer
por 25 anos de dor cervical, passou a se dedicar a pesquisa sobre dor crônica,
e assim desenvolveu uma estratégia de vida e um tratamento multifatorial capaz
de controlá-la. Formado em Economia e Administração de Empresas e PhD em
Comportamento pela Cornell University (EUA), Troncoso já
lançou 10 livros digitais sobre o tema e o fato de ser um pesquisador profissional
e falar quatro idiomas facilitou interpretar, compilar e analisar, ao longo de
um ano, as mais diversas pesquisas realizadas no mundo sobre a dor feminina e o
viés de gênero na saúde, e trazer como resultado o desafiador ‘O Paradoxo de
Eva’.
Juntamente com o livro, chega
ao mercado o novo aplicativo gratuito ‘Alívio Mulher’ (link vídeo
explicativo https://youtu.be/SwfqTOjNU0E),
jogo inédito no mundo e exclusivamente sobre dores femininas – 17 delas
apresentadas em mais de 3 mil informações comprovadas sobre dor. “O app é
destinado ao paciente para que possa se divertir um pouco enquanto joga.
É uma distração, mas existem evidências que a educação em dor ajuda no alívio
da mesma, é terapêutica. Quanto mais se joga, mais se aprende”, explica
Troncoso também idealizador do jogo e membro da SBED – Sociedade Brasileira
para o Estudo da Dor e da ABCT – Association for Behavioural and Cognitive Therapies,
USA e do WIP – World Institute of Pain. Criado em parceria com a
empresa Overtime Studios, o novo app permite jogar sozinho ou com
um oponente, onde é preciso avaliar se as informações são Verdadeiras ou
Falsas, sendo que em cada resposta é possível ser direcionado a novas
informações de pesquisas internacionais sobre o tema.
Tanto o livro “O Paradoxo de
Eva” quanto o app “Alívio Mulher” podem ser acessados no Dor
Crônica – O Blog (https://dorcronica.blog.br),
projeto filantrópico de educação em dor no Brasil, que abriga artigos, ebooks,
vídeos, questionários, aplicativos, cartuns, lâminas pedagógicas e conteúdos de
redes sociais, entre outros. Todo este material é de idealização e autoria de
Julio Troncoso, com consultoria de Rosana Pereira, administradora de empresas
com pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas. “Este projeto é dedicado a ajudar
a construir uma consciência sobre Dor Crônica, uma vez que falta conhecimento
do paciente e atualização do profissional de saúde nesta área”, explica Rosana.
“As faculdades de medicina e associações médicas não abordam o tema dor; os
médicos e outros profissionais da saúde, por sua vez, não costumam educar seus
pacientes em dor. Existe, inclusive, uma restrição legal impedindo o Sistema
Único de Saúde - SUS de informar pacientes sobre o que não estiver chancelado
pela Medicina Baseada em Evidências. Um empecilho que impede levar informação
básica sobre dor a milhões de pessoas. Com este projeto pioneiro vamos muito
além de apenas informar, nós educamos sobre dor, e, sem dúvida, estamos
preenchendo um vazio flagrante”, conclui a consultora.
‘Mulher – a dor está na sua cabeça’ - ‘O
Paradoxo de Eva’ mostra que em toda a história não foram poucas as vezes em que
as mulheres foram informadas seja por profissionais da saúde, familiares ou
pessoas próximas, que sua dor era “psicossomática” ou influenciada por
sofrimento emocional. Revisões de estudos mostraram que mulheres com dor podem
ser percebidas como histéricas, emocionais, falsificando ou fabricando a dor.
São mais de 300 tipos de dores crônicas que acometem, sobretudo as
mulheres. Um case que ilustra bem esta situação é o da canadense Lisa
Benshabat, que foi repetidamente informada pelos seus médicos que suas dores
estavam em sua cabeça, até que ela não aguentou mais e tirou sua vida aos 24
anos de idade (em 2016). “O que ocorreu com Lisa não é incomum”, afirma
Troncoso. O relatório do Journal of Law, Medicine and Ethics,
datado de 2001, já dava o ‘pontapé inicial’: “as mulheres que procuram ajuda
têm menos probabilidade de serem levadas a sério quando relatam dor e são menos
propensas a ter sua dor tratada adequadamente, concluem pesquisadores. Esses achados
têm se repetido em revistas médicas durante vários anos desde então. E o que
tinha Lisa? Uma dor pélvica angustiante. Segundo o pesquisador, na indústria
médica há um longo histórico de desconsideração da dor feminina. “É difícil,
todavia, precisar se isso se deve ao viés de gênero, à falta de pesquisas
médicas sobre as mulheres ou às diferenças reais sobre como os sexos
interpretam a dor. O que importa é que este desequilíbrio no atendimento médico
oferecido às mulheres está custando saúde e vidas. Permanecer indiferente
diante de uma realidade tão terrível quanto essa, isso sim é paradoxal”.
De acordo com a Organização
Mundial de Saúde - OMS, mais de 30% da população mundial sofre de dor crônica,
e 70% dessa população é feminina. Apesar disso, conforme mostra “O Paradoxo de
Eva’, as mulheres têm sido mais frequentemente encaminhadas para psicólogos ou
psiquiatras, enquanto os homens recebem testes para descartar as condições
orgânicas reais. Entre as dezenas de pesquisas do livro está: “das mais de 2.400
mulheres americanas com dor crônica entrevistadas pelo National
Pain Report, em 2014, 83% disseram ter se sentido discriminadas
pelos médicos por uma questão de gênero” http://nationalpainreport.com/women-in-pain-report-significant-gender-bias-8824696.html.
