Entender as
próprias emoções e saber regulá-las nos capacita a lidar melhor com as
dificuldades, afirma psiquiatra e especialista em aprendizagem socioemocional
Segundo ele, se uma pessoa não reconhece determinada emoção, ela
não sabe se o que está sentido é apropriado para a situação. Isso significa
conhecer os sintomas físicos e identificar os gatilhos do que nos provoca medo,
raiva ou tristeza, por exemplo. “O autoconhecimento é um pressuposto da
regulação emocional”, explica.
Outro aspecto importante do autocontrole é avaliar se a emoção que
estamos sentindo está mais ajudando ou atrapalhando. O medo, por exemplo, pode
até ter um caráter protetor. “Em um contexto como o que estamos vivendo, ter
medo da contaminação, por exemplo, ajuda a pensarmos no coletivo e tomar
atitudes preventivas. Mas, quando o medo se intensifica demais, as decisões
podem não ser as melhores. Imagine o caso de uma pessoa que vai procurar o
serviço de saúde ao primeiro espirro. Isso aumenta não só as chances de
contrair a doença, mas também de espalhar o vírus”, afirma Souza.
O autocontrole a
flexibilização cognitiva
Entre as estratégias de autocontrole, Celso Souza cita a
flexibilização cognitiva. “Ela consiste em encontrar outro pensamento, que
estrutura e reforça uma emoção mais coerente com o que estamos vivendo. É uma
maneira de perceber que muito daquilo que sentimos nasce daquilo que pensamos.”
Por exemplo, é normal uma pessoa sentir insegurança em um contexto
de pandemia, mas se os pensamentos forem “nunca mais as coisas voltarão ao
normal” ou “todo mundo vai contrair a doença”, ela pode amplificar a força da
tristeza e do desespero. Por outro lado, se focar no sentimento de coletividade
e solidariedade que está envolvendo o mundo neste momento, isso permitirá muito
melhor com a situação.
A flexibilização cognitiva ensina a encontrar pensamentos que vão
fazer com que se torne mais fácil passar por momentos de dificuldade. “É como
andar de bicicleta. No começo parece difícil, mas, com o uso frequente, vai se
tornado automático, e a pessoa adquire a capacidade de enfrentar melhor as
adversidades”, afirma.
Programa Semente
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