O Brasil despreza o assunto - Entre
os objetivos do projeto Dor Crônica como um todo (blog, livros, ebooks, apps,
artigos, entre outros) está o de diminuir o preconceito com relação a dor da
mulher. “A diferença de tratamento deste assunto no exterior com relação ao
Brasil é gritante. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem muitas organizações
de mulheres que produzem livros, vídeos, vão na televisão, se movimentam e
denunciam a respeito deste que não é um assunto feminista e sim feminino. No
Brasil absolutamente nada existe”, afirma Troncoso. Inclusive, o pesquisador
conta que no país foram realizados três grandes congressos sobre Dor, nos
últimos dois anos, com aproximadamente 4 mil profissionais de saúde e nenhuma
das palestras tratou do tema em questão. “Digamos que, para essa comunidade,
dores são dores assexuadas e como tais devem ser tratadas”, presume.
“O Paradoxo de Eva” mostra que
seria fundamental ser discutido e investigado no Brasil, por exemplo, que parte
da medicação para a dor comercializada funciona menos para as mulheres do que
para os homens – um fato cientificamente comprovado https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22337582.
Também teria que se investigar se algumas mulheres estão sendo, como o são em outros
países, vítimas de diagnósticos equivocados por suas doenças e dores serem
complexas, ou porque na faculdade os profissionais da saúde não são treinados
em dores femininas. “Nos perguntamos se não é ignorado para não atrair a fúria
das entidades médicas”, desafia Troncoso. Com o livro se pretende motivar
formadores de opinião a debater o assunto nas suas esferas de atuação, por ser
este um tema capaz de agregar cientistas, ativistas, mídias, entidades
governamentais e associações profissionais.
Entre as demais abordagens do
livro estão as mulheres e as doenças cardíacas; os homens serem mais
propensos a receber medicação do que as mulheres quando relatam dor; doenças
crônicas que comprovadamente as mulheres estão mais submetidas (como esclerose
múltipla, artrite reumatoide, fibromialgia, Síndrome de Sjogren, entre outras);
e a demonstração de que o viés de gênero também contamina a pesquisa com
animais (80% dos estudos de dor são realizados em roedores machos ou homens
humanos). O livro também relata que as consequências da desinformação
sobre a dor feminina por parte de pacientes e médicos ocorrem em três planos:
1) diagnósticos equivocados; 2) angústia, ansiedade e depressão nas pacientes e
impotência e frustração nos médicos; e 3) carga tributária. Um relatório da Campaign
to End Chronic Pain in Women, uma ONG americana, reportava há dez
anos que o treinamento médico inadequado em diagnosticar e tratar apenas seis
“dores femininas”, incluindo fibromialgia e Síndrome da Fadiga Crônica,
acrescentava mais de US$ 80 bilhões por ano à saúde da América. http://www.endwomenspain.org/.
O Blog (filantrópico) - Criado
em 2018, Dor Crônica – O Blog, projeto filantrópico inédito de
educação em dor no Brasil, engloba centenas de conteúdos, como uma série
de artigos com embasamento científico sobre os mais variados aspectos da dor,
entre eles: dor crônica em idosos, ansiedade em mulheres, fatos e mitos sobre a
fibromialgia. No blog são encontrados outros livros eletrônicos destinados a
profissionais da saúde e pacientes, entre as produções estão: Com Humor Dói
Menos, volumes 1 e 2; Fibromialgia, vol. 1 e 2; Entenda Porque Dói e
Estratégias de Recuperação; Educação em Dor; A Comunicação Centrada no
Paciente; A Consulta Centrada no Paciente e Recursos de Comunicação para
Profissionais da Saúde, além do mais novo ‘O Paradoxo de Eva’. Os aplicativos,
recursos inéditos para se aprender sobre a dor e como controlá-la também estão
no blog. Entre os aplicativos já foram lançados: o Jogo Alívio, com 2,5 mil
informações sobre dor; e o Pentágono, que ajuda a se livrar do estresse (e o
mais novo app Alívio Mulher). Todos os jogos/apps estão disponíveis
gratuitamente para sistemas IOS e Android. Estima-se que cerca de 50.000
pessoas já fizeram o download do Alívio. Um irresistível charme do blog são os
cartuns com vários temas de dor crônica, com imagens assinadas pelo premiado
Sebastião Xavier Lima, que muitas vezes com humor ajudam a absorver
conhecimentos. Há, ainda, vídeos que ensinam sobre a prática correta de
Pilates, dicas para lidar com a fibromialgia, o tratamento da dor mente e
corpo, entre outros. Algumas dessas produções do blog contaram com a
colaboração de vários médicos e fisioterapeutas. Muitas informações do
blog são baseadas em achados recentes da neurociência, e segundo o idealizador
do projeto, incomodam porque postulam que a dor depende também da mente e a
mente pode ser controlada não apenas com drogas e existem muitas crenças
equivocadas com relação a dor e maneira de tratá-la. “Eis uma mensagem que a
classe médica reluta em encarar”. Conforme conta o pesquisador, os relatos dos
visitantes do blog deixam evidente que há milhares de pessoas com os mais diversos
tipos de dores crônicas absolutamente desinformadas em relação ao que sentem e
desesperadas por causa da vida precária que levam.
Link do livro ‘O Paradoxo de Eva’: (https://dorcronica.blog.br/ebook-paradoxo-de-eva-1/)
Nenhum comentário:
Postar um comentário